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Voar é um desejo que começa em criança!

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Sentando a Pua!

P-47 Preservados
Na última segunda-feira, 29/1/2024, a conversa foi com o Pesquisador e Escritor Vicente Vazquez sobre os P-47 da FAB, que seguem preservados há quase 60 anos. Confira em mais este vídeo do Sentando a Pua!, site que desde 2000 vem difundindo a história do Brasil na Segunda Guerra Mundial.


Ninja-Brasil: versão para a web

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Embratur

Aumento dos voos no Brasil e na América Latina é discutido junto a Embratur na Espanha
A cidade de Madri sediou a XXVII Conferência Iberoamericana de Ministros e Empresários de Turismo (CIMET), evento que antecede a Feira Internacional de Turismo (Fitur) e reuniu autoridades e empresários espanhóis, brasileiros e de diversos países da América Latina. O foco principal da conferência foi promover o diálogo e a aproximação entre o trade europeu e latinoamericano. O encontro contou com a participação de representantes de países como Espanha, Brasil, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Cuba, México, Honduras, Guatemala e Nicarágua. A presença da diretora de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Embratur, Jaqueline Gil, destacou o envolvimento do Brasil na busca por oportunidades e parcerias no setor turístico internacional. Durante as discussões, Jaqueline Gil enfatizou a perspectiva de crescimento no turismo internacional para ambas as regiões, mencionando o aumento planejado na capacidade de assentos pela empresa aérea espanhola Iberia. A companhia pretende ampliar em 17% sua capacidade, oferecendo 3,1 milhão de assentos na rota Barajas (Madri)-América Latina, com 328 voos semanais programados entre abril e outubro de 2024. O anúncio representa um esforço da Iberia em superar os patamares pré-pandemia, impulsionando a conectividade entre os dois continentes. No entanto, é importante notar que a expansão da capacidade de assentos não está limitada à Iberia, com outras companhias aéreas europeias também demonstrando interesse no mercado latinoamericano, especialmente no Brasil. A participação do Ministério do Turismo (MTur) reforça o comprometimento do Brasil em participar ativamente dessas iniciativas internacionais, buscando oportunidades de crescimento e fortalecimento das relações no setor turístico. Além da CIMET, Jaqueline Gil participou de uma reunião com a Organização Mundial do Turismo (OMT), onde foram discutidos temas como a inclusão de indicadores da OMT nos levantamentos da Embratur e a criação de novos indicadores de turismo e sustentabilidade nos destinos brasileiros. A diretora expressou otimismo em relação a essa colaboração, destacando a possibilidade de implementar os novos indicadores como projeto piloto em destinos brasileiros ainda este ano.

Fonte: AEROIN / Com informações da Embratur

Ninja-Brasil: versão para a web

domingo, 28 de janeiro de 2024

Especial de Domingo

Voltamos a publicar excelente conteúdo sobre o Syndicato Condor.
Boa leitura.
Bom domingo!

NAS ASAS DO CONDOR
A primeira empresa aérea de origem alemã a operar no Brasil foi o Sindikat Condor, - nacionalizada em 1/12/1927 sob o nome Syndicato Condor Ltda., trocado em 19/8/1941 para Serviços Aéreos Condor Ltda. e em 16/1/1943 para Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Ltda. -, cujo voo experimental foi em novembro de 1926, com um hidroavião alemão Dornier Wal, ligando Buenos Aires ao Rio de Janeiro.

Em janeiro de 1927 foi inaugurada a sua primeira linha regular (Rio de Janeiro-Porto Alegre-Rio de Janeiro), com escalas em Santos, Paranaguá/PR, São Francisco/SC e Florianópolis/SC. Dois anos depois, em 11/1/1929, o terceiro hidroavião da linha, o Bartholomeu de Gusmão (do tipo Dornier Wal, com prefixo P-BADA, que havia chegado ao Brasil em 1927), acidentou-se em Santos, sendo destruído por um incêndio. 

Içamento do Taifun a bordo do navio Westfalen, na costa da África Foto: Lufthansa

A rota bissemanal Rio de Janeiro/Porto Alegre já utilizava o hidroavião trimotor Junkers G-24. Durante a II Guerra Mundial, em 16/1/1943, a empresa (ligada à alemã Lufthansa) foi nacionalizada e passou a se chamar Cruzeiro do Sul, sendo mais tarde incorporada pela Varig. 

Alemanha/Argentina, via Santos
Em 3/2/1934, começou em Stuttgart, na Alemanha um memorável voo que em 66h12 cobriria a rota atlântica até Buenos Aires (13.283 km), passando por Barcelona e Sevilha (Espanha), Vila Cisneros (Sahara Ocidental) e Bathurst (Gâmbia Inglesa), Natal, Recife, Salvador, Caravelas, Rio de Janeiro, Santos, Florianópolis, Porto Alegre, Rio Grande, e ainda por Montevidéu e Buenos Aires.

A bordo do Westfalen, oficial controla a catapulta que lançará o Taifun Foto: Lufthansa

O primeiro voo transoceânico do mundo, em vez de ligar Europa e América do Norte como muitos poderiam supor, foi portanto o T.O.1 da atual Lufthansa (T.O. significando transoceânico). Esse voo foi também a primeira linha aérea postal da História da Aviação. O voo T.O.1/Sul decolou na madrugada de 3/3/1934, com 37,53 kg de correspondência, do aeroporto de Stuttgart. Um avião monomotor (de 600 HP) Henkel HE-70 Blitz, a mais veloz aeronave da época (370 Km/h), tendo como tripulantes o comandante Robert Untucht e o rádio-operador Karl Kirchhoff, dirigiu-se à cidade de Sevilha fazendo escala em Barcelona.

O Taifun, logo após ser catapultado do navio Westphalen em Bathurst,  na costa africana, em direção ao Brasil Foto: Lufthansa

Iniciando o revezamento de aviões, em Sevilha a mala postal foi transferida para o trimotor Junkers JU-52 Zephyr prefixo D-2526, que decolou imediatamente, foi reabastecido em Las Palmas, e seguiu para a Gâmbia Britânica, descendo em Bathurst, no estuário do rio Gâmbia, porto da então colônia britânica. Já estava ancorado ali o navio-catapulta alemão Westfalen, com dois hidroaviões bimotores Dornier Wal DO-18: o Passat (prefixo D-2068) e o Taifun (prefixo D-2399 - D-AKER). Um mensageiro levou a mala postal do aeródromo ao porto, onde foi colocada no porão do Taifun. O navio levantou âncora, rumando para uma posição denominada "Meio do Oceano", no Atlântico Sul. Ao raiar do dia 7 (eram 4 horas da manhã, pelo tempo médio de Greenwich - GMT), o Taifun foi lançado pela catapulta do Westfalen, tendo nos controles o comandante Joaquim Blankenburg, o co-piloto Walter Blume, o mecânico de voo Otto Gruschwitz e o rádio-operador Guenther Fechner.

Vista interna da cabine de comando do Taifun Foto: Lufthansa

O aparelho tinha 23,2 m de envergadura das asas, 18,2 m de comprimento e raio de alcance de 2 mil km, voando a 225 km/hora. Contou o precursor Rudolf Cramer von Clausbruch que na decolagem catapultada, o avião era colocado nos trilhos, a bordo do navio: "Ele era impulsionado por pressão produzida pelas máquinas do navio. A tripulação nos seus lugares dava partida nos motores, verificava as pressões, rotações e temperaturas. Se tudo estava bem, os motores eram atacados até o máximo da potência. Assim eles ficavam quase um minuto. Então o piloto apertava um botão, interruptor elétrico, que disparava o avião no ar. A pressão nas costas era tremenda. O assento tinha umas almofadas grossas para proteger as costas. Assim mesmo eu sofri danos na coluna e fui parar no hospital. Em pouco mais de um segundo a velocidade ia de zero a 150 km/h, pois quando os trilhos acabavam já precisava ter velocidade de voo." Na época, não havia dispositivos automáticos para manter o curso ou altitude de uma aeronave. Mesmo o voo noturno ou voo cego (hoje chamado de voo por instrumentos) estava nos primeiros rudimentos. Toda a tecnologia, aliás, era muito precária, sendo comuns as panes seguidas.

