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Voar é um desejo que começa em criança!

sexta-feira, 31 de maio de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com notícias da Operação Taquari 2  
 O FAB em Destaque desta sexta-feira (31/05) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB) na Operação Taquari 2. Entre elas, a atuação da FAB desde o dia 30/04 em diversas frentes, com resgates e ajuda às vítimas do Rio Grande Sul; o lançamento da campanha “Todos Unidos pelo Sul!”, com recebimento de carga, donativos e distribuição e o envolvimento da Base Aérea de Canoas para o restabelecimento da malha aérea na região.

Fonte: FAB

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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Peacekeeper

Militares da Guarnição de Curitiba participam de Missão de Paz Internacional
Duas militares da Guarnição de Aeronáutica de Curitiba (GUARNAE-CT) foram selecionadas para a Missão de Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO), da Organização das Nações Unidas (ONU). A Major Dentista Letícia Lese Monteiro e a Major Farmacêutica Paula Soares Nunes, ambas do efetivo do Grupo de Saúde de Curitiba (GSAU-CT), demonstraram o profissionalismo das mulheres militares, que contribuem de forma significativa para o sucesso da missão em termos de liderança, habilidades técnicas e interação com a comunidade local. A Major Letícia atuou na missão no período de fevereiro de 2023 a fevereiro de 2024 como Militar Staff Officer da Coordenação Civil Militar na Force Intervention Brigade (FIB). “Especificamente, meu trabalho esteve relacionado às ações e à coordenação civil-militar. Participei do planejamento e execução de operações conjuntas com as Forças Armadas da República Democrática do Congo contra grupos rebeldes, visando à proteção de civis. Uma oportunidade de emprego diário dos conhecimentos adquiridos no processo de planejamento de comando e condução das operações”, explicou. “Defino como uma vivência única e transformadora. Uma experiência singular de trabalhar em um ambiente internacional com militares e civis de diversos países, possibilitando um intercâmbio profissional e cultural. Somente quando deixamos nossa zona de conforto é que podemos ampliar nossos horizontes e amadurecer pessoal e profissionalmente”, concluiu.
Já a Major Paula Soares participará da missão até fevereiro de 2025 na função de Gender Advisor, cuja responsabilidade é auxiliar no treinamento dos militares para a obtenção de informações relativas às questões de gênero e proteção de crianças. “Sinto-me muito grata pela oportunidade de trabalhar numa missão de paz da ONU, em que diariamente aprendo com militares e civis de diferentes países. Para mim, é uma honra atuar desenvolvendo planos de ação que abordam as questões de gênero, promovendo a implementação da igualdade e, dessa forma, garantindo o desenvolvimento e a implementação de políticas e estratégias”, declarou. Essa iniciativa inspira outras mulheres a seguir carreiras militares e a se envolver em operações de paz e segurança internacionais, encorajando a representatividade nas Forças Armadas.
Cabe ressaltar que a ONU, por meio da Resolução 1325 (2000), incentiva a participação das mulheres nas Missões de Paz e fomenta o equilíbrio de gênero por meio do reconhecimento de que mulheres podem e devem desempenhar papel efetivo na busca pela paz.

Dia do Peacekeeper
O Dia do Peacekeeper é celebrado internacionalmente em 29 de maio para homenagear os profissionais das missões de manutenção da paz das Nações Unidas, que dedicam suas vidas a promover a paz e a segurança em áreas de conflito ao redor do mundo. Dessa forma, o Dia do Peacekeeper é uma ocasião para reconhecer e honrar o sacrifício e o serviço desses profissionais que trabalham em condições difíceis, e muitas vezes perigosas, para ajudar a trazer paz e segurança às comunidades afetadas por conflitos. É também um momento para lembrar aqueles que perderam suas vidas enquanto serviam em missões de paz da ONU e para renovar o compromisso com os ideais de paz, cooperação e resolução pacífica de conflitos em todo o mundo.

Fotos: GUARNAE-CT

Fonte: CINDACTA II, por Suboficial Patrícia

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terça-feira, 28 de maio de 2024

Todos pelo Sul

Base Aérea de Canoas recebe primeiro voo comercial de passageiros

Medida foi adotada para retomar malha aérea comercial na região, prejudicada após a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul e fechou o Aeroporto Salgado Filho

Poucos dias após o Governo Federal anunciar a malha aérea emergencial para atender os passageiros do Rio Grande Sul, a Base Aérea de Canoas (BACO) recebeu segunda-feira (27/05/2024), o primeiro voo comercial com passageiros. Por semana, a previsão é que mais de trinta voos pousem na unidade militar. Localizada a pouco mais de dez quilômetros do Aeroporto Salgado Filho, fechado por tempo indeterminado em decorrência das enchentes que alagaram grande parte do Estado, o local de pousos e decolagens militares em Canoas é um dos nove aeródromos escolhidos pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), para absorver parte dos voos que operavam no principal aeroporto da capital gaúcha.
O Comandante da BACO, Tenente-Coronel Aviador Thiago Romanelli, ressaltou o trabalho realizado pela Base desde o acionamento em apoio à população gaúcha, com grandes envolvimentos em resgates, distribuição de mantimentos e, agora, a recepção de voos civis. “A Base Aérea de Canoas, desde o início das ações em apoio à população, tem sido fundamental e muito estratégica no Rio Grande do Sul. Nesse momento, um pequeno paliativo é trazer a mobilidade do meio aéreo para a região metropolitana de Porto Alegre. A BACO está onde o Brasil precisar e agindo da forma que o Brasil precisa. Acredito que isso resume tudo o que está acontecendo, para que a gente possa, principalmente, ajudar àqueles que precisam”, expressou.
O primeiro voo comercial que pousou na BACO saiu do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e pousou em solo gaúcho às 8h, com 173 passageiros. O desembarque foi feito no pátio e os passageiros foram embarcados em ônibus para concluir o desembarque no terminal montado em um shopping de Canoas, a cerca de 3 km da Base Aérea, local onde também será realizado o check-in e embarque de passageiros, antes de chegarem às aeronaves estacionadas no aeródromo militar. O local será administrado pela FRAPORT, responsável pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho. O Diretor de Operações da FRAPORT, Fabrício Cardoso, destacou a importância da parceria com a FAB para executar essa atividade após 23 dias do Aeroporto da capital estar inoperante devido à enchente. “A gente é muito grato por essa abertura, essa possibilidade de voltar a ligar o Rio Grande do Sul com o restante do Brasil. Acreditamos que seja uma parceria que já existia e agora só se fortalece com essa nova modalidade. Somos muito agradecidos por essa operação”, declarou.
Esse primeiro voo é muito gratificante para a gente poder vir e ajudar. Eu vim para Canoas porque nós temos uma filial em Porto Alegre e ela ficou totalmente destruída. Esperamos a água baixar para retomar e tentar reconstruir. Até para os funcionários também voltarem ao seu trabalho, ter um pouco mais de dignidade e poder reconstruir os seus lares”, disse a passageira Cintia Terra.

Trâmites necessários
Os passageiros não devem se dirigir diretamente à Base Aérea, mas para o terminal determinado pela empresa, onde passarão pelos processos de check-in, despacho de bagagens, raio-x, inspeção de pessoas e bagagens de mão, conforme exige a legislação aeroportuária. Em seguida, deverão aguardar na sala de embarque para, posteriormente, serem deslocados via terrestre à BACO. O acesso de passageiros à Base será exclusivo para aqueles que realizaram os procedimentos de embarque.

