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Voar é um desejo que começa em criança!

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Indústria Aeronáutica

Embraer assina termo de cooperação com indústrias da Coreia do Sul
A Embraer anunciou, dia 27 de outubro de 2022, a assinatura de memorandos de entendimento com as empresas aeroespaciais ASTG (Aerospace Technology of Global), EMK (EM Korea Co.) e Kencoa Aerospace, da Coreia do Sul. O objetivo é fortalecer a colaboração com os parceiros da indústria de defesa coreana, para futuro fornecimento de peças para o C-390 Millennium. A aeronave concorre no programa da Aeronave de Transporte de Grande Porte II (Large Transport Aircraft – LTA II), promovido pela Administração de Programas de Aquisição de Defesa (Defense Acquisition Program Administration – DAPA).

Relações comerciais
O potencial fornecimento de peças fabricadas na Coreia do Sul contribuirá para os requisitos de compensação do Programa LTA II. Os memorandos têm como objetivo criar relações comerciais de longo prazo entre as partes que se estenderão para além do Programa LTA II. As capacidades da indústria coreana também podem levá-la a participar de desenvolvimentos futuros nas plataformas existentes da Embraer, como o C-390 Millennium, bem como em projetos de novas aeronaves, veículos e sistemas. 

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domingo, 30 de outubro de 2022

Especial de Domingo

Do Sentando a Pua!, destacamos a história vivida por Fausto Vasques Villanova, veterano da 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação da FAB.
Boa leitura.
Bom domingo!

O preço de uma refeição
O 2º Escalão da Força Expedicionária Brasileira foi deslocado para a Itália no Navio-Transporte General Meigs, da Marinha dos EUA. Levava em seus alojamentos cerca de seis mil brasileiros. Entre as Unidades da FEB estava a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação da Força Aérea Brasileira, subordinada à Artilharia Divisionária. Uma surpresa estava preparada para os nossos pracinhas: o regime de alimentação. Era o seguinte: para quem não tinha atribuições no navio, duas refeições diárias (desjejum e jantar!). Para quem trabalhava, três refeições (desjejum, almoço e jantar). Imaginem só! Comer apenas duas vezes por dia... Os "peixinhos" foram logo aproveitados no serviço de segurança, imprensa, serviço especial, etc. Os Sargentos da Esquadrilha que falavam inglês foram engajados no serviço de segurança, que funcionava à noite e tinham como missão principal evitar que algum pracinha mais abelhudo fosse para o convés com o cigarro aceso, o que denunciaria a nossa presença para os submarinos inimigos. Os que não falavam inglês ficaram no regime de duas refeições. Após dois dias de viagem, eu já não aguentava mais de fome. Acostumado a fazer três refeições diárias, não me conformava. Tomei uma decisão. Dirigi-me ao Comandante , Capitão Aviador João Affonso Fabrício Belloc, expondo-lhe o problema. O Capitão Belloc ouviu-me pacientemente e disse: - Vou ver se consigo alguma coisa para justificar o seu almoço. Você terá notícias, logo que possível. Pedi licença, agradeci e me retirei esperançoso, nada comentando com os outros soldados da Esquadrilha. Dois dias depois, o 1º Tenente Aviador João Torres Leite Soares compareceu ao nosso alojamento e transmitiu a seguinte ordem: "Todos os praças da Esquadrilha deverão apresentar-se amanhã, às 04:30h, na cozinha. Lá procurar o Sargento Daniels, chefe do pessoal ." Nosso Comandante, não querendo criar privilégios, conseguiu trabalho para todos. É preciso ficar bem claro que eu falei em meu nome e não comentara o assunto com nenhum dos meus colegas. A ordem pegou a todos de surpresa, provocando as maiores "broncas". Bem, ordem dada é para ser cumprida. Lá fomos nós sem saber o que nos aguardava. Como eu falava inglês, fui escolhido para fazer a apresentação do pessoal ao Sargento Daniels. Feita a apresentação, o Sargento solicitou que o acompanhássemos. Chegando em frente à máquina de lavar pratos e talheres, dirigiu-se a todos e disse: "É aqui que os senhores vão passar os melhores dias desta travessia, o marinheiro Petter, encarregado deste setor, vai explicar qual é o trabalho de vocês e tudo o que deve ser feito. Boa sorte para todos e muito obrigado pela colaboração!" Ah! Que dias "maravilhosos" passamos em frente àquela diabólica máquina! Nosso trabalho consistia no seguinte: início, 04:30h da manhã; arrumar pratos, xícaras e talheres nas mesas, para o café da manhã. Não existiam cadeiras ou bancos. A refeição era feita em pé. À medida em que o pessoal terminava a refeição, nós recolhíamos o material utilizado. Retirávamos os restos da refeição e os jogávamos em um latão. Os talheres e a louça levávamos para a máquina de lavar. A "maldita" lavadeira funcionava a vapor, abastecida diretamente da caldeira do navio. Uma vez colocada a louça na esteira rolante, esta era levada para dentro da máquina, onde recebia um jato de água fria com sabão, sempre em movimento. Em seguida, jatos de água quente e vapor, e mais uma vez jatos de água quente pura, já na saída da máquina, onde caía num escorredor gradeado de arame, para dali ser colocada nas mesas. Após o café, começava o trabalho de arrumação para o jantar, um verdadeiro moto contínuo. Após o jantar, tinha início o segundo ato: a lavagem do refeitório, na base do escovão! Inicialmente, uma demão com água fria e sabão. Depois, água quente e sabão; a seguir, água quente pura; finalmente, água fria, O arremate era retirar a água com rodos e vassouras de cordas, enxugando com pano de chão. Após toda essa lavagem e escovação, vinha o terceiro ato - a inspeção. Era feita por um oficial da Marinha Americana, acompanhado de um oficial brasileiro, de dia, junto ao comando do navio. Ambos vinham munidos de lanterna elétrica. O oficial americano comparecia trajando um uniforme branco impecável. Tudo era olhado e inspecionado meticulosamente, inclusive embaixo dos armários e nos cantinhos mais escondidos. Se o oficial americano desconfiasse que determinado lugar estava sujo, abaixava-se e passava o dedo indicador no chão e, incontinente, passava-o na túnica, em sentido diagonal, de cima para baixo. Era um momento de suspense! Se o dedo sujasse o uniforme, teríamos que lavar o refeitório todo , novamente. No dia seguinte, a mesma rotina. Início às 04:30h e término às 22:00h. Bem que o Sargento Daniels tinha razão, pois foram realmente "maravilhosos" os dias que passamos naquela cozinha, lavando chão, pratos, xícaras e talheres, sem vermos a luz do sol ou o azul do Atlântico e posteriormente o do Mar Mediterrâneo. Foi realmente caro o preço que paguei por aquele maldito almoço, que me custou 18 dias de suor, lágrimas e muito xingamento. Pior de tudo é que companheiros de Esquadrilha, passados mais de quarenta anos, não esquecem o que, involuntariamente, lhes arranjei. 

Texto: Fausto Vasques Villanova - 1ª ELO


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sábado, 29 de outubro de 2022

FAB em Destaque


SEMANA DA ASA - 2022


A Semana da Asa foi idealizada por Godofredo Vidal e viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil,  em 1935. Concluindo a semana, destacamos as últimas notícias da Força Aérea Brasileira.

Mídia destaca as últimas notícias da Força Aérea
A edição do FAB EM DESTAQUE desta sexta-feira, 28 de outubro de 2022, traz as principais notícias da Força Aérea Brasileira (FAB), de 21 a 27 de outubro. Entre elas, a comemoração do Dia do Aviador e Dia da Força Aérea Brasileira em Brasília (DF), o lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara do Primeiro Foguete produzido 100% no Brasil e a assinatura do Protocolo de Intenções do Projeto SelenITA. Confira, também, o vídeo em homenagem ao Dia da Engenharia da Aeronáutica.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Engenharia da Aeronáutica


SEMANA DA ASA - 2022


A Semana da Asa foi idealizada por Godofredo Vidal e viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil,  em 1935. Neste 28 de outubro, um brinde à Engenharia da Aeronáutica.