O Taifun, sobre o Oceano Atlântico, recorrendo ao efeito solo Foto: Lufthansa

Os voos eram então realizados manualmente, exigindo horas e horas de extrema concentração e resistência física, principalmente pelo fato de que tais voos transoceânicos se realizavam a poucos metros sobre as ondas (nessas viagens, lançava-se mão de um procedimento, fruto de descoberta do comandante von Clausbruch durante a fase de experiência que antecedeu esse voo inaugural: o efeito solo, hoje conhecido pelo mais inexperiente dos pilotos: o adensamento do ar sob as asas quando uma aeronave voa a baixa altura - uns 10 metros - sobre o mar: com o aumento da densidade do ar, aumenta também a sustentação da aeronave, o que se traduz em ganho de velocidade, maior economia de combustível e, portanto, maior raio de alcance). O voo transcorreu sem incidentes. Otto Gruschwitz subia seguidamente à gôndola que abrigava os dois motores BMW VI-U de 680 HP para conferir seu desempenho. Enquanto isso, Guenther Fechner se mantinha contato, via rádios, com o Westfalen, obtendo pontos fixos de referência com seu radiogoniômetro, através de emissões de navios em qualquer parte do Atlântico, para verificar seguidamente a posição exata do Taifun. Instante de grande emoção foi quando Guenther percebeu, em seus fones, os primeiros sinais, quase inaudíveis, de uma estação de terra ainda muito longínqua, do Syndicato Condor. Eram cerca de 15 horas GMT quando, após 11 horas de voo, o Dedo de Deus - um pico de basalto que é o marco da Ilha Fernando de Noronha - foi avistado. Enquanto o comandante Blankenburg fazia uma curva sobre a ilha, um segundo hidroavião Wal deslizava numa baía protegida das ondas oceânicas: o Monsun, prefixo D-2069, comandado por Rudolf Cramer von Clausbruch que, partindo de Natal, vinha ao encontro do primeiro avião que cruzava o Atlântico Sul, com o intuito de acompanhá-o em seus últimos 400 km de voo até o continente brasileiro. Após 14h10 de voo sobre o mar, o Taifun pousou às 17h05 GMT nas águas calmas do Rio Potengi, em Natal, e 20 minutos depois a viagem prosseguiu rumo ao Sul no PP-CAN Tietê, um pequeno avião Junkers W-34 monomotor de 630 HP, que viajava a 175 Km/h em velocidade de cruzeiro e transportava nos tanques 700 litros de gasolina, suficientes para 5h50 de voo.

O Taifun permaneceu a serviço na Lufthansa de 1931 a 1935 Foto: Lufthansa

Mais 15 latas de 18 litros de gasolina cada uma foram transportadas na cabine de passageiros e o mecânico alemão Hermann Altralth fez um ajuste que permitia à tripulação reabastecer o avião com essas latas em pleno voo, aumentando assim a autonomia do aparelho. Esse detalhe do combustível extra foi responsável por um susto no pessoal de terra do Rio de Janeiro: por desconhecer esse arranjo, e sabendo que o Tietê já tinha ultrapassado bastante sua autonomia máxima de 5h50 e não tinha feito escala para reabastecimento em Vitória/ES, os cariocas imaginavam que o aparelho tivesse feito pouso forçado por pane ou falta de combustível. Porém, 7h45 após a decolagem de Salvador, o aparelho pousou suavemente nas águas próximas ao Caju, na Baía de Guanabara. Conta o piloto catarinense Auderico Silvério dos Santos que o hidroavião partiu em direção ao Recife, tripulado por ele, pelo mecânico Altralth e por Guilherme Mertens (comandante do voo), voando baixo por não dispor de instrumentos e para evitar ventos contrários fortes. Após a entrega da mala postal pernambucana, rumou para Salvador, enfrentando a falta de visibilidade causada pela chuva e pela chegada da noite, passou sobre Maceió e chegou a Salvador às 2h00 GMT, onde pousou numa raia de 600 metros em Itapagipe, iluminada com tochas sobrepostas em pedaços de madeira com cortiça, intercaladas de 50 em 50 metros. Feito o reabastecimento total na capital baiana, o Tietê rumou direto para o Rio de Janeiro, de onde - após o novo reabastecimento - prosseguiu viagem para Santos, onde pousou em 8/2 (às 19h30 GMT) para deixar o correio europeu. Quinze minutos depois, já com a noite chegando, o hidroavião decolou das águas defronte à praia José Menino, em direção à então chuvosa Florianópolis, via Paranaguá, chegando quase seis horas depois à capital catarinense. A viagem prosseguiu para Porto Alegre, Rio Grande, Montevidéu e Buenos Aires, aonde chegou na noite de 9/2/1934, completando em 26h51 sua participação de 4.650 km nesse histórico voo transatlântico. Curiosamente, embora bastante citado na imprensa sulamericana e européia, sendo destacado nas primeiras páginas dos principais jornais argentinos, esse feito não teve qualquer divulgação no Brasil e nem sequer está registrado nos arquivos do Ministério da Aeronáutica.

O Junkers W34/See, PP-CAN Tietê, do Syndicato Condor, e sua tripulação

A viagem T.O.1/Norte começou em território brasileiro com o W-34 Tibagy PP-CAO, tripulado pelo comandante Erler, o mecânico de voo Kleinat e o rádio-operador Pascini. De Natal, o Taifun partiu em 9/2 para o encontro do navio Westfalen na posição Meio do Atlântico, sendo levado para bordo, inspecionado e reabastecido. Partiu catapultado do navio em direção a Bathurst, onde sua mala postal foi transferida para o trimotor JU-52 Zephyr, que em Larache (após escala em Las Palmas) repassou o correio para o Blitz completar a viagem inaugural até Stuttgart, onde aterrissou no dia 12/2, às 14h16 pelo horário GMT. Comentário da Lufthansa: "Completava-se, assim, o voo T.O.1 de ida e volta sem qualquer incidente. E rigorosamente no horário". A partir de então, começaram os voos regulares entre a Alemanha e a América do Sul: a viagem 2/Sul começou em Stuttgart a 17/2, a terceira a 4/3/1934. Entre 30/5 e 6/7, os serviços com aviões foram interrompidos para melhoramentos no aparelho de catapultagem do Westfalen, sendo em parte substituídos pelo dirigível Graf Zeppelin. Naquele ano, a empresa completaria 23 voos semanais. Com bastante lucro (uns 35 mil marcos por voo), apesar dos custos elevados: em 1934, uma carta com até 5 gramas, da Alemanha para a América do Sul, custava 1,75 marco. Cada voo transportava em média 100 kg de cartas (nos anos seguintes, tornaram-se rotina 400 a 500 kg por voo).

Anúncio da Condor-Lufthansa em Santos , em 1938 Imagem: reprodução do jornal santista A Tribuna, edição de 6 de abril de 1938, pág. 16

Cooperação Brasil-Alemanha data de 1808
A cooperação Alemanha-Brasil já era proposta por D. João VI, que em 1820 exortava "aos diversos povos da Alemanha e de outros países" a emigrar para sua colônia predileta. E os alemães começaram a emigrar. Já estavam no Brasil quando da Abertura dos Portos de 1808 e desde então, até 1850, fundaram, além da colônia de Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, a de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A partir de 1850, foram se instalando em Santa Catarina. Em 1853, a criação da província do Paraná provocou a entrada de novos imigrantes.