Fotos: Sargento Muller Marin / CECOMSAER

Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Gabrielle Varela

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segunda-feira, 27 de maio de 2024

Sentando a Pua!

Confira mais um texto selecionado do excelente Sentando a Pua!, que preserva e divulga a História da Aviação Militar Brasileira na Segunda Guerra Mundial. 


Histórias dos Veteranos




Quem não chora não mama!
TARQUíNIA, ITÁLIA

Passei lá também por momentos muito difíceis! Em pleno inverno, com temperaturas que chegavam até 12 graus negativos, acordávamos mais ou menos as 06:00h, ainda escuro , para irmos fazer o "pre-fligth" nos aviões P-47. Íamos das barracas até a pista a pé, caminhando em valas com gelo (água congelada), e não tínhamos sequer um agasalho! Usávamos os cobertores para nos enrolarmos neles para nos aquecermos.

Chegávamos aos aviões e eles estavam cobertos de gelo! Nós, os mecânicos dos aviões, usávamos vassouras para varrer o gelo que havia sobre as asas e o "canopy". Fazíamos o "pre-flight" às 07:00h.

A forte neblina (nevoeiro) impedia que os voos se iniciassem antes das 11:00h! O pior é que nossos vizinhos, os americanos, dos outros esquadrões começavam o "pre-flight" às 09:00h ou 09:30h!

Comentando esses fatos com o tenente Bochetti, meu amigo, ele me contou reservadamente que no almoxarifado do grupo havia grande quantidade de agasalhos próprios para serem usados pelo pessoal de pista.

Sabendo da existência desses agasalhos pedi aos nossos chefes de equipe (Queiroz, Gondim, Militino, Setta, etc.) que ponderassem junto aos nossos oficiais responsáveis, por aquela determinação, que mudassem os horários e outras coisas mais. Infelizmente todos se negaram a se dirigir ao responsável por aquelas determinações, o Cap. Av. Gibson.

Certo dia, num daqueles bem tumultuados, cheio de problemas, apareceu para fazer um voo de experiência, em meu avião, o Cap. Gibson! Assim que o avião decolou, apelei mais uma vez para o mais antigo presente na pista, não posso precisar quem, e mais uma vez ele se negou a fazer tal ponderação ao Cap. Gibson. Discuti, e disse que eu mesmo, apesar de ser um dos mais modernos (novos), iria falar sobre todos os assuntos que estavam nos afligindo. Fui alertado para que não tomasse essa iniciativa pois eu poderia ser severamente punido e quem sabe voltar até para o Brasil! Eu estava tão desesperado que resolvi assumir todos os riscos.

Assim que o Cap. Gibson pousou fui atendê-lo e vendo-me só junto dele, senti certa apreensão, não medo. Pedi-lhe permissão pois tinha alguns assuntos a conversar com ele.

Expus todo nosso problema, com todos os detalhes, porém tive antes o cuidado de lembrar-lhe que não caberia a mim, como um dos mais modernos, fazer-lhe tais reivindicações.

Ouviu-me muito atentamente, e demonstrando grande surpresa, pois jamais tinha sido notificado de tais anormalidades. Para minha surpresa, ao invés de me repreender, pediu-me: "Sargento João, o que você sugere para melhorar essa situação?"

Falei: "Cap. Gibson, se o senhor se dispuser a mudar o horário do pré-voo, a exemplo ds americanos, e a distribuir os uniformes para frio que estão no almoxarifado, mesmo sendo americanos, pelo menos até que cheguem os abrigos do Brasil, ficaríamos muito gratos."

De imediato o Cap. Gibson perguntou-me: "Sgt. João, você acha que isso vai resolver o problema do frio?" . Respondi-lhe que pelo menos minimizaria nossa situação desesperadora. Apenas educadamente, disse-me que iria estudar o problema.

Quando o Cap. Gibson se afastou da pista após todo aquele desabafo, os mais antigos (os que deveriam ter tomado aquela atitude) disseram-me: "Joãozinho, você vai ser mandado de volta para o Brasil, o Cap. Gibson é muito Caxias!"

Contei-lhes que essa não havia sido a minha impressão, achei-o bastante compreensivo e receptivo! Para minha surpresa geral, no dia seguinte após o café da manhã, foi anunciado no alto-falante existente no acampamento o seguinte aviso: "Atenção senhores mecânicos de avião e rádio-telegrafistas de voo, apresentem-se no almoxarifado do grupo."

Para espanto de todos nós, o Ten. Bochetti distribuiu a todos nós mecânicos e rádio-telegrafistas os uniformes completos para frio (americanos) constando de:

Botas de carneiro invertido
Calça e casaco de lã de carneiro interno
Boina e luvas de lã

Parecíamos esquimós!!!

Teve um final feliz a minha conversa com o Cap. Gibson, apesar do medo de todos os mais antigos que eu. Graças a Deus! Eu não suportava mais tanto sofrimento!

Fiquei gostando ainda mais do Cap. Gibson. Para ter uma ideia da consideração que ele tinha comigo, fui o primeiro a saber da decisão que ele tomou em voltar para o Brasil.

Chegou de uma missão completamente molhado, dava a impressão de que havia saído de uma piscina. Perguntei-lhe assustado: "O que houve Cap. Gibson?". Ele calmamente e demonstrando cansaço respondeu-me: "Sgt. João, vou voltar para o Brasil, isto aqui não é mais para mim! É para esses meninos novos! É preciso ter culhão preto!"

Realmente, foi a última missão que fez, regressou para o Brasil. Se eu já o admirava, passei a admirá-lo mais ainda pela sua sinceridade e honestidade!

História contada pelo Sgt. João Rodriguez Filho



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domingo, 26 de maio de 2024

Especial de Domingo

Voltamos a publicar conteúdo sobre a Aviação de Patrulha.
Boa leitura.
Bom domingo!

AVIAÇÃO DE PATRULHA

O calendário da Aeronáutica do Brasil dedica o dia 22 de maio à Aviação de Patrulha. A data relembra o 22 de maio de 1942, quando um avião B-25 da FAB efetuou ataque ao submarino italiano Barbarigo, que havia torpedeado o navio mercante brasileiro Comandante Lira, próximo ao Atol das Rocas.

Em função dos acordos assinados com os EUA, a FAB passou a receber modernos aviões, treinamento, armamento, doutrina, táticas e técnicas de emprego contra submarinos.

Passamos a patrulhar nosso litoral e as principais rotas de comboio. A partir de então, nossas perdas foram diminuindo até que os submarinos inimigos praticamente foram expulsos do Atlântico Sul próximo ao nosso litoral. O Brasil realizou vários ataques, tendo sido confirmado o afundamento do submarino alemão U -199 próximo ao litoral de Cabo Frio.

O Brasil é um país territorial e marítimo, totalmente dependente de suas rotas oceânicas para sua sobrevivência, o que exige permanente vigilância e ação de presença em águas bastante afastadas de nosso litoral somente asseguradas por uma Aviação de Patrulha moderna, eficiente e apta ao cumprimento de suas missões.

Histórico
A primeira Unidade Aérea de Patrulha que se tem registro no Brasil foi a Primeira Flotilha de Bombardeio e Patrulha, criada na Aviação Naval em 1931. O Sétimo Grupo de Aviação tem suas origens nos Grupos de Patrulha (GP), implantados em fevereiro de 1942, quase um ano após a criação do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira, esta pela absorção da Aviação Naval e da Aviação do Exército.