28 de Outubro:
Dia da Engenharia da Aeronáutica
O Dia da Engenharia da Aeronáutica é comemorado em 28 de outubro. A data homenageia o patrono da Engenharia da Aeronáutica, Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, idealizador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), sediado em São José dos Campos (SP).

80 anos
A Engenharia da Aeronáutica comemora 80 anos de criação. Uma história que se confunde com a da própria Força Aérea Brasileira (FAB). Em 1942, um ano após a criação do Ministério da Aeronáutica, surge a Diretoria de Obras, primeira unidade responsável por centralizar a gestão das atividades de engenharia. E foi no ano seguinte, que um Tenente-Coronel Aviador e Engenheiro foi aos Estados Unidos conhecer o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o famoso MIT, e surgiu daí, um sonho visionário que, por meio da Academia, impulsionaria a Força Aérea em direção ao futuro. Estava fomentado na mente daquele que veio a tornar-se o Patrono da Engenharia da Aeronáutica, Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), que nasceu poucos anos depois, em 1950, com a criação do ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, e, em sequência, todo o complexo aeroespacial que hoje compõe o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).

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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Espaço


SEMANA DA ASA - 2022


A Semana da Asa foi idealizada por Godofredo Vidal e viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil,  em 1935. Hoje, destacamos o lançamento de um foguete brasileiro, início de um ciclo de muitas conquistas.

Brasil lança foguete suborbital 100% nacional
O Brasil lançou, dia 23 de outubro de 2022, o foguete nacional VSB-30, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O veículo suborbital VSB-30 foi acionado a partir da Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM), que foi desenvolvida pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). O projeto faz parte da Operação Santa Branca.

100% brasileiro
Com produção brasileira e carga útil 100% nacional, o VSB-30 é um foguete da família sonda, que possuiu estágios à propulsão sólida, estabilizado rotacionalmente e com capacidade de transportar cargas de até 400 kg, em altitudes na faixa de 270 km. Neste lançamento, o foguete levou a bordo o experimento científico “Forno Multiusuários", desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Ministro da Ciência e Tecnologia e Inovação, Paulo Alvim, e o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Coronel Engenheiro Carlos Augusto Teixeira de Moura, presenciaram o lançamento. “Primeiramente, temos que comemorar o sucesso da Operação Santa Branca. É motivo de orgulho vermos a competência dos profissionais brasileiros, que não desistiram do sonho de realizar lançamentos aqui no CLA. O VSB-30 é um foguete brasileiro e, isso será o início de um ciclo de muitas conquistas que, com certeza, virão”, disse o Ministro Paulo Alvim.

Lançamento
O lançamento do foguete ocorreu às 14h20 e atingiu o apogeu com 4 minutos e 1 segundo, já com altitude de 227 km, totalizando um voo de 7 minutos e 44 segundos. A carga útil caiu a 185 quilômetros da costa e militares FAB especializados neste tipo de missão, a bordo de helicópteros, fizeram o resgate da carga.

Fonte: FAB

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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

La Balladeuse


SEMANA DA ASA - 2022


A Semana da Asa foi idealizada por Godofredo Vidal e viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil,  em 1935. Brindando a iniciativa e destacando os grandes feitos de nossa aviação, selecionamos o conteúdo de hoje, do blog de Luiz Pagano, A Maravilhosa Vida de Santos=Dumont.

O Dirigível Santos=Dumont Número 9
A mais elegante máquina voadora
Sem duvida nenhuma o dirigível de número 9, também chamado de “La Balladeuse” (a carruagem) foi o invento de voo individual mais elegante. Santos=Dumont conduzia seus experimentos com muito estilo, tendências dandy, neo vitorianas, steam-punks, etc., faziam dele um artista-cientista. A seguir coloco algumas publicações francesas e americanas de seus feitos quando pilotava seu dirigível Nº 9 pelas ruas de Paris.

New York Herald 24 de junho de 1903 (Vocês perceberão que no texto a localização do hangar de Santos=Dumont fica em St. James, quando na verdade, sua verdadeira localização era em St Cloude. Coloquei a matéria em sua integra, e sugiro que os erros sejam ignorados). 


"M. Santos-Dumont vai em seu número 9 para breakfast na Champs-Elysees. Faz viagem de manhã cedo partindo do hangar em Neuilly até à sua residência.

UMA EXPERIÊNCIA SATISFATÓRIA
Construiu plataforma de chegada em sua varanda para uso em ocasiões futuras

M. Santos-Dumont ontem fez uma viagem logo cedo aparecendo no Santos-Dumont Nº 9 a partir da nacela de seu balão em St. James e de lá para a sua residência, no n º 114 da Avenida Chaps-Elysees, onde tomou café da manhã com alguns amigos e depois voltou para o "ponto de partida". 

Ele afirmou que estava desejoso já há alguns dias de fazer tal viagem sobre a cidade, porem não estava seguro de assumir o risco de passar com o pequeno balão dirigível por cima das casas com tão pequena quantidade de um lastro a bordo.

No seu Nº 9 no entanto, ele poderia transportar uma maior quantidade de lastro, desta forma, ele decidiu fazer a viagem naquele balão.

O tempo na segunda-feira havia melhorado muito; estava com toda a aparência de que poderia ser perfeito, então M. Santos-Dumont deu ordens a seus trabalhadores para manterem-se em prontidão para a manhã de ontem, pois partiriam aproximadamente as sete ou as oito horas. 

A noite de segunda-feira tornou-se muito bela e como a condição o compelia, M. Santos-Dumont não conseguiu mais dormir.

Não, ele decidiu se levantar ainda mais cedo do que pretendia.

Eram três horas quando ele se levantou, rumou imediatamente para o galpão do balão, chegando lá exatamente.às quatro horas.

O vento estava soprando na direção contrária ao que ele desejava viajar e não havia luz o suficiente, ele achou que isso não impediria de forma alguma o programa do Nº 9.

Seus trabalhadores estavam todos dormindo quando ele chegou no galpão, pois eles não o esperavam até pelo menos três horas mais tarde.

M. Santos-Dumont acordou-os, e eles começaram a trabalhar imediatamente na preparação, que foi terminada por volta das seis horas .

Tudo pronto.

Os automóveis nos quais os trabalhadores estavam por seguir o balão, já estavam a postos, e tudo estava pronto para o início .

M. Santos-Dumont subiu na barquinha, e o n º 9 navegou pelo o ar, o vento, muito fraco, e até mostrava sinal de maior abrandamento.

Havia uma névoa fina no ar, que foi considerada um sinal de bom augúrio, o tempo continuaria estável.

Antes de mais nada, manobrou o balão em todas as direções para testar os aparatos de direcionamento e, em seguida segui em curva para a Avenida du Bois du Boulogne.

M. Santos-Dumont diz nunca ter visto essa avenida tão deserta.

Nenhuma pessoa estava à vista e não havia outro veículo além dos dois automóveis de seus trabalhadores.

A tentação de continuar a viagem foi muito grande, e M. Santos-Dumont decidiu realizá-la.

Chegou sem dificuldade ao Arc de Triomphe, seu guide-rope arrastava-se ao longo da estrada, logo que não havia perigo de impedir o tráfego, em tal condição.

Ao redor do Arco.

Ele conduziu seu balão em volta do grande arco monumental, contornando bem rente, para testar o mecanismo do leme, e logo em seguida começou sua jornada ao longo da avenida du Champs Elysées, a mesma solidão prevalecia nas ruas como na avenue du Bois, mesmo sendo já quase sete horas.

Clique na imagem acima para ver os controles de direcionamento do Dirigível Santos=Dumont Nº 9

Quando se aproximou de sua residência as ruas começaram a apresentar uma aparência mais viva . 

Operários estavam seguindo para começar seu dia de trabalho, entregadores de jornais iam de casa em casa, e os aguadeiros da cidade começavam a molhar as avenidas.