Ao todo, de 1884 a 1933, foi registrada a imigração de 154.402 alemães que, com as famílias que aqui constituíram e com os filhos que aqui tiveram, chegaram mesmo a dar, a grandes extensões do país, um perfil turístico e humano bem característico. Desde o início dessa imigração, começou a produção de mercadorias de todos os tipos, principalmente para atender aos colonos (notadamente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul): fábricas de tijolos, serrarias, cervejarias, engenhos de açúcar etc. Tratava-se, em geral, de empresas de pequeno porte, com até 5 empregados.

A falta de infraestrutura não permitiu a ampliação de tais iniciativas, nem sequer o envio de seus produtos para outros Estados. As principais tentativas, ainda sob o reinado de D. João VI - e com o auxílio de técnicos alemães como Varhagen, von Eschwege e Schuech -, de implantar uma indústria siderúrgica nos estados de São Paulo e Minas Gerais, fracassaram devido à debilidade, na época, do mercado consumidor.

A industrialização brasileira começou no ramo têxtil. Iniciou-se a plantação de algodão, e uma indústria têxtil nacional, à base de produção mecanizada, principalmente com tecnologia alemã, passou a desenvolver-se continuamente na segunda metade do século XIX. Enquanto em 1850 existiam apenas cerca de 50 empreendimentos industriais em todo o Brasil, em 1890 já havia 640 fábricas com 35 mil operários, a grande maria localizadas no Sul.

No final do século XIX, o comércio teve, até o início da Primeira Guerra Mundial, expansão nunca antes experimentada. Surgiram grandes casas comerciais, em quase todas as capitais, indicando sua origem alemã. Ao mesmo tempo, ocorreu o boom do café, base financeira para o grande surto de industrialização. O "rei do café" era, até o início da Primeira Guerra, Francisco Schmidt que, começando como simples operário, tornou-se proprietário de 30 fazendas, com 8 milhões de pés de café. O maior exportador de café em Santos, e o segundo no Rio de Janeiro, era a firma Theodor Wille. A partir de 1906, vigorava o Convênio de Taubaté, pelo qual o Governo brasileiro interviria no mercado para comprar os excedentes de forma a manter o equilíbrio entre a oferta e a procura do café. O financiamento destas compras seria feito com empréstimos estrangeiros e a Theodor Wille foi incumbida da realização técnica desse projeto. Contou ela, para isso, com um consórcio de bancos, entre eles o Deutsche Bank.

Em 3 de março de 1916, na então capital (o Rio de Janeiro), foi fundada a União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras, antecessora da atual Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. No ano seguinte, já contava com 140 membros. Entre as duas Guerras Mundiais, e muito especialmente após 1930, deflagrou-se no Brasil o primeiro grande período de progresso industrial. Número considerável de imigrantes italianos e alemães fundavam empresas pequenas que se desenvolviam constantemente através do reinvestimento constante dos lucros, chegando a se tornar grandes grupos empresariais. Exemplo disso ocorreu especificamente na indústria têxtil: um centro de indústria têxtil surgiu em Santa Catarina, fundada e dirigida por imigrantes alemães, que, com dedicação e persistência, conseguiram figurar entre as mais importantes do Brasil.

É exatamente nesse panorama histórico de desenvolvimento e integração entre brasileiros e alemães que chega ao Brasil, em 1934, a aeronave Taifun, em seu histórico voo transatlântico. A partir de 1950, o país recebeu novo impulso, através de programas governamentais voltados para a dinamização de diversos ramos da indústria: automobilística, naval, mecânica pesada, eletrônica etc., com a expressiva presença da indústria alemã, tanto através de iniciativas próprias como na forma de participações técnicas e financeiras em empresas já existentes, em indústrias de base e de bens de consumo. No final do século XX, a Alemanha figurava como o segundo parceiro mais importante do Brasil.

O hidroavião Atlântico, que passou por Santos em 1927,  a caminho de Porto Alegre, onde daria início à Varig  Foto: Lufthansa

Condor e Varig
O Condor Syndikat, nacionalizado em 1/12/1927 sob o nome Syndicato Condor Ltda., além de abrir caminho para as atividades da Lufthansa na América do Sul, também teve papel decisivo na fundação da companhia aérea brasileira S.A. Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), em 7/5/1927 - de cujo capital participou com 21%, o valor do avião Dornier Wal Atlântico (prefixo P-BAAA).

Hidroavião Dornier Wal P-BADA Bartholomeu de Gusmão, do Syndicato Condor, incendiou-se em Santos em 11/1/1929

O hidroavião monomotor Dornier Merkur Gaúcho (P-BAAB) foi transferido à Varig em 6/2/1928, e em 10/5 desse ano o Condor propõe sua fusão com a empresa gaúcha, assumindo assim a Varig. Em meados de 1930, retirou-se da sociedade. Mais tarde, já com o nome de Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, teve seu controle assumido pela Fundação Rubem Berta em 22/5/1975. Aliás, tal fundação, controladora da Varig, tem seu nome em homenagem a Ruben Martin Berta, primeiro auxiliar do alemão Otto Ernst Meyer-Labastille (o idealizador e fundador da Varig). Ruben foi empregado no mesmo dia 2/2/1927 do primeiro voo experimental da Varig com o avião Atlântico - que tinha chegado a Porto Alegre dias antes, procedente do Rio de Janeiro (com escalas em Santos, São Francisco do Sul e Florianópolis).

Fonte: www.dornier-wal.com

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sábado, 27 de janeiro de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 19 a 25 de janeiro
O FAB em Destaque desta semana traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB), de 19 a 25 de janeiro. Entre elas, destacamos o lançamento da Pedra Fundamental para a construção do novo campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Fortaleza (CE), as ações da FAB em conjunto com a Polícia Federal (PF) no combate ao garimpo ilegal, bem como a atuação da Força Aérea no lançamento de cestas de alimentos na Terra Indígena Yanomami, por meio do Comando Operacional Conjunto Catrimani. Esta edição traz ainda a evacuação aeromédica de um tripulante turco, embarcado em um navio localizado na costa de Pernambuco e também as atividades da FAB e da PF na Operação Ponte Aérea.

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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Aeronaves

Bücker Bü 131
Após a Primeira Guerra Mundial a Alemanha ficou proibida, pelo tratado de Versalhes, de projetar, construir e operar aeronaves militares. Mesmo assim, na década de 30, um ex-piloto da Marinha Imperial Alemã, Carl Clemens Bücker, também um dos fundadores da indústria aeronáutica da Suécia (SAAB), desenvolveu o projeto de um novo avião de treinamento (e um excelente modelo para acrobacia aérea) o Bücker Jungmann(Jovem). O Bücker Bü 131 foi o primeiro projeto da Bücker Flugzeugbau GmbH, sediada em Johannisthal na Alemanha. Tratava-se de um biplano com dois assentos em tandem, fuselagem de estrutura metálica coberta com tela e asas de madeira, também cobertas por tela. Seu protótipo fez o primeiro voo em abril de 1934.
O modelo se tornou um dos treinadores adotados pela "renascida" Luftwaffe (Força Aérea Alemã). O avião foi utilizado pela Luftwaffe durante a Segunda Guerra Mundial dando apoio a infantaria alemã e também ataques ao solo. Foi exportado para Hungria, Romênia e Japão. No Japão, o aparelho foi produzido sob licença pelas fábricas de aviões Kokusai e Kyushu, sendo utilizado tanto pelo exército e pela marinha imperial japonesa. Seu sucesso comercial no mercado militar foi grande e logo vários países já possuíam o Bücker. No Brasil 12 exemplares foram adquiridos em maio de 1939, mas não para uso militar e sim para utilização como aeronave acrobática.