Durante a Segunda Guerra Mundial, devido aos ataques de submarinos alemães e italianos contra navios mercantes brasileiros, a FAB começou a empreender missões de patrulha empregando todos os meios aéreos disponíveis na época.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, a FAB possuía uma Aviação de Patrulha de mesmo nível operacional e com aviões idênticos aos empregados pela Aviação Naval da Marinha Americana.

Seguindo a nova organização da Força Aérea Brasileira, no dia 24 de março de 1947 foi criado o Sétimo Grupo de Aviação (7º GAv), sediado em Salvador, na Bahia.


O 7º Gav operou inicialmente aeronaves Lockheed PV-1 Ventura e PV-2 Harpoon, recebendo em seguida os North American B-25J Mitchell. No dia 30 de dezembro de 1958 chegaram treze aviões Lockheed P-15 Netuno para formar um Grupo Anti-Submarino, iniciando suas operações em 1959 e voando até o dia 03 de setembro de 1976.

Atualmente a Força Aérea Brasileira tem quatro esquadrões de Patrulha, que compõem o 7º GAv, todos subordinados à Segunda Força Aérea (II Fae). O objetivo é realizar missões de esclarecimento e acompanhamento do tráfego marítimo no litoral brasileiro.

O Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv - Esquadrão Orungan), sediado em Salvador, na Bahia, foi criado em 8 de novembro de 1947. O Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7ºGAv -Esquadrão Phoenix), com base em Florianópolis, em Santa Catarina, foi criado em 11 de setembro de 1981 e ativado em 15 de fevereiro de 1982.

Já o Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3º/7º GAv- Esquadrão Netuno), sediado em Belém (Pará) foi criado em 27 de setembro de 1990. Em 31 de julho de 1998, criou-se o Quarto Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (4º/7º GAv – Esquadrão Cardeal), baseado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Modernização e novos desafios
Os Esquadrões de Patrulha operam a aeronave Bandeirante. O primeiro Embraer EMB-111 Bandeirante Patrulha, designado P-95 na Força Aérea Brasileira, chegou à Base Aérea de Salvador no dia 10 de abril de 1978 sendo utilizado até hoje pelos quatro esquadrões. Para melhor cumprir a missão, as aeronaves P-95 foram modernizadas proporcionando um "upgrade" operacional, com a inserção de modernos instrumentos embarcados, substituição do radar de busca de superfície e painel de controle dos pilotos totalmente digitalizado.

A descoberta da camada do pré-sal e de novas fontes de recursos submersos ao longo de nosso litoral vem transformando a aviação de patrulha em importante elo de defesa dessas riquezas naturais na costa brasileira. Atenta a esses novos desafios que surgem a FAB incorporou à patrulha aeronaves P-3 AM Orion, dotadas de aviônicos de primeira geração.

Patrono da Aviação de Patrulha
MAJOR BRIGADEIRO-DO-AR 
DIONYSIO CERQUEIRA DE TAUNAY

Nascido no Rio de Janeiro, foi admitido na Escola Naval em abril de 1930. Foi declarado Guarda Marinha a 1 de dezembro de 1933. Guarneceu o Navio Escola Saldanha da Gama, em sua viagem inaugural Inglaterara-Brasil. Fez curso de aviador naval, tendo solado em avião De Havilland DH - 82 (Tiger Moth) em 15/09/36. Brevetado, foi servir na 2ª Esquadrilha de Adestramento Militar, onde voou Fairey Mk VIII (Gordon).

No restante de seu tempo na Marinha, voou ainda as aeronaves Wacco CSO, Wacco CJC, Focke Wulf 44J, Focke Wulf 58B e North American 46. Fez as linhas do Correio Aéreo Naval. Já no posto de capitão-tenente, ao qual fora promovido em 1 de junho de 1940, foi incluído na Força Aérea Brasileira em 20/01/41 como Capitão Aviador, com a criação do Ministério da Aeronáutica.

Serviu no Gabinete Técnico do Ministério da Aeronáutica e, com a criação do Agrupamento de Aviões de Adaptação em Fortaleza, em 1942, fez sua transição para os novos aviões que a FAB estava recebendo.

Fez o translado em voo, do EEU para o Brasil, de diversas aeronaves - A primeira como piloto e as outras como Comandante da Esquadrilha:

Vultee BT-15 - Saída de San Antonio, Texas em 23/03/42
North American AT-6C - Saída de San Antonio, Texas em 02/07/43
North American B-25J - Saída de San Antonio, Texas em 26/12/47
Lockheed P-2V-5 (P-15 na FAB) - Saída de Fresno, Califórnia em 17/12/58 comandando uma Esquadrilha de 5 aeronaves para o 1º/7º GAv-B Ae Sv.

Como Capitão serviu no 2º Grupamento de Patrulha na Unidade Volante da Base Aérea do Galeão, onde voou Lockheed A28A (Hudson) e Consolidated PBY-5 (Catalina).

Em 22 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália e o 2º Grupo de Patrulha foi das primeiras unidades da FAB a executar missões sobre o Atlântico. O Capitão-Aviador TAUNAY voou 67 missões de Patrulha em aeronaves A-28A Hudson e PBY-5 Catalina.Seu batismo de fogo ocorreu no dia 30 de outubro de 1943, quando fazia uma missão de cobertura aérea de comboio voando um avião Catalina PBY-5. Ao avistar um submarino, ao largo de Cabo Frio, realizou ataque com bombas de profundidade e tiros de metralhadora, tendo enfrentado reação antiaérea.

O Catalina foi atingido no motor, na fuselagem e na empenagem, sendo obrigado a embandeirar a hélice direita. No evento, dois tripulantes foram feridos pelos tiros da artilharia antiaérea: 1º Mecânico 1S QAv Halley Passos e o 2º Mecânico 3S QAv Humberto Mirabelli.

O Ministro da Aeronáutica, pelo Aviso 165, de 13 de novembro de 1943, elogiou a tripulação:

"Tomando conhecimento da parte relativa ao ataque feito a um submarino inimigo, no dia 30 de outubro findo, por um avião da Unidade Volante da Base Aérea do Galeão, tenho grande satisfação em louvar o Capitão Aviador Dionysio Cerqueira de Taunay comandante do avião e sua tripulação pela bravura com que, evidenciando mais uma vez a eficiência da Força Aérea Brasileira, se conduziram no Combate travado e que resultou no afundamento do submarino." (a)Salgado Filho - Ministro da Aeronáutica.

Fontes: Agência Força Aérea e Abrapat

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sábado, 25 de maio de 2024

História

Quando um caça F5 pousou na estrada em Boa Esperança (MG)
No dia 14 de agosto de 1980, dois caças Tiger F5 da Força Aérea Brasileira (FAB) sobrevoavam Minas Gerais, quando um deles teve uma pane e fez um pouso forçado na rodovia BR625, na cidade de Boa Esperança, Sul de Minas. Os dois caças supersônicos F-5, operados pela Base Aérea de Santa Cruz (RJ), matrículas FAB 4837 e FAB 4854, voavam em missão de treinamento, quando um deles precisou realizar um pouso de emergência em uma estrada próxima. As razões da pane, presumivelmente falta de combustível, não foram esclarecidas, mas o fato é que não havia outra solução para o piloto, Tenente aviador José Carlos Gontijo.