Ao chegar na porta oposta da sua casa, reconheceu alguns amigos, os quais saudou.

Em seguida, o balão começou a descer e, finalmente, alinhou-se exatamente à porta de entrada.

Os trabalhadores que o seguiam seguraram seu guide-rope.


Sua plataforma de desembarque.

M. Santos-Dumont explicou, mais tarde, que ele não teria mais a necessidade dos serviços de seus trabalhadores para auxiliá-lo no desembarque em sua residência, uma vez que ele já havia construído uma plataforma de desembarque em conexão com sua varanda, só seria necessário chamar um ajudante.

Ele não fez isso ontem de manhã porque não lhes tinha dado aviso prévio de sua intenção.

Esta plataforma de desembarque é um dispositivo excelente, construída de acordo com M. Santos-Dumont a partir dos planos fornecidos em um livro que descreve o futuro da aeronáutica, escrito por um autor Inglês.

Neste volume um sistema completo de balonismo é descrito, e traz todos os detalhes sobre a maneira correta de como aterrissar em casas quando seremos capazes de manobrar um balão.

Clique na imagem acima para ver como Santos=Dumont fazia subir e descer o Santos=Dumont Nº 9  

No início da viagem de regresso, o vento, aumentou consideravelmente em força, o balão foi então conduzido ao longo da avenida por meio do guide-rope.

M. Santos-Dumont não quis a principio adotar esta precaução, mas cedeu aos conselhos de seus assistentes que o alertavam para o perigo.

Uma vez no Bois, no entanto, o guide-rope foi solto, e M. Santos-Dumont continuou sua viagem, contando com os aparatos de direcionamento, e em tempo hábil, após uma experiência bem sucedida, ele chegou ao seu hangar em-St. James.

M. Santos-Dumont está tão satisfeito com sua experiência que ele pretende em breve fazer mais testes do mesmo tipo.”

Dirigível Numero 9 na comemoração de 14 de Julho de 1903 em Long Champ


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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Godofredo Vidal


SEMANA DA ASA - 2022


A Semana da Asa foi idealizada por Godofredo Vidal e viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil,  em 1935. Relembramos hoje um pouco da trajetória deste grande brasileiro, que tanto contribuiu para o fortalecimento da aviação no país.


No dia 28 de abril de 1938, o Major Aviador Godofredo Vidal, o Tenente Coronel Aviador Vasco Alves Secco e o Primeiro Sargento Telegrafista Jayme Janeiro Rodrigues, na época servindo no 5º Regimento de Aviação, atual CINDACTA II, em Curitiba, oficializaram à União dos Escoteiros do Brasil a criação do primeiro grupo de escoteiros do ar, o Grupo Escoteiro do Ar Tenente Ricardo Kirk. Alguns anos depois, em 19 de abril de 1944, foi criada a Federação Brasileira de Escoteiros do Ar, a qual congregava todos os grupos que desenvolviam a modalidade que, na época eram muito poucos, retringindo-se aos Estados do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Foi tamanha a expansão registrada por essa nova modalidade que, em 26 de julho de 1951, o Brigadeiro Nero Moura, então Ministro da Aeronáutica, reconhecendo seus valiosos objetivos entre eles o de incentivar o interesse dos jovens pela aeronáutica, determinou que todas as unidades da Força Aérea Brasileira dessem total apoio aos Grupos Escoteiros do Ar, o que acontece até os dias presentes. O fundador do Escotismo do Ar, Major Aviador Godofredo Vidal, nasceu em 3 de outubro de 1895 em Bagé no Rio Grande do Sul. Seu avô, Engenheiro José Maria Vidal, combateu na Guerra do Paraguai e seu pai, o General Alfredo Vidal, foi o fundador do Serviço Geográfico do Exército, tendo sido ainda o introdutor do processo estereo-fotogramétrico no Brasil. Após cursar o Colégio Militar do Rio de Janeiro, foi mandado pelos pais para estudar Engenharia na Suíça, onde se dedicou por dois anos a estudos e estágios em fábricas européias. Retornando ao Brasil durante a Primeira Guerra Mundial, matriculou-se na velha Escola do Realengo, da qual saiu em 1921 como Aspirante da Arma da Cavalaria. Com o entusiasmo da mocidade, dedicou-se ao pólo nos primeiros ensaios do Órgão Desportivo do Exército, integrando inclusive, a equipe brasileira desse nobre esporte quando em visita ao Chile. Nos devaneios dos sonhos de novas conquistas, matriculou-se na segunda turma do Curso de Pilotos Observadores da antiga Aviação Militar, então recém criada. Em 1928, foi nomeado instrutor da Escola de Aviação Militar por indicação da Missão Militar Francesa. Em 1931, juntamente com o então Capitão Archimedes Cordeiro e o Primeiro Tenente Francisco de Assis Corrêa de Mello, partiu em voo de confraternização pelas Américas, em um monomotor bombardeiro Amiot, de fabricação francesa, batizado como "Duque de Caxias". Este avião era um enorme biplano com entelagem de lona e carlinga descoberta, constituindo-se um desafio à coragem de seus tripulantes. A fatalidade fez com que um defeito mecânico obrigasse a realização de uma aterrissagem forçada entre as cidades de Guaiaquil e Quito, em plena Cordilheira dos Andes. Os tripulantes permaneceram sem contato com a civilização durante três dias até serem socorridos pelos nativos. O Primeiro Tenente Francisco de Assis Corrêa de Mello foi o mais ferido, tendo sofrido extensas fraturas e queimaduras. Em quanto se convalescia dos ferimentos do acidente com o "Duque de Caxias", o Coronel Aviador Godofredo Vidal matriculou-se no curso livre de pintura da Escola de Belas Artes, tendo pintado na época vários quadros. Incapaz para o voo durante o seu longo tratamento, dedicou-se ao magistério secundário, sendo professor do Instituto Lafayette e do Colégio anglo-americano, ambos no Rio de Janeiro. Dominava com perfeição vários idiomas, falando corretamente alemão, francês, espanhol e inglês, e por isso tinha situação privilegiada entre os seus pares. Em 1935, Godofredo Vidal idealizou a Semana da Asa que foi viabilizada pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil, a qual presidiu por muitos anos. A ideia era fomentar o “orgulho aeronáutico brasileiro”, numa época em que desenvolviam-se as primeiras iniciativas para produzir aeronaves em série no país. A data foi escolhida em alusão ao dia do aviador, comemorado em 23 de outubro que, por sua vez, remete ao primeiro voo de um aparelho mais pesado que o ar, o 14 Bis de Santos Dumont. Desde sua criação, a Semana da Asa colaborou sensivelmente para estimular o setor aeronáutico brasileiro. Foi uma festiva “Semana da Asa” do Aeroclube do Brasil, em Manguinhos, Rio de Janeiro, que praticamente consolidou a ideia do então Ministro da Aeronáutica Salgado Filho de criar a Campanha Nacional de Aviação, contando com o poderoso e entusiástico apoio do grande jornalista Assis Chateaubriand e que resultou na criação de quase três centenas de Aeroclubes por todo o Brasil. O Coronel Aviador Godofredo Vidal foi também um dos pioneiros do Correio Aéreo Militar, voando com todos os abnegados precursores pelo sistema "Arco e Flexa", na devassa patriótica dos nossos rincões, com os olhos presos às curvas dos rios, aos acidentes planimétricos e, até mesmo, aos dísticos dos telhados das estações das estradas de ferro, como pontos de orientação das rotas de voo. Em 1934 fundou e organizou o Serviço Metereológico Militar, instalando-o no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Por seus dotes de cultura e sociabilidade foi indicado para representar o Brasil nos seguintes conclaves internacionais: III Conferência Sul Americana de Meteorologia em 1936 no Rio de Janeiro; Conferência Sul Americana de Radiocomunicações também em 1936 no Rio de Janeiro; e a Conferência Interamericana de Aviação em Lima, no Peru, em 1937. Em 1941 sofreu um grave acidente aviatório escapando milagrosamente com os demais tripulantes. Foi durante um voo noturno juntamente com o então Tenente Coronel Carlos P. Brasil e o Capitão Rosemiro Menezes. Ao se aproximar do Campo dos Afonsos, na altura de Honório Gurgel, o avião perdeu a hélice mas conseguiu chegar à cabeceira da pista, que estava às escuras. Com incrível perícia, o piloto, o Capitão Rosemiro Menezes fez a aterrissagem onde todos os tripulantes sobreviveram apesar do avião ficar praticamente destruído. As estatísticas diziam que as chances de sobreviver a um acidente desses era de uma em mil. Por ironia do destino, três meses depois o Capitão Rosemiro morreu de malária, da qual falece um em cada mil doentes. Em 1942, o Coronel Aviador Godofredo Vidal cursou a Escola do Estado-Maior do Exército, dela saindo para integrar o quadro de instrutores da Escola de Guerra Naval, vindo posteriormente a colaborar para a criação da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica, da qual foi o primeiro Subdiretor de Ensino. Nos Estados Unidos cursou a Escola Superior de Tática Aérea, em Orlando, na Flórida, realizando estágios de instrução na Aviação Naval Americana e na Força Aérea dos Fuzileiros Navais. Ainda durante a II Guerra Mundial participou do patrulhamento aéreo do Atlântico Sul; visitou as principais bases aéreas dos Estados Unidos na Comitiva do Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, o Brigadeiro Trompowski; e dirigiu o Curso de Defesa Passiva da Legião Brasileira de Assistência, realizando memoráveis conferências. Em 1948, no posto de Coronel, Godofredo Vidal transferiu-se para a reserva, sendo posteriormente promovido à Brigadeiro e Major-Brigadeiro. Dedicou-se às radiocomunicações como amador com o indicativo PY-1-AT e participou da direção da entidade Nacional que rege o radioamadorismo, a LABRE. Na reserva não parou a sua incansável atividade, dedicando-se aos estudos de Geografia e História, escrevendo artigos e monografias e realizando conferências no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Entre seus trabalhos destacam-se os seguintes: "Próceres da Independência da América", "Estudos de Geopolítica", "Batalhas Aero-Navais da Última Guerra", e a tradução do original italiano da obra clássica de Douhet, "O Domínio do Ar". Exerceu a Vice-Presidência do Instituto de Geografia e História Militar, onde ocupou a cadeira 13, patrocinada por Bartolomeu Lourenço de Gusmão, de quem fez interessante estudo biográfico, ainda inédito. Integrou também os quadros dirigentes do Instituto Brasileiro de Geopolítica. Foi membro correspondente da Sociedade de Geografia de Lima (Peru) e do Instituto Geográfico Histórico da Bahia. Pertenceu também à Academia Valenciana de Letras. Dirigiu o Museu Santos Dumont de Petrópolis, instalando-o na casa onde Santos Dumont residira e dera mostras do seu genial talento, inclusive como arquiteto e construtor. Faleceu após curta doença, no dia 8 de dezembro de 1958.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Anésia Pinheiro Machado