Fonte: Pioneiros do Ar

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Carreiras na Aviação

Ubatuba terá curso preparatório para exames de admissão à Aeronáutica

Aulas para homens e mulheres começam dia 4 de março de 2024

Um curso visando preparar candidatos aos exames de admissão da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) é oferecido em Ubatuba (SP). A iniciativa inédita é da Aude Cursos, com experiência em outras cidades e aprovações em concursos para escolas militares, como a EEAR, AFA (Academia da Força Aérea) e EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar). A instrução proporcionada pela Aude é uma iniciativa privada e não tem vínculo com o Comando da Aeronáutica. A Aude ministrará seus conteúdos no âmbito do Espaço Cultural Aeronáutico de Ubatuba (ESCAU), no Colégio Dominique. A preparação se destina a jovens, homens e mulheres até 23 anos, que estão no terceiro ano ou já concluíram o ensino médio. Com a instrução complementar, os alunos se capacitam para concorrerem ao ingresso na Escola de Especialistas de Aeronáutica ou outra escola de formação militar.

Ingresso na Força Aérea
O ingresso na Força Aérea Brasileira (FAB) ocorre por meio de concursos públicos. A Aude, que não tem vínculo com a FAB, oferece capacitação para que o jovem se candidate ao concurso da EEAR, ou outra escola, e realize a etapa do certame relativa à prova de conhecimentos em Matemática, Física, Inglês e Português. O aprovado nesta fase segue para as próximas, incluindo avaliações médicas, de condicionamento físico e documental. Ao fim do processo de seleção, o candidato pode se matricular na EEAR. Nesta escola, sediada em Guaratinguetá (SP), que é o maior complexo de ensino técnico aeronáutico da América Latina, o aluno estuda em tempo integral por dois anos. Receberá roupas, alimentação, alojamento, assistência médica e odontológica e uma ajuda de custo para pequenas despesas. Ao concluir o CFS – Curso de Formação de Sargentos, será declarado na graduação de terceiro-sargento e continuará sua carreira em uma unidade da FAB, em um ponto do território nacional, prestando serviços ao Comando da Aeronáutica. Na carreira, o especialista de aeronáutica terá várias promoções. Poderá, ainda, se desejar, prestar concursos internos para integrar os quadros de oficiais. A EEAR ministra instrução nas áreas de mecânica de aeronaves, controle de tráfego aéreo, meteorologia, metalurgia, segurança, cartografia, equipamentos de voo, entre outras. Em 2024, as provas do concurso de admissão acontecerão em 02 de junho e 19 de novembro.

Informações do Curso Preparatório Aude: (12) 99179-7072

Local: Colégio Dominique, rua dos Gerânios, 10, jardim Carolina, Ubatuba (SP).

Aulas: A partir de 04 de março de 2024, das 19 às 22 horas.

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Empresas Aéreas

Delta e LATAM celebram crescimento de 63% de passageiros entre EUA e Brasil
De janeiro a dezembro do último ano, o número de embarques das empresas em voos entre os países saltou de 797 mil (volume registrado em 2022) para 1,3 milhão e a sua participação combinada neste mercado (em RPK¹) passou de 27,5% em 2022 para 34,8%, segundo os dados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Os resultados reforçam o êxito da Joint Venture entre as duas empresas, iniciada em outubro de 2022. Atualmente, a Joint Venture entre LATAM e Delta Air Lines oferece uma rede de voos incomparável nas Américas com conexões para mais de 300 destinos entre EUA/Canadá e América do Sul. Graças ao acordo, a LATAM conseguiu inaugurar em agosto de 2023 a rota São Paulo – Los Angeles, a única opção direta entre o Brasil e a Costa Oeste dos Estados Unidos. Em dezembro do mesmo ano, a Delta lançou o voo sazonal Rio de Janeiro – Nova York/JFK e transformou a rota sazonal Rio de Janeiro-Atlanta em uma operação regular. Nas viagens Brasil-EUA, a LATAM opera atualmente as rotas São Paulo-Orlando (4 voos semanais), São Paulo-Boston (3 voos semanais), São Paulo-Los Angeles (3 voos semanais), Fortaleza-Miami (3 voos semanais), São Paulo-Miami (2 voos diários) e São Paulo-Nova York (1 voo diário). No primeiro ano da JV, LATAM e Delta Air Lines operaram de forma combinada 15 mil voos, transportando mais de 3 milhões de passageiros por 90 milhões de quilômetros. Nestas viagens, seus passageiros compartilham terminais em aeroportos e os clientes dos programas LATAM Pass e Delta SkyMiles acumulam e resgatam pontos/milhas de forma combinada, usufruindo de benefícios recíprocos ao voar com ambas as companhias.

Fonte: AEROIN / LATAM

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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Pioneiros

SALGADO FILHO
Joaquim Pedro Salgado Filho (Porto Alegre, 2 de julho de 1888 — São Francisco de Assis, 30 de julho de 1950 - Filho de Joaquim Pedro Salgado e de Maria Josefa Artayeta Palmeiro) foi um magistrado e político brasileiro. Apoiou Getúlio Vargas na Revolução de 1930, atuando na polícia do Distrito Federal (1930 — 1932), depois foi ministro do Trabalho (1932 — 1934), deputado federal (1935 — 1937), primeiro ministro da Aeronáutica (1941 — 1945) e senador (1947 — 1950). Foi também presidente do Partido Trabalhista Brasileiro de 1948 até sua morte. Candidato a governador do Rio Grande do Sul, faleceu em um acidente aéreo, quando o bimotor Lodestar que o levava rumo a um encontro com Getúlio Vargas, na fazenda do ex-presidente em São Borja, se chocou com uma colina em São Francisco de Assis. Foi um dos criadores do Correio Aéreo Nacional e da Escola de Aeronáutica, que resultou na separação da Força Aérea Brasileira do Exército. Estimulou a criação de aeroportos para aviação comercial no Brasil.
O Aeroporto Internacional Salgado Filho SBPA em Porto Alegre e o Aeroporto Salgado Filho SDZC em São Carlos, foram assim denominados em sua homenagem. Além das homenagens supracitadas, são várias as manifestações de apreço ao político gaúcho espalhados pelo Brasil, como por exemplo: o município paranaense de Salgado Filho, o bairro Salgado Filho na cidade de Belo Horizonte e na cidade de Aracaju, a Escola Municipal Salgado Filho em Belo Horizonte, a Av. Sen. Salgado Filho existente na capital paranaense, entre diversas outras homenagens.