Pouso na estrada
Assim que o piloto percebeu que sua situação não permitia alternar para um aeroporto, procurou no entorno um local para realizar um pouso de emergência. Definido o local para aterrissagem, o piloto fez os procedimentos para descida, enquanto o outro avião permaneceu em órbita, para fornecer informações para os órgãos de interesse e facilitar o trabalho para a equipe, que futuramente teria que retirar o jato dali. Já alinhado com a estrada, o piloto começa a descida quando, subitamente, na estrada surge um automóvel Fusca. O fusquinha, bege, vinha por uma das vias sem asfalto que davam acesso à rodovia BR que liga Boa Esperança e Santana da Vargem. No momento que o piloto percebeu o Fusca, não dava para tentar uma arremetida e era impossível realizar qualquer manobra para evitar o iminente impacto entre o avião e o carro. Em questão de segundos o veículo foi atingido no teto pelo trem de pouso do avião, sentindo na sequência a força do vento deslocado pela turbina, assustando o motorista. O avião não sofreu avarias e conseguiu completar o pouso. A FAB apareceu com sua equipe de solo no dia seguinte para abastecer o avião, fazer as manutenções necessárias e colocar o F-5 para decolar dali mesmo, retornando para a Base de Santa Cruz. 

Fica amassado
E como acabou o Fusca ? Outro fato curioso desta história. Diz a lenda que uma equipe da Força Aérea entrou em contato com o proprietário do carro, buscando ressarcir os danos. Para espanto de todos, a resposta do dono foi: Não ! Segundo ele, se o veículo fosse reparado, quem acreditaria na sua história? Esse mineiro ganhou um caso para contar para o resto da vida. E se alguém falasse que era história de mineiro, ele, com certeza, mostrava o fusca avariado.

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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Tecnologia Aeroespacial

FAB participa com projetos espaciais na 4ª edição da SpaceBR Show

O evento reuniu especialistas na área de tecnologia aeroespacial para debater tendências e oportunidades para o setor espacial

Entre os dias 21 e 23/05, a Força Aérea Brasileira (FAB) participou da 4ª edição do SpaceBr Show em São Paulo (SP). O evento reuniu especialistas na área de tecnologia aeroespacial para debater tendências e oportunidades regionais e globais para toda a cadeia produtiva do setor espacial, formada por empresas e instituições que atuam com veículos lançadores, satélites e na prestação de serviços em geral. Como referência no setor aeroespacial mundial, a FAB levou para a feira seus principais projetos estratégicos, como os vetores VSB-30, VS-30 bem como os satélites ITASAT-2 e SPORT.


O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, visitou a feira acompanhando por Oficiais do Alto-Comando e destacou a importância do evento para a Força Aérea Brasileira (FAB). “O mais importante que eu vejo é que de um ano para outro a evolução foi muito grande na área espacial. Isso mostra que nós, militares ligados à parte espacial, temos muito a construir com a sociedade civil, com a indústria nacional, principalmente nessa relação da tríplice hélice: o governo, a academia e a indústria”, ressaltou. A SpaceBR Show é realizada anualmente e visa mostrar o potencial de novos negócios provocados pela exploração espacial para a comunidade da América Latina. Para isso, o evento vai conectar empresas privadas, governo, universidades, institutos de pesquisa, startups, investidores e usuários das soluções que vêm do espaço.


De acordo com o Chefe da Terceira Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Brigadeiro do Ar Rodrigo Alvim de Oliveira, é de suma importância o envolvimento da FAB no Programa Espacial Brasileiro. “A complementaridade entre as ações civis e as ações de defesa são fundamentais para o sucesso do Programa Espacial Brasileiro. A FAB tem a liderança em algumas áreas, como o lançamento, o próprio desenvolvimento de veículos lançadores e controle espacial. E a iniciativa civil tem a liderança em outros aspectos como a produção de satélites, a pesquisa e a inovação”, salientou.

Fotos: Tenentes Alana e Marina/ CECOMSAER


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quinta-feira, 23 de maio de 2024

Embraer

Eve Air Mobility e Saudia Technic assinam MoA para explorar atividades de MRO e remontagem do eVTOL na Arábia Saudita
A Eve Air Mobility e a Saudia Technic, líder em serviços de Manutenção, Reparo e Revisão Geral de Aeronaves (MRO) no Oriente Médio, anunciaram em 21/5/2024 a assinatura de um Memorando de Acordo (MoA) durante a terceira edição do Future Aviation Forum, realizado em Riad. O MoA busca explorar a potencial demanda para atividades de MRO para as aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL) na região. O acordo também inclui treinamento em MRO para eVTOLs e avaliação dos requisitos de infraestrutura e processos para uma possível remontagem das aeronaves da Eve na Arábia Saudita. "Estamos muito satisfeitos em colaborar com a Saudia Technic, uma parceria que vai impulsionar a introdução e expansão das operações de eVTOL no Oriente Médio", afirma Johann Bordais, CEO da Eve. "Este MoA nos dá a oportunidade de não apenas avaliar as atividades de MRO - fundamentais para garantir segurança, confiabilidade e rentabilidade - mas também endereçar os desafios logísticos para entregar nosso eVTOL aos nossos clientes da região". Fahd Cynndy, CEO da Saudia Technic, destaca que a colaboração com a Eve é um marco importante em sua busca por inovação. "Esse acordo se alinha perfeitamente à Visão Saudita 2030, com o objetivo de consolidar a Saudia Technic e a Eve como referências no setor de mobilidade aérea na Arábia Saudita e em todo o Oriente Médio. Ao adotar tecnologias de ponta e incorporá-las de maneira integrada às operações, estamos definindo um novo padrão para a excelência em aviação na região", enfatiza. Durante a cerimônia de assinatura no evento, Ramy Nasralla, Diretor Comercial da Saudia Technic, ressaltou o alinhamento estratégico com a Eve, bem como a visão e estratégia nacional de aviação da Saudia Technic. Ele destacou o impacto transformador da abordagem MRO++, que moderniza as práticas de manutenção com uma solução completa que abrange todos os aspectos da manutenção de aeronaves. Por meio de iniciativas como a ST Nova™, a Saudia Technic amplia suas capacidades de serviço e abre caminho para futuras inovações. Nasralla enfatizou o duplo '+' em MRO++, simbolizando o compromisso com a integração global e as aspirações de expansão regional e global da Saudia Technic, posicionando-se como um importante player no cenário internacional de MRO. No ano passado, a Eve revelou que sua primeira fábrica de eVTOL será estabelecida na cidade de Taubaté, em São Paulo. Com cartas de intenção para quase 3.000 eVTOLs, a Eve está preparada para liderar a indústria global de Mobilidade Aérea Avançada (AAM). Além do desenvolvimento do eVTOL, a Eve tem se dedicado à criação de um portfólio de soluções para oferecer suporte integral aos seus clientes desde o início das operações. Isso inclui desde serviços de manutenção até a otimização das operações com o Vector, o software de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM) concebido pela Eve. O Vector foi projetado para enfrentar de maneira segura os desafios singulares do tráfego aéreo urbano e da gestão das operações atuais e futuras de AAM, com foco nos operadores de frota e vertiportos, bem como nos futuros provedores de serviço para AAM, incluindo os Provedores de Serviço de Navegação Aérea (ANSPs).