SEMANA DA ASA - 2022

 

Brindando a Semana da Asa - idealizada pelo aviador Godofredo Vidal e viabilizada em 1935 pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil - reproduzimos uma entrevista da aviadora Anésia Pinheiro Machado (1904-1999), publicada no jornal A Noite, do Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1954.

O espírito pioneiro de Santos Dumont e o progresso da aviação no Brasil

"Para mim, tem um significado especial as homenagens prestadas, durante a Semana da Asa, ao grande brasileiro", diz a aviadora Anésia Pinheiro Machado
Como surgiu a ideia da comemoração da Semana

Anésia Pinheiro Machado

Anésia Pinheiro Machado, conhecida aviadora brasileira, membro de numerosas associações aeronáuticas e portadora de vários títulos e condecorações, falando à reportagem do jornal A Noite, a propósito da comemoração da Semana da Asa, a iniciar-se amanhã (17/10/1954), disse que jamais faltou às homenagens que durante ela são prestadas à Santos Dumont. 

Às festas posso faltar - acrescentou - mas não à solenidade em que é homenageado aquele grande brasileiro, pois essa solenidade tem, para mim, um significado especial:


É que conheci Santos Dumont e dele recebi não só as primeiras palavras de louvor e de incentivo, quando em setembro de 1922, fiz o meu voo São Paulo-Rio, como também uma lembrança que conservo como verdadeira relíquia, uma medalha com a imagem de São Bento, igual a que sempre o acompanhava e lhe fora oferecida pela Princesa Isabel.


Como surgiu a ideia da Semana da Asa

Anésia Pinheiro Machado conta como surgiu a ideia da Semana da Asa


A ideia da instituição dessa Semana brotou em 1934, por ocasião do 1º Congresso de Aeronáutica. Sua concretização, no entanto, só ocorreu no ano seguinte, por iniciativa da Comissão de Turismo Aéreo do Touring Clube do Brasil. A partir de então, pode-se verificar o grande impulso que nossa aviação vem tendo.

Santos Dumont, gênio sempre lembrado


A Semana da Asa, criada com a finalidade de estimular o desenvolvimento da mentalidade aeronáutica em nossa terra - continuou a aviadora - sempre inclui, em suas comemorações, uma parte cultural, visando, principalmente, a juventude, mas não é esquecida a nossa aviação atual, nem são esquecidos os pilotos civis.


Durante a Semana é exaltado o trabalho de nossos pioneiros e a figura do genial Santos Dumont é sempre lembrada e homenageada, inclusive por meio de uma romaria ao monumento sob o qual repousam seus restos mortais e que reproduz fielmente o monumento com que a França consagrou nosso patrício.

O Dia do Aviador

A oficialização da Semana da Asa e do Dia do Aviador - disse ainda Anésia Pinheiro Machado - é fruto do trabalho da Comissão de Turismo Aéreo, que reúne entre seus membros aviadores civis e militares, jornalistas e personalidades destacadas de organizações nacionais. Para o Dia do Aviador foi escolhido o 23 de outubro, porque nessa data, em 1906, em Paris, Santos Dumont realizava seu memorável voo.


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domingo, 23 de outubro de 2022

Especial de Domingo

Brindando a Semana da Asa - idealizada pelo aviador Godofredo Vidal e viabilizada em 1935 pela Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil - destacaremos esta iniciativa na abertura das publicações até o próximo sábado. No texto e imagens de hoje, um brinde especial ao 23 de outubro.
Boa leitura.
Bom domingo!

SEMANA DA ASA - 2022


23 de Outubro:
Dia do Aviador e Dia da Força Aérea Brasileira
Celebra-se, em 23 de outubro, o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira (FAB). A data reverencia os aviadores que cruzam os céus inspirados pelo pai da aviação, Alberto Santos-Dumont. A data lembra o maior feito do brasileiro inventor, quando, em 1906, realizou o primeiro voo com uma aeronave mais pesada que o ar, capaz de se mover e decolar por seus próprios meios mecânicos e voar aproveitando as forças aerodinâmicas. A bordo do avião 14-Bis, Dumont decolou do campo Bagatelle, na França, marcando a evolução nos meios de transporte. Naquele 23 de outubro de 1906, o brasileiro percorreu 60 metros em sete segundos, voando a uma altura de dois metros do solo, perante mais de mil espectadores e da Comissão Oficial do Aeroclube da França. Como diz o lema do NINJA (Núcleo Infantojuvenil de Aviação), “Voar é um desejo que começa em criança!”. Assim, 116 anos depois da proeza de Santos Dumont, meninos e meninas sonham em ser pilotos. Quando jovens e adultos, realizam o sonho numa variedade de oportunidades civis e militares.