Fonte: Wikipédia

Saiba mais: Opúsculos INCAER

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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Datas Especiais

Honrando o legado da aviação brasileira

Ministério da Aeronáutica teve um papel crucial no avanço da indústria aeroespacial brasileira, promovendo a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de aeronaves de ponta

O Dia do Ministério da Aeronáutica é comemorado em 20 de janeiro. Essa data celebra os 83 anos de criação do Ministério da Aeronáutica no Brasil, que ocorreu em 20 de janeiro de 1941, por meio do Decreto-Lei N° 2.961, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A instituição foi responsável por coordenar as atividades relacionadas à aviação militar e civil no país. Naquele ano de 1941, foram criadas a Escola de Aeronáutica e a Escola de Especialistas de Aeronáutica, a partir da Escola de Aviação Militar e da Escola de Aviação Naval, até então pertencentes ao Exército Brasileiro e à Marinha do Brasil. Em 22 de maio de 1941, o primeiro Ministro Joaquim Pedro Salgado Filho dividiu o território nacional em Zonas Aéreas, criando em seguida a Força Aérea Brasileira (FAB). Um ano depois, em 22 de maio de 1942, a FAB teve o seu batismo de fogo durante a Segunda Guerra Mundial. Um avião B-25 da FAB bombardeou o submarino Barbarigo, da marinha italiana, após o navio mercante brasileiro Comandante Lyra ser atacado em águas territoriais brasileiras pelo submarino italiano.
Em 18 de dezembro de 1943, foi criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1°GAvCa), unidade de combate enviada para a Itália. Ao longo de sua existência, o Ministério da Aeronáutica teve um papel crucial no avanço da indústria aeroespacial brasileira, promovendo a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de aeronaves de ponta. A pasta foi responsável por impulsionar a inovação tecnológica e o progresso na área da aviação. Além disso, garantiu a defesa do espaço aéreo brasileiro e participou de operações militares nacionais e internacionais. Em 1999, o Ministério da Aeronáutica foi extinto e suas atribuições foram transferidas para o Comando da Aeronáutica. Desde então, a FAB é uma das Forças Armadas subordinadas ao Ministério da Defesa.

Fonte: FAB

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domingo, 21 de janeiro de 2024

Especial de Domingo

O  Centro Paula Souza (CPS) é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação. Presente em 363 municípios, a instituição administra 228 Escolas Técnicas (Etecs), 77 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais e 552 Classes Descentralizadas (unidades que oferecem um ou mais cursos, sob a administração de uma Etec). Atualmente, o CPS tem mais de 316 mil alunos matriculados em cursos técnicos de nível médio e superiores tecnológicos. Hoje, voltamos a publicar conteúdo que destaca as ações de Antônio Francisco de Paula Souza, sinalizando a justa homenagem que recebeu ao batizar o CPS.
Boa leitura.
Bom domingo!

O IPT NA AVIAÇÃO
Em 1894, era fundada a Escola Politécnica, em São Paulo, uma das primeiras escolas de engenharia do país. Desde 1891, o Congresso Legislativo do Estado registrava projetos de lei prevendo a criação de uma escola de engenharia. Em 1892, o então presidente da Câmara dos Deputados do Estado e futuro diretor da Escola, Antônio Francisco de Paula Souza, apresentava um projeto dispondo sobre a criação do Instituto Politécnico.

Francisco de Paula Souza
Fundador da Escola Politécnica - SP

A República havia sido proclamada. O país vivia um processo constituinte que desaguaria no estabelecimento do regime federativo e numa fase de grande autonomia dos estados. São Paulo vivia uma expansão acentuada da lavoura do café. Ferrovias atingiam regiões cafeeiras distantes da Capital, enquanto esta sofria um processo acelerado de urbanização. No entanto, o país importava a maioria dos bens que consumia, deixando inexploradas as imensas riquezas naturais que já sabia possuir. Contra esse estado de letargia e indigência intelectual, pronunciavam-se algumas lideranças que identificavam na industrialização e no desenvolvimento técnico as forças capazes de promover o desenvolvimento econômico. Entre esses homens figurava Paula Souza.

Em 1894, por ocasião da solenidade de criação da Escola Politécnica, Paula Souza revelava seu pensamento industrialista:

“Se os conhecimentos matemáticos e técnicos fossem mais divulgados entre nós, como o são os das ciências sociais e jurídicas, não assistiríamos hoje a essa curiosa anomalia de ver aquele mesmo povo que tão sábio quão pacificamente resolve os mais difíceis problemas sociais e políticos, como o da abolição da escravidão em 1889, importar os gêneros mais indispensáveis à vida, e até recorrer à industria estrangeira para obtenção dos mais simples artefatos e aparelhos necessários à defesa da Pátria, ameaçada de ruína e devastação.”

E ele continua:

“Sim senhores, se fossem comezinhos ao nosso povo os conhecimentos técnicos, teríamos, graças à reconhecida inteligência e natural perspicácia dos filhos desta terra, uma indústria variada, próspera e bem dirigida. Essas riquezas fabulosas, que existem ocultas no solo e subsolo, nas nossas extensas matas e campos, nos nossos caudalosos rios e impetuosos ribeiros, seriam convenientemente aproveitadas, em nosso lar encontraríamos facilmente o que hoje, com grande dispêndio necessitamos importar do estrangeiro!”

Cinco anos decorridos da fundação da Escola, nela surgia o Gabinete da Resistência de Materiais, origem do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT, uma das mais importantes instituições de pesquisa do país.

Em seus primeiros anos de existência, o Gabinete dedicou-se ao ensaio de materiais, especialmente daqueles voltados para a construção civil, tais como o cimento, os materiais cerâmicos e madeiras. De 1927, quando começaram a serem editados os boletins técnicos do IPT, até 1936, a maioria das publicações da instituição tratava de ensaios de materiais para a construção civil.

Em 1926 o Gabinete transformou-se em Laboratório de Ensaio de Materiais, perdendo sua feição essencialmente didática para aproximar-se da fisionomia de uma instituição de pesquisas.

O grande salão de máquinas do IPT

Quatro anos mais tarde era criada a Seção de Madeiras, com o objetivo de realizar estudos sistemáticos sobre as características físicas e mecânicas de nossas essências florestais. Até fins de 1933 já haviam sido estudadas cerca de 40 espécies e desse trabalho resultavam algumas aplicações, tais como produção de tacos e vernizes, além de madeira para emprego aeronáutico, em especial na construção de planadores.

Em 1934, era publicado o boletim técnico “Emprego de madeiras nacionais em aviação”, também apresentado ao 1º Congresso Nacional da Aeronáutica, de autoria de Frederico Brotero. Dirigindo a Seção de Madeiras do IPT, o interesse de Brotero pela aviação foi suscitado pela busca de aplicações para as madeiras brasileiras. No princípio da década de 30, a maioria das estruturas de aeronaves era de madeira. Brotero tornou-se conhecido nos meios técnicos pelo estudo de freijó, uma espécie que combinava pouco peso e grande resistência, característica que o tornava interessante para o emprego aeronáutico.

Gradativamente, o Instituto passou a se constituir numa referência necessária para todos quantos se interessavam pelo desenvolvimento da indústria aeronáutica no país. O envolvimento de Brotero pela aviação crescia constantemente.

Em 1938, ele uniu-se a Orthon Hoover para projetar uma aeronave de estrutura de madeira, para uma pessoa. O primeiro dos quatro protótipos de aeronave foi construído na Escola Politécnica e terminado em Rio Claro, ficando conhecido como Bichinho de Rio Claro.

IPT Bichinho exposto no Museu Aeroespacial

Hoover na aeronave Bichinho, projetada e construída no IPT
Mais tarde ganhou a denominação IPT-0. O aparelho trazia algumas inovações, entre elas asas dotadas de passagens aerodinâmicas hiper-sustentadoras no bordo de ataque. Esse modelo de asa passou a se constituir numa característica dos aviões do IPT. O protótipo inicial foi dotado de um motor de 60 cavalos, importado. As nervuras das asas e da fuselagem eram de freijó. A cobertura era de contra-placado fabricado pela IPT.

Em 1943, o IPT realizou um novo projeto da aeronave, para que ela pudesse contar com motores mais possantes de, respectivamente, 65, 75 e 80 cavalos.