Fonte: Embraer

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quarta-feira, 22 de maio de 2024

Datas Especiais

FAB celebra Dia da Aviação de Patrulha

Esquadrões Orungan (1°/7° GAV), Phoenix (2°/7° GAV) e Netuno (3°/7° GAV) compõem a Aviação de Patrulha da FAB

A missão das tripulações que integram a Aviação de Patrulha, que em 22 de maio comemora sua data, é vigiar, 24 horas por dia, uma área de aproximadamente 13,5 milhões de quilômetros quadrados. Hoje, os Esquadrões Orungan (1°/7° GAV), sediado na Base Aérea de Santa Cruz (RJ); Phoenix (2°/7° GAV), sediado na Base Aérea de Canoas (RS); e Netuno (3°/7° GAV), sediado na Base Aérea de Belém (PA), compõem a Aviação de Patrulha da FAB.
Dois tipos de aeronaves são operadas: P-95 Bandeirulha e P-3AM Orion. Esses aviões destacam-se por possuir características específicas, tais como longo alcance e grande autonomia. Além disso, empregam modernos sensores capazes de ampliar as capacidades de seus tripulantes na proteção de nossas riquezas. Rotineiramente, os Esquadrões de Patrulha são engajados, entre outras ações, em missões de acompanhamento do tráfego marítimo no litoral brasileiro, fiscalização contra a pesca ilegal e contra a exploração da biodiversidade, além de coibir a poluição das águas jurisdicionais brasileiras e realizar a vigilância para inibir o contrabando e demais crimes transfronteiriços realizados no meio marítimo. 
Todos os Esquadrões de Patrulha são capazes de realizar as Ações de Patrulha Marítima (PATMAR), Busca e Salvamento (SAR), Controle Aéreo Avançado (CAA), Posto de Comunicação Aeroespacial (P Com-Aepc) e Reconhecimento Aeroespacial (Rec Aepc). Contudo, somente o mais antigo deles, o Esquadrão Orungan, possui os meios necessários para realizar a Ação de Antissubmarino (AS), a qual se destina a buscar, detectar, identificar, acompanhar e neutralizar ou destruir submarinos inimigos.
O Esquadrão Phoenix, devido à sua localização, especializou-se em realizar missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), não somente nas fronteiras marítimas no sul do país, como também na parte terrestre, garantindo a proteção e a integridade territorial do país. Já o Esquadrão Netuno tem como objetivo principal o patrulhamento do litoral norte do Brasil, protegendo e vigiando as áreas marítimas dentro do território nacional. Também é responsável por liberar as áreas marítimas para a descida dos foguetes lançados pelo Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) ou pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), alertando as embarcações próximas sobre o procedimento a ser realizado.

História
O nascimento da Aviação de Patrulha ocorreu em 1942, quando o país se tornou alvo de sucessivos afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães e italianos. O Dia da Aviação de Patrulha é então celebrado em 22 de maio por um fato marcante ocorrido naquele ano. A data lembra a ação de pilotos brasileiros em meio à Segunda Guerra Mundial, quando atacaram, a bordo de uma aeronave B-25 Mitchell, o submarino italiano Barbarigo, que, quatro dias antes, havia lançado torpedos contra o navio mercante brasileiro Comandante Lyra. 

Fonte: FAB

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terça-feira, 21 de maio de 2024

AMAB

Saint Exupéry em Ubatuba

AMAB
A Associação Memória da Aéropostale no Brasil é uma associação sem fins lucrativos cujo principal objetivo é realizar o inventário dos vestígios materiais e imateriais da antiga companhia de correio aéreo francesa (1918-1933), Latécoère-Aéropostale, nas 11 escalas que foram instaladas na costa brasileira. A AMAB apoia projetos relativos à memória franco-brasileira como exposições, eventos, manifestações culturais sobre o tema dos primórdios da aviação civil.

Visite o canal: AMAB

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Videoteca Ninja

Varig anos 60:
Pedro Álvares Cabral


Filme de 1967, foi censurado em Portugal pela ditadura de Salazar. A intenção da Varig era se contrapor às investidas da Air France - que estava ganhando uma fatia cada vez maior dos voos internacionais. Na época, o Departamento de Propaganda da Varig, tendo a frente Ivan Siqueira, criou a campanha em desenho animado com: Pedro Álvares Cabral, Sherlock Holmes e Dom Quixote. Sua meta era atingir: Portugal, Inglaterra e Espanha. "Sherlock Holmes" e "Dom Quixote" seriam veiculados apenas no Brasil, mas "Pedro Álvares Cabral" entraria em Portugal. O público alvo seria a colônia portuguesa que aqui residia e seus parentes e amigos que ficaram na Europa. A censura portuguesa retirou o comercial do ar, alegando que a Varig ofendia a personalidade histórica de Pedro Álvares Cabral. Mas, circulava a informação de que a TAP teria pressionado o Governo de Salazar a retirar o comercial do ar, para afastar a concorrente.

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domingo, 19 de maio de 2024

Especial de Domingo

O conteúdo que novamente publicamos ressalta os esforços de Marcos Evangelista da Costa Vilella Junior, um brasileiro que há mais de um século mostrou a possibilidade técnica de se produzir aviões no país. Seus esforços não encontraram eco naquele instante. Um bom exemplo para estudar, sempre que algumas dificuldades impeçam a realização de nossos projetos. Em toda atividade humana nem sempre os frutos são colhidos de imediato, mas, um dia, eles aparecem.
Boa leitura.
Bom domingo!

O Aribu e o Alagoas

Em 1911, na fábrica de Cartuchos e Artefatos de Guerra do Exército, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, o alagoano e então tenente Marcos Evangelista da Costa Vilella Junior começava seus trabalhos de construção de um avião. Um ano mais tarde, Vilella, solicitou apoio ao então ministro da Guerra, Vespasiano de Albuquerque, que o negou.

Em 1917 voou o aparelho Aribu, projetado e construído pelo Tenente Villela Junior.
Fonte: Arquivo Carlos Dufriche

A falta de apoio oficial não desanimou o Tenente, que, paciente e obstinadamente enfrentou a carência de recursos, levando adiante seu projeto de construção de um avião construído com materiais nacionais. Seis anos mais tarde, ele concluía e voava com êxito em seu primeiro avião: o Aribu. O aparelho era um monoplano construído com material nacional, exceto o motor, de 50 cavalos, importado da França. A estrutura era de madeira e a cobertura de tela. A hélice fora desenhada e construída por Vilella, empregando madeira nacional.

O Tenente Marcos Evangelista Vilella Jr que projetou aviões em 1917 e 1918.

Ainda em 1917, Vilella iniciou a construção de um segundo aparelho, batizado Alagoas. Era um avião consideravelmente mais desenvolvido do que o Aribu. Aproveitando a fuselagem de um avião Bleriot, Vilella projetou as asas e hélices e dotou o aparelho de um motor Luckt, importado, de 80 cavalos. Contando, desta vez, com recursos do Ministério da Guerra, Vilella concluiu mais rapidamente o aparelho. Em novembro de 1918, apresentou-o às autoridades militares e à imprensa, realizando um voo de demonstração no Campos dos Afonsos. O avião elevou-se a cerca de 800 metros de altura e voou suavemente.

Em novembro de 1918 voou com sucessoo aparelho Alagoas, projetado e construído pelo Tenente Marcos Vilella Jr.