Aviadores civis
Os aviadores do meio civil – que garantem o segmento econômico do transporte aéreo - começam suas carreiras em monomotores a pistão, voando nas escolas de aviação, como as mantidas por aeroclubes, empregando, principalmente, aeronaves como o Aeroboero, Paulistinha e Cessna 150. Uma boa parte desse contingente ingressa, posteriormente, na aviação executiva ou em empresas comerciais, pilotando grandes jatos com capacidade de transporte para dezenas ou centenas de passageiros. Noutra vertente, entusiastas mantém a mesma chama como aviadores, voando profissional, desportiva ou particularmente em aviões menores, incluindo aeronaves de fábricas renomadas ou de construção experimental, como os ultraleves convencionais ou pendulares (trikes) e girocópteros.

Aviadores militares
Os aviadores do segmento militar iniciam suas carreiras na Academia da Força Aérea – em Pirassununga (SP) - ou nos centros de instrução da Marinha – em São Pedro da Aldeia (RJ) - e do Exército – em Taubaté (SP).
Depois de formados, os pilotos militares atuam nas Aviações de Caça, de Transporte, de Asas Rotativas e de IVR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento). Na FAB, o primeiro avião a ser voado pelo cadete é o monomotor T-25 Universal.
Nas aviações Naval e do Exército, o primeiro contato com a prática de pilotagem ocorre com helicópteros Esquilo ou Fennec. 

Comemoração em 2022
Uma cerimônia alusiva ao Dia do Aviador e ao Dia da Força Aérea Brasileira (FAB) ocorreu na manhã desta sexta-feira, 21 de outubro de 2022, na Base Aérea de Brasília. A tropa foi formada por Oficiais e Cadetes da Academia da Força Aérea (AFA) e militares da Guarnição de Aeronáutica de Brasília. Quase 200 pessoas foram agraciadas com a imposição da Medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA). A solenidade foi presidida pelo Vice-Presidente da República, Antônio Hamilton Martins Mourão, acompanhado do Ministro de Estado da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira; do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior; além de outras autoridades. 

Esquadrilha da Fumaça
O evento contou, ainda, com as manobras do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), mais conhecido como Esquadrilha da Fumaça, além do sobrevoo das novas aeronaves da FAB, como o KC-30, da Aviação de Transporte, e o F-39 Gripen, o novo avião de caça.

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sábado, 22 de outubro de 2022

Datas Especiais

22 de outubro: Dia do Paraquedista
Neste 22 de outubro, é comemorado o Dia do Paraquedista. Celebra o feito, em 22 de outubro de 1797, do engenheiro francês André Jacques Garnerin, ao saltar de paraquedas, no Parc Monceau, em Paris, a partir de um balão a mais de 900 metros de altura. Garnerin baseou-se num modelo aerodinâmico de Leonardo Da Vinci. Na altura desejada, o francês cortou a corda que prendia o balão à sua cesta, automaticamente abrindo o paraquedas. Isso fez com que o primeiro paraquedista descesse em direção ao chão dentro de cesta sustentada um por velame de seda.
O paraquedas reduziu a velocidade do salto e proporcionou uma aterrissagem segura, apesar de seu inventor ter enfrentado oscilações para voltar ao solo.

De avião
Os princípios básicos dessa invenção permanecem inalterados até hoje. O salto com paraquedas feito a partir de um avião só aconteceu em 1912, pelo capitão do exército norte-americano Alverty Berry. O primeiro salto de paraquedas realizado por uma brasileira é creditado à jovem Vicentina Gomes. Ela saltou sobre o Campo de São João, em Porto Alegre (RS), no dia 08 de janeiro de 1928. De forma sistematizada, no Brasil, o paraquedismo teve inicio com Charles Astor, em 1931, no Aeroclube de São Paulo. Atuou sozinho formando alunos pelo Brasil e foi incentivador do esporte. Em 1941, no Campo dos Afonsos - RJ, 12 alunos de Astor realizaram o primeiro salto coletivo na América do Sul. Atualmente, os paraquedistas civis brasileiros são organizados em torno da CBPq - Confederação Brasileira de Paraquedismo.

Esporte e operacional
O paraquedismo é um esporte e uma especialidade operacional militar. Embora o início na atividade e o lançamento de tropas, no Brasil, empregue os lendários semiautomáticos T-10, acionados por uma fita que fica presa ao avião, a evolução tecnológica proporcionou as saltos em queda livre passarem dos paraquedas de velame redondo aos elípticos e, ultimamente, aos do tipo asa. Três equipes regulares de competição são formadas por militares: Netunos, da Marinha do Brasil; Cometas, do Exército Brasileiro; e Falcões, da Força Aérea. No emprego operacional, todas as Forças Armadas do Brasil dispõem de combatentes treinados para incursões por meio de paraquedas.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Indústria Aeronáutica

Embraer terá três E195-E2 voando na Bélgica com a TUI
A TUI, um dos principais grupos de turismo do mundo, selecionou o Embraer E195-E2 para integrar a sua frota na Bélgica. A TUI receberá três jatos E195-E2 da AerCap por meio de um contrato de leasing de longo prazo. A aeronave, equipada com motores Pratt & Whitney GTF, será entregue em uma configuração de classe única de 136 assentos no primeiro semestre de 2023. O E195-E2 é o avião mais silencioso e eficiente de sua categoria, de até 150 assentos.

Fonte: Embraer, em 20/10/2022

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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Datas Especiais

20 de outubro:
Dia do Controlador de Tráfego Aéreo é comemorado com palestras no ICEA
Para celebrar o Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo, neste 20 de outubro de 2022, o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) promove uma série de palestras, em sua sede, dentro do campus do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP). O evento tem o objetivo de homenagear os profissionais de tráfego aéreo e congregar controladores em atividade e veteranos. As palestras refletirão os avanços nas tarefas, procedimentos e equipamentos de proteção ao voo. As apresentações abordarão os temas: Demanda e Capacidade – Visão da gestão do fluxo de tráfego aéreo; A doutrina no SISCEAB (Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro); Projetos ATM (Gerenciamento de Tráfego Aéreo) relacionados ao Espaço Aéreo; Mobilidade Aérea Urbana (UAM); Indicadores de desempenho ATM; Perspectivas da (empresa) NavBrasil no SISCEAB.

Data
A comemoração do Dia do Controlador de Tráfego Aéreo faz referência à realização, em 20 de outubro de 1960, na Grécia, do 1º Encontro Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo. No Brasil, a formação, capacitação e aperfeiçoamento técnico em controle de tráfego aéreo ocorrem na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), localizada em Guaratinguetá (SP), e no Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), sediado em São José dos Campos (SP). A capacitação em gestão sistêmica é realizada no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa (MG). Embora uma Torre de Controle seja a imagem mais recorrente como local de trabalho do controlador de movimentos aéreos, o profissional desse segmento da aviação desempenha múltiplas funções e atua em diferentes setores operacionais, gerenciais, de pesquisa e de ensino. Trabalha, principalmente, como operador em Torres de Controle, Controles de Aproximação, Centros de Controle de Área, Centros de Operações Militares, Centros de Coordenação de Busca e Salvamento (Salvaero) e no Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA). Também pode atuar em pesquisas, gestão de unidades de proteção ao voo e instrução. No Brasil, o universo de especialistas em controle de tráfego aéreo é responsável pelo acompanhamento de cerca de 10 mil planos de voos comerciais domésticos, embora uma parte não se efetive em todos os dias da semana, realizados entre 146 localidades, pelas atuais companhias em operação: Azul, Latam, Total, Azul Conecta, MAP, Sideral, Gol e Passaredo. Além dos voos internacionais, militares e da aviação geral. 