Foram então construídos no IPT outros três aparelhos. Todas aeronaves apresentavam excelentes condições de voo, e em 1940, Clay Presgrave do Amaral dava início às atividades aeronáuticas da Seção de Madeiras, dirigida por Brotero.

Em 1948, a Seção de Aeronáutica foi elevada à condição de Divisão de Aeronáutica do IPT.

Oficina Aeronáutica do IPT
O primeiro projeto de aeronave, desenvolvido pela Seção de Aeronáutica do IPT, foi o de um planador para instrução primária, registrando como IPT-1 e batizado Gafanhoto. O aparelho era um monoplano de asa alta, de um lugar com revestimento de contra-placado fabricado pelo IPT. Visava o treinamento de pilotos e podia realizar voos de pequeno alcance. O meio de lançamento era o reboque de automóvel. Foi construído um protótipo, e o IPT publicou um folheto contendo instruções e desenhos técnicos para sua construção, tornando-os de domínio público. Os projetistas pretendiam “eliminar de forma mais completa possível materiais de importação”.

Planador Gafanhoto
Os planadores haviam sofrido um grande desenvolvimento na Alemanha, que os utilizara para contornar as restrições do Tratado de Versalhes que a proibia de manter uma força aérea. Nessa época, os planadores comumente utilizados no Brasil para instrução primária eram de fabricação alemã. Em 1937, o IPT iniciou a fabricação experimental de contra-placados, valendo-se de uma prensa improvisada. O material empregava pinho do Paraná e foi utilizado na construção, em 1938, do aparelho Bichinho. Tendo em vista os bons resultados apresentados e a existência de mercado, até então suprido por importações, o IPT instalou uma pequena unidade para produção de contra-placados, que começou a operar em fins de 1940.

O interesse do IPT pelo emprego de madeiras em aviação acontecia num momento em que a tendência mundial da tecnologia aeronáutica era a substituição da madeira por materiais metálicos. O Brasil ainda não contava com a grande siderurgia, nem com a produção de alumínio e dispunha de um parque metalúrgico bastante limitado. Por essa razão, Brotero defendia a continuidade das pesquisas aeronáuticas com madeira, que acreditava ser o único material de que o país poderia dispor para a construção aeronáutica durante algum tempo.

O planador IPT-2, batizado Aratinga, foi projetado para o treinamento primário de pilotos. Um único protótipo chegou a ser construído e voou, pela primeira vez, em julho de 1942. Era um aparelho de um único lugar, estrutura de madeira e cobertura de contra-placado fabricado pelo próprio IPT .

Planador Aratinga
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas constituiu-se na base técnica sobre a qual surgiu a Companhia Aeronáutica Paulista. O Instituto concebeu duas aeronaves que vieram a ser fabricadas em série por essa empresa, além de projetar a famosa aeronave Paulistinha, uma cópia de um modelo norte-americano.

EAY 201 - Precursora do Paulistinha

O planador IPT-3, denominado Saracura, foi uma dessas aeronaves. Cópia do aparelho alemão Zoegling, a aeronave era destinada ao treinamento primário de pilotos. O IPT-3 voou pela primeira vez em setembro de 1942. Era um modelo simples, de estrutura de madeira e fácil manejo.

Planador Saracura

O IPT-4 foi projetado por Clay Presgrave do Amaral. Era um monomotor de asa baixa, para treinamento de pilotos. A estrutura era de madeira, com coberturas de chapas de contra-placado e tela. Era dotado de um motor norte-americano Franklin, de 90 cavalos. Clay do Amaral fez parte da primeira diretoria da Companhia Aeronáutica Paulista, e o IPT-4 tornou-se o CAP-1, denominado Planalto. Uma pequena série do avião foi fabricada pela empresa.

Aeronave Planalto

O modelo IPT-5, designado Jaraguá, era um planador experimental de dois lugares, de duplo comando, asas alongadas e de concepção moderna para a época. Voou pela primeira vez no final de 1941.

O modelo IPT-6, designado Stratus, foi projetado por João Lepper. Era um planador experimental, de competição, e voou pela primeira vez em 1944.

O protótipo IPT-7, designado Junior, foi projetado no início de 1945. Era um monomotor de dois lugares, estrutura de freijó, cobertura de contra-placado e tela plástica e motor Franklin norte-americano de 65 cavalos. Apenas o protótipo foi construído, chegando a ser homologado.

Protótipo do IPT-7/Junior

O IPT projetou ainda outras aeronaves, designadas pelos números 8, 9, 10, 11 e 15 mas que jamais chegaram a ser construídas.

O IPT-12, denominado Caboré, era um planador de alto rendimento, de uso esportivo.

O IPT-13 era um avião monomotor de dois lugares, de asa baixa, estrutura de freijó e cobertura de contra-placado de pinho, dotado de um motor Continental de 75 cavalos. Projetado, em 1949, por Silvio de Oliveira, apenas um protótipo foi construído e voou ao longo de cinco anos.

O modelo denominado IPT-14 era um planador de instrução de dois lugares. Ambos foram construídos e voaram durante alguns anos.

Anos mais tarde, no pós guerra, com o encerramento das atividades da CAP e de outras indústrias aeronáuticas, o IPT perdia o mercado para os projetos que desenvolvia. A Divisão de Aeronáutica realizava ensaios e projetos de aeronaves, buscando manter a equipe de técnicos no Instituto. Apesar de sua experiência, o grupo não foi absorvido pelo CTA e gradativamente o IPT abandonou as atividades aeronáuticas.

Os dois últimos projetos realizados pelo Instituto também não chegaram à produção industrial. O IPT-16 foi projetado por Joseph Kovacs e Silvio de Oliveira e era um avião monomotor, de um lugar, estrutura de madeira e motor Hirt de 160 cavalos. Começou a ser construído em 1949 e foi concluído apenas dez anos mais tarde, voando em setembro de 1959. Denominada Surubim, a aeronave tinha um excelente desempenho.

O IPT-17, último projeto realizado pelo Instituto, era um planador de um lugar, de estrutura de freijó e asas de perfil laminar. Apenas o protótipo foi construído e voou em 1960.

A Segunda Guerra Mundial assinala um período de crescimento da indústria aeronáutica no país. Foi também o momento mais significativo da trajetória do IPT na área aeronáutica, quando o Instituto projetou aeronaves que chegaram à produção em série, e quando registrou-se uma certa articulação entre a atividade de pesquisa e o processo industrial. Diversos protótipos projetados e construídos pelo IPT voaram anos seguidos, demonstrando a qualidade dos trabalhos que se realizavam no Instituto.

Fonte: Vencendo o Azul

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sábado, 20 de janeiro de 2024

ITA

Instituto Tecnológico de Aeronáutica terá novo campus no Nordeste

Pedra fundamental do novo campus do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) 
foi inaugurada na Base Aérea de Fortaleza (CE)

O governo federal, por meio dos Ministérios da Educação (MEC) e da Defesa, lançou, sexta-feira, 19/1/2024, a pedra fundamental do primeiro campus avançado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no Nordeste. As novas instalações serão construídas na Base Aérea de Fortaleza (CE), onde ocorreu a cerimônia de lançamento e assinatura do decreto de implantação do novo campus. O ministro da Educação, Camilo Santana, participou da ocasião ao lado do presidente Lula, entre outras autoridades. O campus avançado do ITA no Ceará será a segunda unidade do Instituto e a primeira fora da cidade de São José dos Campos(SP). A assinatura do decreto formaliza a criação do campus cearense, a fim de possibilitar as reformas e ampliações para plenas atividades em 2027. Essa unidade abrigará dois novos cursos, que não são lecionados no município paulista: engenharia das energias renováveis e engenharia de sistemas. Após assinar o decreto da instalação do ITA em Fortaleza, o Presidente Lula destacou a importância da iniciativa para o povo do Nordeste: “Eu não quero que o Nordeste tire nada dos outros estados. A única coisa que eu quero é que os estados do Nordeste tenham a mesma oportunidade que tem qualquer outro estado dos mais ricos deste país, e a educação é a base fundamental para isso”, ressaltou. A ideia do governo é que o vestibular para os dois cursos ocorra em 2024, as duas novas turmas terão 50 alunos. Sua primeira turma deverá ser acolhida, em 2025 e 2026, no campus de São Paulo. Em 2027, as atividades serão passadas para a unidade do Ceará.