O ministro da Guerra, Caetano Faria, assistiu à exibição acompanhado dos generais Mendes de Moraes e Andrade Neves, respectivamente, diretor de Material Bélico e chefe da fábrica de cartuchos. O voo teve repercussão na imprensa. As experiências do Alagoas demonstravam claramente a viabilidade técnica da construção de aviões no Brasil, empregando materiais nacionais. Contudo, não tiveram continuidade. Nem mesmo o impacto da Primeira Guerra Mundial e o papel destacado do avião como arma de guerra sensibilizaram a cúpula do Exército para a criação da arma da aviação, que surgiu mais tarde, em 1927. Se não havia interesse na constituição da arma da aviação, menos ainda havia no desenvolvimento de aeronaves brasileiras.

Fonte: Vencendo o Azul

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sábado, 18 de maio de 2024

Exposição

FAB participa de feira SC Expo Defense em Florianópolis

A feira tem como objetivo reunir especialistas e profissionais no campo da segurança e defesa

A cidade de Florianópolis (SC) sediou a Edição Especial da Expo Defense - Feira de Tecnologias e Produtos de Defesa, realizada e promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC). O evento foi realizado nos dias 16 e 17 de maio. A feira tem como objetivo reunir especialistas e profissionais no campo da segurança e defesa, oportunizando a troca de experiências sobre as mais recentes tendências e inovações tecnológicas. A solenidade oficial de abertura contou com a participação de representantes das Forças Armadas, do Governo de Santa Catarina e empresários do setor. O Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Major-Brigadeiro do Ar Rui Chagas Mesquita, comentou sobre a importância de discutir os aspectos positivos da Indústria de Defesa de Santa Catarina e do Brasil. "Uma feira de defesa é um evento importante para o País por fornecer plataforma para empresas locais e regionais mostrarem sua capacidade na área de defesa, promover cooperação com os nossos parceiros internacionais e abrir espaço para novos projetos de desenvolvimento de bens, serviço e sistema", destacou. A programação do evento contou com as seguintes atividades: rodadas de negócios, palestras, expositores de diversas áreas de segurança, defesa e tecnologia e visitas guiadas pelo evento. No estande da FAB, o público pôde conferir o ITASAT-1 e o ITASAT-2, ambos nanossatélites em formato Cubesat 6U e 12U, apresentado por militares do Instituto Tecnológico Aeronáutico (ITA). Também estiveram presentes um representante do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), apresentando o Sistema Integrado de Fomento à Indústria Aeroespacial (SIFIAER); o projeto VSB-30 Foguete Suborbital desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), uma maquete do caça F-39 Gripen e um simulador de voo do A-29 desenvolvido pelo Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA- SJ).

Fotos: Cap Felipe / CECOMSAER

Fonte: FAB

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sexta-feira, 17 de maio de 2024

Todos pelo Sul

FAB transporta 30 toneladas em roupas de frio e cobertores para o RS
Uma aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou da Base Aérea de Brasília (BABR), na tarde de quinta-feira (16/05), para a Base Aérea de Canoas (BACO), com 30 toneladas de itens de frio, entre eles, mais de seis mil cobertores e 250 caixas com agasalhos para adultos e crianças doados por meio da campanha "Todos Unidos pelo Sul". Os "Voos do Calor Humano" são um desdobramento da campanha de arrecadação da FAB, onde serão transportadas mais de 100 toneladas de cobertores e roupas de frio, para atender à necessidade imediata da população do Rio Grande do Sul, em razão da contínua queda de temperatura na região. Todo material doado foi acondicionado em caixas que lotaram o compartimento de carga e ocuparam as poltronas da aeronave do Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) - Esquadrão Corsário. "Este é um voo humanitário que visa atender as vítimas da catástrofe no Rio Grande do Sul e, em particular com agasalhos e cobertores, já que a temperatura na região está caindo. Ficamos satisfeitos em poder participar e realizar esses voos, levando os materiais que a população do Brasil inteiro tem doado. Vamos continuar enquanto for necessário", afirmou o Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Aviador Marcos Fassarella Olivieri. O pouso na Base Aérea de Canoas está previsto para 20h30 desta quinta-feira.

Todos Unidos pelo Sul
A FAB tem atuado em diversas frentes no apoio às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. As ações iniciaram no dia 30 de abril, com resgates de pessoas ilhadas, e estendem-se a atendimentos de saúde, transporte de equipes de resgate e materiais, campanha de arrecadação de donativos, coordenação de meios aéreos e outras.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Embraer

Cientistas brasileiros do programa “Aeronave Silenciosa” da Embraer são indicados ao European Inventor Award
Os cientistas brasileiros Micael Carmo e Fernando Catalano foram selecionados pelo Escritório de Patente Europeu (EPO), como finalistas da premiação europeia de inovação, o “European Inventor Award”, em reconhecimento às suas contribuições para uma aviação sustentável. A indicação é para a categoria de países não pertencentes à Europa. A edição deste ano teve mais de 550 candidatos e o anúncio dos vencedores acontece no dia 9 de julho, em Malta. Voto popular está disponível no link: European Inventor Award (cstmapp.com) Os dois inventores representam respectivamente as equipes da Embraer e dos centros de pesquisa, coordenados pela Universidade de São Paulo (USP), que participaram dos estudos de soluções e metodologias de engenharia para o desenvolvimento de aeronaves mais silenciosas. As novas tecnologias contribuíram para reduzir o ruído da nova geração de jatos comerciais da Embraer, o E2, em 65% e a emissão de carbono por passageiro em até 25%, quando comparado com a geração anterior. A redução de emissões pode chegar a até impressionantes 85% quando abastecido com 100% combustível sustentável (SAF). Financiado por meio de uma iniciativa colaborativa entre Embraer, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o programa “Aeronave Silenciosa” foi liderado pela empresa em conjunto com outros centros de pesquisas do Brasil, Inglaterra, Alemanha e Holanda, envolvendo mais de 200 pesquisadores que geraram diversas patentes e importantes contribuições para o desenvolvimento de aeronaves mais eficientes. “É uma imensa honra para a Embraer e toda comunidade científica brasileira ser representada pelo nosso engenheiro Micael Carmo e pelo Professor Catalano, da Escola de Engenharia de São Carlos - EESC-USP. Nós acreditamos fortemente que a colaboração entre empresas e centros de pesquisas pode produzir inovações para melhorar a vida das pessoas e este programa é um grande exemplo disto”, disse Henrique Langenegger, Engenheiro-Chefe da Embraer. “Parabéns a todos que fazem a indústria aeronáutica brasileira ser globalmente respeitada por sua eficiência e sustentabilidade”. Como um dos mais prestigiados prêmios de inovação, o European Inventor Award é organizado pelo EPO para reconhecer pessoas e equipes que desenvolveram soluções para os grandes desafios da atualidade. A indicação destaca as contribuições do programa “Aeronave Silenciosa” para o desenvolvimento dos jatos E2 da Embraer, que são ideais para operações em lugares com restrição de ruídos, beneficiando as regiões aeroportuárias densamente povoadas, companhias aéreas e impactando positivamente as comunidades locais. Os finalistas são escolhidos por um júri independente que é composto por profissionais já indicados ao prêmio e que avaliam as contribuições das pesquisas para o progresso científico, desenvolvimento social e sustentável, e prosperidade econômica. Todos os inventores devem ter patentes registradas na Europa.