Pioneiros
A primeira experiência de controle de aeródromo no país, segundo o livro “Torres de Controle do Brasil”, ocorreu em 1941, no Campo dos Afonsos (RJ), onde operadores iniciaram transmissões para apoiar os aviões da Escola de Aeronáutica, a partir da janela de um improvisado posto de observação, até ser substituída por uma torre de madeira.
Ainda em 1941, foi instalada a primeira Torre de Controle, de fato, num aeroporto brasileiro, o Rio de Janeiro / Santos Dumont, sobre o hangar 3, como empreendimento da empresa Panair. Mais tarde foi transferida para um ponto sobre o terminal de passageiros. Em 1945, a Torre do aeroporto Santos Dumont e seus operadores passaram para a esfera governamental, com controladores da FAB e, posteriormente, por funcionários da Infraero e, atualmente, da empresa NavBrasil. As ativações das pioneiras torres de controle no Brasil, nos aeroportos Campo dos Afonsos e Santos Dumont, ocorreram cinco anos após a inauguração, em 1936, da primeira Torre de Controle dos Estados Unidos, em Cleveland, e 21 anos depois da primeira Torre da história, no Reino Unido, no aeroporto de Croydon/Londres. Esta foi inaugurada em 25 de fevereiro de 1920 e iniciou as operações dentro de um pequeno edifício de 4,6 metros de altura com quatro grandes janelas, com a tarefa de prover informações sobre tráfego aéreo e meteorologia para os pilotos. As Torres de Controle, nos dias atuais, permanecem com o mesmo princípio dos pioneiros. Todavia, com mais recursos de telecomunicações e acessórios para vigilância do entorno. Em alguns casos, no Brasil, dispõem de repetidoras do mesmo sinal radar empregado nos controles de aproximação, como o VISIR (Visualizador de Imagem Radar), desenvolvido pelo ICEA (Instituto de Controle do Espaço Aéreo). As antigas fichas de progressão de voo (FPV), preenchidas com caneta para registro das operações, deram lugar às anotações em programas de computadores, ditos sistemas de gerenciamento de torres de controle (SGTC) e, ultimamente, a um programa sucessor, chamado Tatic (Controle Total da Informação de Tráfego Aéreo).

Organizações
Os profissionais de tráfego aéreo podem ser civis ou militares e fazem parte de organizações como o Comando da Aeronáutica, Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e NavBrasil, além de empresas privadas e públicas com concessão para prestação de serviço de tráfego aéreo. Ainda de acordo com o livro Torres de Controle do Brasil, entre outras habilidades desejáveis para o desempenho da função de controlador de tráfego aéreo estão: raciocínio rápido, controle emocional, raciocínio espacial, capacidade de rápida adaptação às mudanças operacionais, capacidade de atuar em grupo, capacidade física e orgânica para atuar em turnos durante o dia ou noite, domínio de informações geográficas, conhecimentos de navegação aérea, meteorologia e comunicações. Os controladores e demais especialidades relacionadas à proteção ao voo contribuem para o SISCEAB (Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro), cujo órgão central é o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), que tem sob sua responsabilidade mais de 22 milhões de Km² de espaço aéreo, compreendendo as partes continental e oceânica, que se estende até o meridiano 10º Oeste. Esta área é dividida em cinco Regiões de Informação de Voo (FIR): Brasília, Curitiba, Recife, Amazônica e Atlântico.


Imagens da pioneira Torre Afonsos: Reprodução do filme “O Segredo das Asas” (1944), de Humberto Mauro. Fotografias: FAB e NINJA

Texto: Redatores do NINJA

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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Brasil - Chile

FAB está no Chile no Exercício Multinacional Salitre IV
A Força Aérea Brasileira (FAB) participa, desde 10 e segue até 21 de outubro de 2022, do Exercício Aéreo Combinado Multinacional SALITRE IV. O treinamento de combate aéreo, promovido pela Força Aérea Chilena (FACh), conta com a participação de recursos aéreos e humanos das Forças Aéreas da Argentina, Brasil e Chile, de uma célula da Força Espacial dos Estados Unidos, além de observadores do Canadá, Peru, México e Uruguai, para a atuação conjunta no padrão OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Aeronaves
Participam do Exercício seis caças F-5M e um KC-390 Millennium da FAB. Além disso, a atividade contará com a participação de aviões de combate chileno F-16, F5 Tigre III, A-29 Super Tucano, A-36 Toqui; da Argentina IA-63 Pampa III e A-4R Fightinghawk; além de aeronaves de apoio ao combate FACh C-130 Hercules, KC-135E Stratotanker e helicópteros MH-60M Black Hawk e Bell 412. 

Cooperação
O objetivo do Exercício Salitre é expandir a cooperação e as relações entre as Forças Aéreas envolvidas, aumentando sua interoperabilidade por meio de um planejamento comum em formato OTAN. O evento é, ainda, uma oportunidade para treinamento de tripulações, sistemas de comando e controle, bem como sistemas de logística e pessoal na área de Defesa.

Fonte: FAB

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terça-feira, 18 de outubro de 2022

Conhecimentos Técnicos

Estabilizador horizontal e profundor
O “Estabilizador Horizontal” (horizontal stabilizer em inglês) é a superfície horizontal da parte traseira da fuselagem usada para estabilizar ou balancear o avião. Previne movimentos de subida e descida do nariz. No estabilizador horizontal está o profundor. O “Profundor” (elevator em inglês) é a seção horizontal móvel da empenagem, anexada ao estabilizador horizontal, que proporciona ao avião mover-se para cima e para baixo, mediante movimentos longitudinais no manche. Durante a decolagem é usado para levantar o nariz e executar a subida.

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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Biblioteca Ninja

VENCENDO O AZUL
“Vencendo o Azul: A história da indústria e tecnologia aeronáuticas no Brasil” é uma obra do historiador João Alexandre Viégas. O livro reconstitui a evolução das tecnologias aeronáuticas no Brasil revelando a relação dessa indústria com o Estado em seus aspectos econômicos e políticos. Constitui importante contribuição à historiografia dedicada ao estudo da técnica e tecnologias no País e evidencia o caráter histórico social do desenvolvimento tecnológico brasileiro.

Brochura, 19x24 cm, 221 pp. 1ª ed. Ilust. Duas Cidades/CNPQ, 1989.

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domingo, 16 de outubro de 2022

Especial de Domingo

Brindando o Dia dos Professores, comemorado ontem, publicamos um antigo e magnífico conteúdo do blog Pery de Serra Negra.
O saudoso Pery - Hypérides Lamartine -  que voou em 2014 para a eternidade, deixou histórias e ensinamentos maravilhosos que sempre visitamos em seu blog.
Boa leitura.
Bom domingo!

APRENDENDO A VOAR COM DOZE AULAS

Paulistinha CAP-4 fabricado no Brasil 

Nos anos 40 (1940/50), no tempo da “Campanha Nacional de Aviação”, o ensino nessa área era muito elementar, mesmo porque os aviões que se usavam para formar “Pilotos Privados”, eram também muito simplificados e exigia pouco, tanto do Instrutor como do aluno. No ano de 1947, fui instrutor no Aeroclube de Joinville/Santa Catarina, onde preparei uma turma de pilotos. Com a precariedade de manuais, tanto para os alunos como para o instrutor, cuidava-se muito mais da parte prática dos voos do que da teoria necessária para o aluno-piloto. Naquele período, adotei o roteiro que segue abaixo, orientado que fui durante o aprendizado no curso realizado no Aeroclube de Pernambuco. Enquadrar o curso dentro de doze aulas, que seriam repetidas quantas vezes fossem necessárias, dependendo do grau de aproveitamento do aluno. Naturalmente que era um sistema bastante simplificado, mas funcionava e poderia servir de referência para o curso dado hoje, dentro da modernidade experimentada pela aviação. 

Cabine de controle do Paulistinha 

Providências prévias:
Informações para o candidato que pretendia iniciar na aviação esportiva. O ideal era procurar um Aeroclube para fazer o treinamento mais econômico; antes mesmo de pensar no avião, o aluno teria de submeter-se à exames de saúde, cuja orientação era encontrada nas secretarias dos Aeroclubes. Depois de aprovado na saúde, fazia uma parte teórica necessária, para que ele se familiarizasse com o avião e tomasse conhecimento dos regulamentos que regiam às Leis brasileira nesta área. Era tudo muito rápido e de fácil compreensão. Os Aeroclubes dispunham de monitores para dar esses ensinamentos. Só então se entrava na parte prática, que seria dada em aviões do tipo “trainers”, com duplo comando, por serem eles, os mais simples e os mais fáceis para o aluno aprender. 