Investimento
Em dezembro de 2023, o MEC e o governo do estado do Ceará assinaram um convênio, no valor de R$ 50 milhões, para a realização da primeira etapa de construção das instalações. Nessa fase inicial, serão executadas obras de construção dos alojamentos, das salas de aulas e dos laboratórios necessários à implantação dos cursos Engenharia das Energias Renováveis e Engenharia de Sistemas. Além desse montante, o MEC já firmou o compromisso de repassar mais R$ 30 milhões em 2024 e R$ 35 milhões em investimentos para o ano de 2025. A escolha da Base Aérea de Fortaleza para sediar os novos cursos do ITA é fruto de estudos técnicos realizados pelos Ministérios da Defesa e da Educação, detentores da jurisdição da unidade de ensino. A pesquisa demonstrou a viabilidade da primeira expansão do Instituto fora de São Paulo. A localização é privilegiada, por ser o Nordeste o maior produtor nacional de energias renováveis, despontando do desenvolvimento do hidrogênio verde.

Sobre o ITA
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica é uma instituição de ensino superior pública do Comando da Aeronáutica, localizada na cidade de São José dos Campos (SP). É um centro de excelência, com cursos de graduação e pós-graduação em áreas afins da engenharia. O setor aeroespacial, por exemplo, é o de maior destaque, oferecendo alimentação gratuita e moradia de baixo custo aos seus alunos. O Instituto é conhecido nacional e internacionalmente, além de ter um dos processos seletivos mais difíceis do Brasil. Uma de suas grandes características é o percentual de aprovações de estudantes de escolas cearenses, o que representa uma média aproximada de 40%.

Fonte: Correio Braziliense

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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

FAB em Destaque

Revista eletrônica da FAB com as notícias de 12 a 18 de janeiro
O FAB em Destaque desta sexta-feira (19/01) traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB), de 12 a 18 de janeiro. Entre elas, destacamos a cerimônia de passagem de comando da Secretaria de Economia, Finanças e Administração (SEFA) do Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo Fonseca Neubert ao Tenente-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita; a abertura do processo seletivo para convocação e incorporação de profissionais de nível fundamental com vistas à prestação de Serviço Militar Temporário, em caráter voluntário, para o ano de 2024 e a recepção dos 335 novos alunos da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Por fim, esta edição do FAB em Destaque mostra a missão de evacuação aeromédica (EVAM) realizada pelo Primeiro Esquadrão do Décimo Quinto Grupo de Aviação (1º/15ºGAV) - Esquadrão Onça, que transportou uma criança da Bolívia até o Brasil.

Fonte: FAB

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Tecnologia Aeroespacial

Conglomerado italiano deve investir mais de R$ 100 milhões na Bahia

Empresa especialista em tecnologia aeroespacial planeja instalar fábrica em Salvador

A Leonardo, um dos maiores grupos industriais da Itália e do mundo, está em negociações com o governo da Bahia, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), para integrar o Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia, a ser instalado até 2025 na Base Aérea de Salvador. De acordo com informações do titular da Secti, André Joazeiro, o conglomerado industrial italiano planeja investir pelo menos R$ 100 milhões no estado, com a instalação de um centro de manutenção de forma imediata e, no longo prazo, de uma indústria para a fabricação de aeronaves. “A ideia a longo prazo é a fábrica de aviões. A princípio, é o centro de manutenção. A manutenção não é simplesmente uma oficina mecânica. Tem toda uma formação, porque tem muita tecnologia embarcada em um avião. Para você mexer em qualquer coisa ali, tem que ter um conhecimento tecnológico muito alto. Então a gente tem que formar muita gente, montar essa mão de obra para poder fazer a manutenção dos ATRs [modelo de aeronave fabricado pela Leonardo] do Brasil inteiro aqui”, afirmou o secretário, ao portal A TARDE. Segundo Joazeiro, a tendência é que esse processo, até a instalação definitiva da fábrica, pode durar de três a quatro anos a partir da abertura do Parque Tecnológico Aeroespacial, prevista para o primeiro semestre de 2025. Até lá, deve haver apenas a fabricação de peças, com apoio da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Senai Cimatec. “É uma etapa que deve durar uns três ou quatro anos, até que eles se sintam seguros para desenvolver um projeto de novo avião todo na Bahia. Porque ele não trazer um projeto que já está sendo desenvolvido em outro lugar — na Itália ou na França —, mas um projeto desenvolvido na Bahia, assim como a Ford fez, quando desenvolveu aqui o EcoSport”, explicou Joazeiro. A Leonardo é a maior das empresas que tem negociado com a Secti para instalação de um posto no Parque Tecnológico Aeroespacial. Outras empresas menores, porém, também já estão em tratativas com o governo da Bahia, a maioria especializada na fabricação de drones. “A gente está falando com Speedbird, que é uma empresa menor, mas também importante, de drones. Tem uma segunda empresa de drones que eu não posso falar muito, porque estou sob uma confidencialidade no contrato. Eles não querem divulgar, a princípio. É um drone bem especial, que utiliza laser na produção agrícola. Uma tecnologia muito impactante”, comemorou o secretário. O projeto definitivo do Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia deve ser apresentado pela Secti, pela Casa Civil do Estado, pelo Senai Cimatec e pela Aeronáutica do Brasil no dia 22 de maio deste ano.

Fonte: A Tarde

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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Carreiras na Aviação

Nova Miss América tem apenas 22 anos e pilota caça F-16 na Força Aérea dos EUA
2ª Tenente Madinson Marsh – USAF photo by William R. Lewis

A sua paixão por aviação começou com palestras sobre carreiras na 
Força Aérea e na Força Espacial que ela teve na escola.

A competição mais antiga de Miss ainda em curso nos EUA é o Miss América, realizado desde 1920 e disputado por 51 representantes, uma de cada estado do país. Este ano a ganhadora foi Madinson Marsh, que além de Miss é 2ª Tenente na Força Aérea Americana (USAF), sendo recém designada para voar caças Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon (Viper), já que graduou no final do ano passado da Academia da Força Aérea. Além do seu trabalho como militar, ela luta pela saúde da mulher na Whitney Marsh Foundation, que é uma fundação que ajuda conscientização e prevenção do câncer, principalmente de pâncreas, que vitimou sua mãe anos atrás quando Madinson tinha 17 anos. Apesar de começar a pilotar caças agora, desde o 15 ela já voa e aos 16 anos fez seu primeiro voo solo, ainda como civil. A sua paixão por aviação começou com palestras sobre carreiras na Força Aérea e na Força Espacial que ela teve na escola. Clique e confira o momento da coroação.