Os inventores
Micael Carmo é graduado em Engenharia Mecânica e mestre em Acústica. Ele atua no departamento de interiores, ruído e vibração da Embraer há mais de 20 anos e é co-inventor de sete patentes relacionadas à redução de ruído aerodinâmico. Esteve envolvido no programa “Aeronave Silenciosa” desde o início, em 2006.
Fernando Catalano possui amplo e profundo conhecimento de aerodinâmica desenvolvido por anos à pesquisa e ao ensino. Foi Professor e ex-Chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, onde iniciou atividades em 1982. Hoje ocupa o cargo de diretor da EESC-USP. Sua pesquisa se concentrou em áreas como projeto de túneis de vento, estratégias de mitigação de arrasto e refinamento da aerodinâmica das asas. Além disso, suas contribuições se estendem ao domínio da aeroacústica experimental.

Sobre o programa “Aeronave Silenciosa”
A Embraer iniciou em 2006 o programa “Aeronave Silenciosa” para estudar e avaliar a geração e propagação de ruído aeronáutico. Financiado pela FAPESP e FINEP, as principais ênfases do programa foram no ruído aerodinâmico gerado pelo fluxo de ar sobre e sob as asas, no trem de pouso e na fuselagem da aeronave, bem como nas fontes de ruído do motor e suas partes móveis. A pesquisa contou com a colaboração da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP); Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade de Brasília (UnB); Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Além disso, outras quatro instituições internacionais tiveram papel importante no projeto: Universidade de Twente, na Holanda; Imperial College e Universidade de Southampton, ambas na Inglaterra; e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), na Alemanha. O estudo foi realizado com foco na área de aeroacústica por meio de três abordagens distintas que se complementam, sendo uma frente experimental, com testes em voo e em túnel de vento, uma segunda frente onde são gerados modelos analíticos e empíricos, e uma terceira frente de aeroacústica computacional. A partir da compreensão do complexo fenômeno da geração de ruído aerodinâmico, a Embraer ajustou a geometria de partes das aeronaves, como asas, flaps, trem de pouso, entre outros e realizou ensaios em voo na Unidade Gavião Peixoto, interior de São Paulo. Microfones foram instalados em uma das extremidades da pista para registrar o ruído gerado pela aeronave durante os procedimentos de decolagem e pouso. Como resultado, o extenso programa conseguiu acelerar o conhecimento de especialistas altamente qualificados na área de acústica e combinar outras tecnologias avançadas que apoiaram o desenvolvimento de uma nova geração de aeronaves mais silenciosas, como os jatos comerciais E-Jets E2.

Sobre o European Inventor Award
O European Inventor Award (Prêmio Europeu de Inventor) é um dos prêmios de inovação mais prestigiados da Europa. Lançado pelo EPO (European Patent Office, ou Escritório Europeu de Patentes) em 2006, o prêmio homenageia indivíduos e equipes que desenvolveram soluções para alguns dos maiores desafios de nosso tempo. Os finalistas e vencedores são selecionados por um júri independente composto por ex-finalistas do prêmio. Juntos, eles examinam as propostas quanto à sua contribuição para o progresso técnico, desenvolvimento social e sustentável e prosperidade econômica. Para todos os inventores, deve ter sido concedida uma patente europeia para a sua invenção. Saiba mais aqui sobre as diversas categorias, prêmios, critérios de seleção e cerimônia transmitida ao vivo, que será realizada em 9 de julho de 2024 em Malta.

Sobre o EPO
Com 6.300 funcionários, o Escritório Europeu de Patentes (EPO) é uma das maiores instituições de serviço público na Europa. Com sede em Munique e escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, o EPO foi fundado com o objetivo de fortalecer a cooperação em patentes na Europa. Por meio do procedimento centralizado de concessão de patentes do EPO, os inventores podem obter proteção de patente de alta qualidade em até 45 países, abrangendo um mercado de cerca de 700 milhões de pessoas. O EPO também é a principal autoridade mundial em informações e busca de patentes.

Fonte: Embraer

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quarta-feira, 15 de maio de 2024

FABCast

Todos Unidos pelo Sul - Brigadeiro Daniel
A Força Aérea Brasileira (FAB) tem atuado em diversas frentes no apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. As ações iniciaram no dia 30 de abril, com resgates de pessoas ilhadas, e estendem-se a atendimentos de saúde, transporte de equipes de resgate e materiais, campanha de arrecadação de donativos, coordenação de meios aéreos, entre outros. Confira mais sobre esse trabalho nesta edição do FABCast, que entrevistou o Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), Brigadeiro do Ar Daniel Cavalcanti de Mendonça.

Imagens: CECOMSAER

Edição: Sargentos André Souza e Renata / CECOMSAER

Fonte: FAB

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terça-feira, 14 de maio de 2024

Aero - Por Trás da Aviação

Sucata de avião vira panela? Conhecendo um Ferro Velho de Aviões
Quando um avião para de voar, o que acontece com ele? Vira sucata? Vira panela? Fomos conhecer um “ferro velho” de aviões: O Supermercado de Sucatas Bim, localizado em Campinas.

O piloto Fernando De Borthole criou o Aero - Por Trás da Aviação onde apresenta os bastidores e curiosidades do tema, com uma linguagem bastante didática, leve e descontraída, o que tornou os nossos NINJAS fãs do Fernando, do portal e do canal. Visite!


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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Videoteca Ninja

Varig anos 60
Filme publicitário celebrava a rota Brasil–Japão

O Jingle da VARIG - No final dos anos 1960 a antiga VARIG inaugurava sua rota do Brasil ao Japão. Para comemorar, encomendou ao notável "jinglista" Archimedes Messina que, baseado numa lenda japonesa do século XV – na qual um pescador salva uma tartaruga e ganha a eterna juventude - fez uma adaptação genial e acabou se transformando num enorme sucesso e até hoje é um dos jingles mais tocados no Brasil em todos os tempos. A gravação ficou a cargo da Target Áudio. A produção coube a Eduardo Barros e a voz é da cantora japonesa Rosa Miyake, que naquela época fazia um sucesso enorme com o programa Imagens do Japão, da antiga Rede Record.

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domingo, 12 de maio de 2024

Especial de Domingo

Do Sentando a Pua! - que mantém viva a história da aviação militar brasileira na 2ª Guerra Mundial - selecionamos e voltamos a publicar uma das belas Histórias dos Veteranos.
Boa leitura.
Bom domingo!

O Conterrâneo


22 de abril de 1945

- 0830: decolagem de uma esquadrilha
- 0835: decolagem de outra
- 0840: decolagem de mais outra

Para nós outros, pessoal de manutenção, era um dia como outro qualquer, porém uma euforia dominava o todo e deixava transparecer nos semblantes daqueles que manuteniam os aviões do 1º Grupo de Aviação de Caça - Essa euforia nada mais era do que a satisfação do dever cumprido. Os vinte e três aviões existentes no Grupo estavam todos disponíveis. Isso significava que tínhamos afiado todas as facas com que lutariam os nossos pilotos naquele dia.

Os quatro aviões da última esquadrilha que decolara, desapareciam no horizonte, envolvidos pelas nuvens, na direção norte do aeródromo da cidade de Pisa, quando notamos, sentada num caixote, à porta do adaptado Hangar do Grupo, a figura simpática de Virgílio Prediliano de Andrade, que apesar de sua estatura mediana, mais ou menos um metro e setenta centímetros de altura, de rosto oval e bochechas gordas, olhos castanhos escuros e pálpebras grossas, mais parecia uma poita (1) devido a sua rotúndica conformação física.