1ª Aula:
Pode ser chamado “voo de adaptação”. O monitor (ou Instrutor) levava o aluno para um voo panorâmico de pelo menos 20 minutos; antes de pousar fazia umas “manobras acrobáticas” a fim de sentir a reação do aluno. Nesta oportunidade não se devia ensinar nada pois o aluno não estava preparado para absorver os ensinamentos. Normalmente na volta ele sentia enjoado e tremulo, mas isso era normal e não era motivo para o corte a menos que ele próprio tomasse a decisão de desistir. Em toda turma acontece os desertores. Depois do pouso, fazia-se um “briefing” para saber o que tinha se passado com o aluno durante o voo e se iria continuar. 

2ª Aula:
Nesta aula já começava o ensinamento com a inspeção do pré-voo. O avião nos calços,ficava estacionado no pátio em frente ao hangar . O Instrutor fazia a inspeção geral, acompanhado do aluno, mostrando os pontos que deveriam ser verificados; o trem de pouso, pneus, fixação dos lemes, das asas e ausências de rasgões na tela; se tudo estava normal, autorizava-se o aluno ocupar o lugar do piloto, ajustava-se a posição do assento e afivelava-se o cinto de segurança. O Instrutor ocupava o seu assento na poltrona dianteira. (Aqui vai um esclarecimento: Nesse tipo de avião, o aluno ocupa o assento traseiro pelo simples fato de que no voo solo ele terá que ocupar esse lugar para equilibrar o balanceamento e o centro de gravidade da aeronave). 

Piper J-3 

Atenção
Normalmente esses modelos de avião usados para as aulas iniciais são despojados de equipamentos dispensáveis; são muito simples, não tem “start” (motor de arranque), para fazer o motor funcionar, aciona-se através da hélice. A fim de evitar acidentes terá que haver um diálogo entre o aluno e a pessoa (mecânico) que está movimentando a hélice. O diálogo dá-se do seguinte modo: - Magnetos desligados? Fala o mecânico. O aluno examina a chave de contatos na posição desligados e responde: OK!... A hélice é movimentada manualmente duas ou três vezes pelo mecânico, que pede: Contato!... O aluno responde a palavra 'Contato' e só depois é que liga os magnetos. A essa altura o motor já funcionando, deixava-se a mil rotações (RPM) uns cinco minutos para aquecer, até atingir a temperatura 40ºC. Enquanto esperava, o instrutor ia dando informações sobre o voo daquele dia. Cheque de motor, decolagem, saída do tráfego do aeroporto, voo de subida em curvas de 45 graus, nivelar, voo de cruzeiro, neste ponto se fazia os ajustes no compensador para que o avião ficasse estabilizado. O Instrutor ia pilotando o tempo todo para familiarizar o aluno com o avião. Pede que ele acompanhe com a mão sobre o manche, sem apertá-lo, simplesmente para sentir o comando, ver a paisagem e habituar o ouvido as mudanças bruscas de altitude. Lá em cima ele tentava explicar as funções dos comandos. No manche são concentrados quatro comandos: de subida manche para trás, de descida, manche para frente, curva para direita ou esquerda usando sempre o manche . O comando dos pedais faz o avião mudar de rumo. O uso coordenado desses comandos (manche e pedais), com o decorrer dos exercícios, era o que o aluno teria que aprender. Terminada a aula, a descida se daria ao contrário, sempre o aluno acompanhando através do manche, sem no entanto, tomar qualquer ação. Normalmente é o pouso que impressiona o aluno; ver o chão aproximando-se e não saber quando o instrutor vai tomar alguma providência. Depois do pouso e estacionamento da aeronave, era comum o aluno deixar o avião bastante excitado e trêmulo. Nenhuma dessas reações desclassificava o aluno para o curso, a menos que ele próprio, com a sua auto avaliação, desistisse. 

Paulistinha - CAP-4 


3ª Aula:
O instrutor começava a transferir para o aluno algumas funções acompanhando-o de perto: a inspeção da pré decolagem, seguindo o roteiro já dado na aula anterior. Lembrando que se tratava de um monoplano de asa alta construída em armação de aço e alumínio com cobertura de tela. Trem de pouso fixo com feios hidráulicos, bequilha comandada (aquela rodela na cauda), lemes vertical e horizontal ligados ao manche (comando de mão dentro da cabine) e a fuselagem construída com tubos de aço inoxidável cobertos com tela. Nesse modelo usava-se um motor de 65 HP e hélice de madeira. 

Informações da cabine:
espaçosa para dois lugares em tandem (em fila), comando duplo (tanto o da mão como dos pés), freio de estacionamento, comando do estabilizador (compensador), chave de contatos dos magnetos, bagageiro atrás do assento traseiro. 

No painel os instrumentos: 
Contagiros (RPM – rotações da hélice), velocímetro (KPH ou MPH quilômetros ou milhas por hora), bússola, indicador de pressão do óleo e da temperatura do motor e nível de curvas. Era o mínimo de que se necessitava para um avião “trainer” poder ser usado. 

4ª Aula:
Esta aula era para o aluno identificar e entender as funções dos comandos. Ela começava com o avião ainda no estacionamento. O comando de asas chama-se “ailerons”; são ranhuras móveis no bordo de fuga das asas (uma em cada lado), com o objetivo de fazer o avião girar para a esquerda ou para direita quando se vai fazer uma curva. Elas funcionam conjugadas, quando uma sobe a outra desce. 


Na figura apresentada do avião, são identificados na asa além dos ailerons, os flaps que são freios aerodinâmicos, para facilitar o pouso ou ajudar nas decolagens. Nos pequenos aviões, esse equipamento é dispensável. O aluno só vai ter contato com eles quando passar para um avião mais pesado. Os lemes - o avião tem dois comandos localizados na cauda: um vertical (leme) destinado a manter ou mudar o rumo do voo e outro horizontal (profundor) destinado a manter o voo horizontal, subir ou descer. Os lemes são compostos de duas partes: uma fixa e outra móvel. As partes fixas servem para nelas serem montadas as partes moveis. Estão todas localizadas na cauda do avião. Dentro da cabine são encontrados os comando que atuam nos “ailerons” e nos lemes. Trata-se de uma peça metálica, em forma de bengala que está conectada aos “ailerons” e o leme horizontal. O leme vertical ou de direção é conectado aos pedais. Na cabine ainda se encontra uma pequena manivela que regula a posição do leme horizontal, a manete de aceleração do motor e a chave elétrica dos magnéticos. Já todo identificado, partia-se para voar, a fim do aluno sentir e entender os comandos do avião. Depois daquele ritual,o pré-voo que o aluno fazia diante do instrutor embarcavam para a decolagem. Na rolagem para a cabeceira da pista o instrutor já começava a entregar algumas funções ao aluno para que ele começasse a raciocinar sobre o domínio da máquina. Nesse modelo de avião, aluno no assento traseiro, não consegue ver a frente. O instrutor ensina fazer a rolagem em “S” e pára a 45 graus da pista de onde pode-se ver toda a área de decolagem, aguardando a autorização torre de controle se ali houver. Caso negativo o piloto ver se a área está desimpedida, centraliza o avião no eixo da pista e acelera. (Aqui vale uma observação – nunca desperdiçar para trás um pedaço da pista, ela poderá lhe fazer falta lá na frente, numa emergência). Nesse estágio do curso, o instrutor levava o aluno lá para cima afim de que ele, com suas próprias mãos experimente as reações dos comandos quando acionados. Curvas para direita e para esquerda com diversas inclinações, voos de subida e de descida, voo planado sem motor, acelerar e reduzir o motor, mostrar ao aluno o ponto crítico em baixa velocidade quando o avião cai em perda (stal); claro que esse treinamento terá que ser repetido daí para frente em varias aulas até que o aluno se torne auto suficiente. No retorno para o pouso, o instrutor continuava entregando ao aluno alguns momentos para que ele se familiarizasse com tudo. Até ao pouso o aluno devia acompanhar com a mão no manche e com certeza faria a rolagem até o pátio de estacionamento. 