Fonte: AEROIN / Carlos Martins

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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Embraer

Com aumento das vendas, o avião agrícola Ipanema da Embraer atinge a marca de 1.600 unidades entregues

A divisão de aviação agrícola da Embraer entregou 65 aeronaves Ipanema em 2023, uma alta de 18% em comparação com o ano anterior. Com isso, no mês de dezembro, a companhia atingiu a marca histórica de 1.600 unidades produzidas e entregues ao longo das décadas de produção ininterrupta de cinco aeronaves. Desde o lançamento da nova versão do modelo EMB-203 em 2020, a empresa tem registrado crescimento contínuo nas vendas e planeja aumentar a produção para 70 aeronaves neste ano. "O agronegócio tem um impacto positivo significativo para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e estamos muito satisfeitos em ver como o Ipanema tem contribuído para a alta produtividade, eficiência e sustentabilidade do setor", afirma Sany Onofre, Gerente do Programa Ipanema da Embraer . Líder do mercado nacional de comércio aéreo, o Ipanema apresenta inovações e aprimoramentos que elevam a robustez a um baixo custo operacional e de emissões de carbono. O Ipanema é o único avião agrícola certificado e produzido em série para voar a etanol, uma fonte de energia renovável e que proporciona aumento de potência do motor da aeronave.

Fonte: Embraer

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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Pioneiros

ADA ROGATO
Ada Rogato, Thereza de Marzo e Anésia Pinheiro Machado foram grandes mulheres pioneiras da aviação no Brasil. Personalidade de vulto na aviação brasileira, Ada Rogato nasceu em São Paulo em 22 de dezembro de 1910. O legado que Ada Rogato deixou é de grande relevância no cenário da aviação brasileira diante de seus feitos. Deve ser lembrada e reverenciada pelos adeptos de aviação. Viveu na época de ouro da aviação desportiva. Ada destacou-se como a primeira piloto de planador, primeira dobradora de paraquedas, primeira paraquedista a saltar em São Paulo. Recebeu o terceiro brevê de piloto civil internacional da FAI, de nº 248, em 1940, e de nº1314, para avião categorias "A" e "B". Seus voos eram sempre realizados em aviões monomotores. Como paraquedista, sagrou-se campeã e executou 105 saltos.
Ada ousava sempre. Sua principal característica era voar sozinha, ainda que a aeronave possuísse recursos limitados. Àquela época, a infraestrutura da aviação era modesta, o que não impediu a arrojada piloto de realizar inúmeros reides. Em 1950, pilotando um Paulistinha CAP-4, o PP-DBL, chamado de “Brasileirinho”, cobriu 11.691 quilômetros, em 116 horas de voo, ocasião em que transpôs, pela primeira vez, a Cordilheira dos Andes. Foi, então, a brasileira que teve a primazia de efetuar essa proeza. Nessa viagem visitou o Paraguai, Argentina, Chile e Uruguai, numa viagem de 11.200km, em 116 horas. Ada Rogato, em abril de 1951, sozinha, em sua epopEia aérea, no PT-ADV - avião de 90 HP batizado de “Brasil” - percorreu 51.064 quilômetros em 326 horas de voo,visitando 28 países. Decolou da Terra do Fogo, rumo ao Alasca, no mais longo reide efetuado por um aviador solitário, realizando o Circuito das Três Américas. Em 1952, em seu pequeno Cessna 140, partiu do Campo de Marte (SP) para a Bolívia, pousando no mais alto aeroporto do mundo, El Salto, situado a 4.071 metros de altitude. Superou no voo, com sua habilidade, a rarefação do ar, a qual provocava queda na potência do motor.
No ano de 1956, Ada Rogato novamente ousou ao percorrer 25.057 quilômetros, em 163 horas de voo, visitando inúmeras capitais e sobrevoando parte da selva amazônica. Em março de 1960, decolou de Piracicaba (SP) rumo à Ushuaia, o povoado ao extremo sul da Patagônia, nos confins da Terra do Fogo. Foi a primeira mulher aviadora a fazê-lo. Teve que enfrentar, durante várias horas, ventos de través de até 80 Km/h, fazendo correções de 45 graus, para manter a rota. Teve que suportar, inclusive, temperaturas em torno de 3 graus abaixo de zero. Antes de falecer, em 15 de novembro de 1986, foi presidente da Fundação Santos Dumont e diretora do Museu de Aeronáutica e do Espaço.[1]

BIBLIOTECA NINJA
Ada - Mulher, Pioneira, Aviadora
A mulher é a rainha, mas o homem, profissionalmente, é mais capaz. Era o que Lucita Briza ouvia seu pai dizer em jantares em casa, quando se discutia o papel da mulher na sociedade. "E minha mãe respondia: mas a Ada é melhor que a maioria dos pilotos." Lucita se fez jornalista, construindo sua carreira em suplementos femininos e em política internacional, em veículos como Jornal da Tarde, O Estado de S.Paulo, Agência Estado e em produtos da Editora Abril. Mas não poderia imaginar que, tantos anos após ouvir a defesa de sua mãe - que também se chamava Ada - às mulheres, investigaria a fundo a vida da aviadora Ada Rogato, que morreu em 1986, aos 76 anos. "Ada - Mulher, Pioneira, Aviadora" foi lançado em 30 de abril de 2011, na Livraria Cultura, em São Paulo. Ada não foi a primeira a obter um brevê, que conquistou em 1936, mas foi a primeira a pilotar um planador na América Latina. Na década de 50, foi o primeiro piloto (homem ou mulher) brasileiro a sobrevoar os Andes com um avião de baixa potência (65 cavalos), fez a primeira experiência de pulverização de lavoura de café usando um avião, foi a primeira paraquedista mulher e a pioneira ao voar, sozinha, mais de 51 mil km pelas três Américas, até o Alasca. Detalhe: sem rádio, com um avião de 90 cavalos, seu segundo aparelho, hoje doado à Aeronáutica. Em abril, a viagem pelas três Américas comemorou seu cinquentenário. Quando Lucita fortaleceu a ideia de escrever um livro, começou a pensar num tema e se lembrou de ambas as Adas, a mãe e a aviadora. Começou a pesquisar na web e se assustou ao perceber que as informações sobre essa extraordinária figura eram desencontradas. "Como que uma mulher, que morre assim, na ativa - na época ela era presidente da Fundação Santos Dumont, responsável por orientar e encaminhar aviação civil, não administrativamente, mas como entidade - e ninguém mais fala nada? Não havia informações consistentes sobre essa história." O trabalho de reportagem começou em 2005, com grande esforço para encontrar pessoas ligadas à aviadora, que nunca se casou, não teve filhos e rompera os laços familiares quando jovem. Seu pai, Guglielmo Rogato, imigrante italiano que se fez homem importante em Alagoas e tem até duas ruas com seu nome, quis impedir a carreira da moça. Fora as fontes oficiais de informação, a jornalista só conseguiu se aproximar mais da vida da aviadora ao encontrar Neide Bibiano, em São Paulo. Amiga de Ada, amparando-a até a morte, foi ela que saiu em busca dos parentes da aviadora antes que ela morresse, de câncer no útero. "O contato com a Neide fez com que as coisas começassem a tomar vulto na minha cabeça. Essa mulher foi meu guia para conseguir mais informações." Lucita também viajou para o Uruguai, Argentina e Chile para entrevistar pessoas que tiveram contato com a aviadora em suas viagens. "Depois da morte dela, esse esquecimento brutal. E eu não me conformava. Ela tinha muitas boas relações, com homens e mulheres, menos com a Anésia", lembra, citando Anésia Pinheiro Machado, a segunda mulher que conseguira um brevê. A primeira foi Thereza de Marzo, em 1922. "Eu sempre quis escrever um livro sobre uma mulher a frente do seu tempo." Lucita corrigiu essa lacuna, num livro de 300 páginas, publicado pela C&R Editorial.[2]

Fontes:
[1] Adaptado pelo NINJA – Núcleo Infantojuvenil de Aviação, a partir do original de Lucy Lúpia

[2] Agência Estado

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