Arriscamos um "Que é que há" ao aproximarmos do Prediliano, esperando apenas ser retrucado com o clássico, "nada", devido à sisudez que aparentava no momento, e no entanto fomos surpreendidos com um desabafo:

— "Ah... conterrâneo..." - e num gesto com a cabeça, sisudo, olhando firme para a formação de P-47 que desaparecia no horizonte, - complementava o seu pensamento com o conhecidíssimo sotaque arrastado de nordestino cansado:

— ... aqueles "meninos" que lá vão; quem voltará? Quem ficará para sempre? É sempre uma dúvida "conterrâneo".

— Revolta-me, às vezes, ter que cooperar para colocar os aviões no ar, e para que? Para matar esses "meninos"? Para destruir o inimigo?

— "Não, conterrâneo" - replicamos — "a nossa missão é afiar as armas com que os nossos pilotos vão desagravar a honra da Pátria ferida pelo afundamento dos nossos navios indefesos nas costas do Nordeste".

— "Sei perfeitamente, — respondeu Prediliano — Isso são apenas reflexões com meus "botões". 

Assim era o primeiro sargento Virgílio Prediliano de Andrade, chefe da equipe de Manutenção do segundo escalão, o popular "Conterrâneo" - alegre e mandão nas horas de trabalho e sisudo e taciturno quando se afastava da sua equipe como se um estado mórbido de tristeza invadisse lhe a alma.

O tratamento de "Conterrâneo" que endereçava a todos aqueles com quem convivia, apelido pelo qual ficou conhecido, tinha um sabor todo especial na sua concepção — significava "Meu Amigo". E assim, chefiava uma turma heterogênea de Sargentos, Cabos e Soldados de diferentes especialidades — mecânicos de avião, especialistas em motores, células, sistemas hidráulicos e elétricos, hélices, chapas de metais, instrumentistas etc., especialidades essas que conhecia como um verdadeiro mestre. Desde março de 1944, data em que conhecemos o "Conterrâneo", em Aguadulce, no Panamá, até aquele dia, jamais alguém o viu parado, isto é, sem estar fazendo alguma coisa. Era sempre providenciando isso e aquilo, designando turma de trabalho, Inspecionando tudo e, de vez em quando, apesar do seu corpanzil, trepado numa bancada pesquisando uma "pane" ou trocando uma "vela", quando para isso dispunha de uma equipe especializada. O homem não obstante seus quarenta e cinco anos dos quais vinte e seis de vida militar, era de um dinamismo ímpar. As suas funções de Chefe da equipe de manutenção, confundiam-se com a de "Dono do Hangar".

A maior satisfação de uma equipe de hangar é colocar o avião para fora, isto é, dar o avião que lhe foi entregue em "pane", em condições de voar.

Em operações de guerra, essa satisfação, sempre foi redobrada, mesmo porque era mais um avião para levar a destruição ao inimigo, encurtar-lhe a resistência, apressando, assim, a vitória, para o nosso breve retorno ao lar.

20 de abril de 1945. Prediliano foi chamado à presença do oficial de Manutenção, então tenente Flores, que lhe falou:

— "Prediliano, recebemos ordens para dar o máximo nestes próximos dias. Você tem três aviões no hangar. Quando saem?"

— "Hoje, seu tenente, saem dois e amanhã pela manhã; daremos, o outro" — respondeu Prediliano.

— "Muito bem – prosseguiu o tenente – agora, do acordo com as minhas anotações, temos na pista um avião para troca de cilindro e outro para revisão de duzentas horas. Quando então poderemos contar com esses aviões?".Prediliano pensou um pouco e respondeu:

— "Amanhã à tarde entregaremos todos os aviões, inclusive os dois que vêm".

— "Mas, Prediliano" - ponderou o tenente - "o pessoal já será muito "sugado" e qualquer esforço extraordinário poderá trazer graves consequências. Temos aviões bastantes para executar as missões que nos forem pedidas e minha pergunta prende-se, exclusivamente, à previsão para o caso de uma necessidade eventual".

— Oh! não "seu" tenente; eu sei. Nessa questão de pessoal não tenha cuidado. Sei "levá-los" muito bem".

De fato; "Conterrâneo" foi o maior especialista em pessoal que lá vimos. Era um líder por excelência; Sabia mandar. Sabia fazer. Sabia aproveitar o máximo do entusiasmo que dominava aquela plêiade de homens que trabalhava para colocar a jovem Força Aérea Brasileira, quando não em plano superior, mas em igualdade de condições com as veteranas Forças Aéreas Aliadas. O hangar do "Conterrâneo", como se costumava dizer, em qualquer situação e condições - instalado numa barraca de lona, como em Tarquínia, num Hangar destroçado pelos bombardeios nazistas e aproveitado para nosso uso, como no caso de Pisa, ou num Hangar.

Assim, foi que na tarde de 21 de abril "Conterrâneo" - entregou os aviões à pista, limpou e arrumou o hangar e no outro dia, deixando o pessoal da sua equipe de prontidão para qualquer eventualidade, arranjou um caixote e sentou-se à porta do seu hangar. Envolto nos seus pensamentos, não sabia, assim como nós, outros, que aquele iria ser o dia decisivo para a Vitória Aliada nos campos de batalha da Itália e que ele, com a sua modéstia, não só havia contribuído para a causa aliada, mas também, para projetar, no mundo, em definitivo, o valor do aviador brasileiro.

Virgílio Prediliano
Prediliano morreu. Morreu voando. Era o seu desejo. Depois de 26 anos de serviços prestados à aviação militar do seu país, Prediliano transfere-se para a reserva remunerada no posto de segundo-tenente. Vai ter uma vida sossegada junto aos seus entes queridos; esse era o pensamento dos seus amigos. Qual, nada! Aquele homem não era de descanso. Nasceu para trabalhar e trabalhar pela aviação do Brasil. Ingressou na aviação comercial e em pouco mais de quatro anos após a guerra, desaparecia num voo entre Salvador e Vitória o indelével "Conterrâneo" Virgílio Prediliano de Andrade, mecânico de avião da então Aerovias Brasil.

Quinze vinte e dois de Abris são passados desde aquele último em que vimos Prediliano sentado à porta do hangar do 1º Grupo de Aviação de Caça em operações de guerra na Itália e mais de treze anos separam-nos do último contato pessoal. Custa-nos acreditar que ele morreu. Para nós, foi transferido para uma Unidade, bem distante, aonde não se fala de guerra fria, não se vê miséria, não se vê flagelados de guerra quente e só se fala de amor ao próximo, paz e bondade para com a humanidade, - justamente consonância com a índole do "Conterrâneo". Algumas vezes, quando chove e os estrondos do trovão fazem curvar-nos à consciência em reverência ao Todo Poderoso, ocorre-nos uma ideia infantil: comparamos o céu a um grande Hangar e no justo momento em que caem as chuvas, pensamos que São Pedro ordenou uma limpeza geral no céu e "Conterrâneo" está a movimentar as bancadas, as ferramentas, o material, etc., de um lado para outro, para conservá-los, arrumados e limpos, após um dia de trabalho intenso.

Texto escrito pelo Veterano Aloysio Guilherme de Souza em 1960 e gentilmente cedido por ele para o "Sentando a Pua!"

(1)POITA - Corpo pesado que as pequenas embarcações usam para fundear. 


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