 Cabine de controle do Paulistinha 


5ª Aula:
Na quinta aula repetia-se a quarta, o instrutor acompanhava o aluno,deixando-o bem a vontade para agir e ele ficava verificando onde o aluno ainda não tinha absorvido e procurava fazer as correções. Na decolagem é comum o aluno não manter a reta. É uma decorrência de dois fatores: a tendência que todo avião de hélice tem de mudar o rumo para o lado contrário a rotação na hélice. Por precaução convém, antes mesmo da aceleração usar o comando de pé para neutralizar essa tendência natural. O vento, quando não está bem de frente na pista, pode também atrapalhar a se manter a reta. Na decolagem pode ocorrer outro problema fácil de ser corrigido. O avião ou sai muito cedo ou muito tarde do chão. Aí entra uma correção através do estabilizador, que para a decolagem deve estar ligeiramente na posição “cabrar”, ou seja, para o avião deixar o chão no momento certo e em voo atua-se nele quando chegar o momento do voo de cruzeiro. 

6ª Aula:
Na sexta aula o instrutor acrescentava a matéria dada nas duas aulas anteriores, a decolagem e o pouso; o aluno fazia a rolagem do avião até a pista de decolagem tomando todas as providências que ele já havia aprendido, centralizava o avião no eixo da pista, levava a manivela do estabilizador para a primeira posição “cabrar” para que o avião saísse sozinho do chão. Ataque o motor para potência máxima e logo que ele despregue reduzir para 2000 o RPM, controle a velocidade que deve ficar na subida acima de 100 KPH, curva de pequena inclinação para esquerda e sair do tráfego para executar os exercícios programado para aquele voo. Nessa altura o aluno começava a receber informações sobre o uso dos instrumentos do painel. O contagiro, o altímetro, o velocímetro, o nível de curva e os instrumentos de pressão do óleo e a temperatura do motor. Só pelo nome já se identificava o instrumento que auxilia o aluno/piloto nas decisões: - Contagiro - mostra as rotações da hélice por minutos (RPM). -Altímetro – mostra a altitude em metros ou pés dependendo da procedência do avião. -Velocímetro - mostra a velocidade em quilômetros por hora (KPH). Os aviões de procedência americana usam milhas (MPH) ou Nós (aviões ligados a marinha). Curva de Nível - trata-se de um instrumento muito simples composto de um tubo de vidro, curvo, formando um pequeno arco com um líquido dentro; pode ter lá dentro uma bolinha metálica lembrando uma rolimã, quando a curva do tubo é para baixo, quando é ao contrário tem simplesmente uma bolha de ar. O objetivo desse “nível de curvas” é acusar a curva mal feita: derrapada (quando o avião é jogado para fora da curva), ou “glissada” quando a reação do avião é para dentro da curva. No passado, quando o ensinamento de aviação ainda deixava muito a desejar, quando em baixa altura chegou a provocar acidentes fatais. O uso desse instrumento vai ter uma grande valor na pilotagem e se aprende a usá-lo rapidamente quando iniciar os exercícios de coordenação de comando sobre o eixo. 

Porta do Piper J-3 - CUB 


7ª Aula:
A sétima aula seria um repetição da sexta. Por uma questão de segurança, deveria se repetir a sexta aula quantas vezes fosse necessário ate que o aluno tivesse absorvido totalmente os conhecimentos dados. 

8ª Aula:
Ainda repetindo a sexta aula, acrescentava-se um novo treinamento: exercício de coordenação de comandos, executado sobre o eixo do avião. Em voo horizontal, fixa no horizonte um ponto e coloca-se o avião dirigindo para o ponto escolhido. Aplica-se simultaneamente o comando de asa e de pé para o mesmo lado e para o outro sucessivamente, sem perder altura e nem o ponto de referência fixado. Deve-se repetir o exercício em pelo menos cinco vezes em cada voo. 

9ª Aula:
Tratava-se de uma repetição da oitava aula, acrescentando-se outro exercício que se chama “exercício de coordenação de comandos com 45 graus para cada lado do eixo do avião”. As exigências eram as mesmas da coordenação anterior. Com esses dois exercícios, quando bem treinados, conseguia-se que o aluno executasse as curvas corretamente e aprendesse a aplicar o comando de pé e mão nas quantidades exatas para o avião nem derrapar ou “glissar”. Sendo assim, sai uma curva perfeita e com segurança. É importante que aluno observe que em toda curva, o nariz do avião fica pesado e ele faz a compensação com o leme horizontal, puxando o nariz para cima. 


10ª Aula:
O aluno já sabia decolar mantendo a reta, sair do tráfego, fazer voo de subida em curvas de 45 graus, sabia fazer as curvas sem perder altura, e só faltava aprender a pousar. Esta décima aula devia ser repetida quantas vezes fosse necessário, pois o treinamento estava no final e, em seguida procedia-se o treinamento de pousos. 

11ª Aula:
Decolagens e pousos. A decolagem já foi vista na sexta aula; esta aula era para se treinar a pousar. Para facilitar iniciava-se fazendo-se a tomada de campo em linha reta com a pista. Vem para o pouso a 300 metros de altura com a pista a sua frente. A hora de reduzir o motor com o treinamento o aluno descobre o ponto exato. O motor é reduzido, a velocidade é trazida para (no caso do Paulistinha) 90 kph, o nariz fica pesado e compensa-se com o estabilizador e o avião avança para pista. Numa altura aproximada do solo de uns 5 metros de altura, o avião é nivelado e ele vai afundando e antes que toque com o trem de pouso no solo o nariz será elevado acima do horizonte e espera-se, o toque no solo dá-se a seguir. Mantem-se a reta até o avião parar. Se a pista não for longa, aplica-se um pouco dos freios, um pé de cada vez até ele parar. Só então inicia-se o taxiamento ou rolagem para o hangar ou para o início da pista para outra tentativa, procedendo-se como na primeira vez. Esta aula teria que ser repetida quantas vezes fosse necessário, até que o aluno aprendesse a pousar corretamente com o seu próprio raciocínio. 

Piper J-3 


12ª Aula:
Esta aula era a decisiva. O instrutor teria que repassar todo o treinamento acompanhando o aluno e tirar alguma dúvida ou algum defeito adquirido. Claro, que essa aula ele iria repetir várias vezes, até estar seguro de que o aluno estava pronto para voar sozinho. Soltar o aluno ”solo” fica a critério do instrutor que, certamente, irá fazer nessa décima segunda aula. Para um bom treinamento usava-se dois modelos de avião: um de fabricação americana – Piper J-3 e o outro fabricado em São Paulo, o Paulistinha ou Neiva CAP-4 que são semelhantes, em último caso um similar. Os dois modelos sugeridos, apesar da fabricação agora estar interrompida, ainda se encontra em uso nos aeroclubes pelo Brasil afora. As informações dadas aqui servem para ambos que são semelhantes entre si. Apenas o fabricado no Brasil é ligeiramente mais pesado. 

Painel de Instrumentos do Piper J-3 

O Piper J-3, fez tanto sucesso que chegou a ser usado na 2ª.Guerra Mundial pelas Forças Americanas nos serviços auxiliares. Até 1939 já havia sido fabricado mais de 20 mil unidades desse modelo. 

 Painel de Instrumentos 

A simplicidade do painel de instrumentos é um ponto positivo para a facilidade do treinamento e a compreensão rápida do aluno. 


Estas são as doze aulas mais importantes para o aluno-piloto. O necessário é que elas sejam repetidas quantas vezes forem possíveis, até que o aluno domine o avião com seus próprios meios, antes de fazer o “voo solo”. Daí pra frente, o instrutor passará a ensinar manobras acrobáticas, corrigir vícios adquiridos, aperfeiçoar a boa pilotagem e a segurança do voo. Cada instrutor tem o seu modo, porém irá insistir em exercício de “coordenação de comandos”, “coordenação de 45 graus”, “oito sobre marcos” e “entrada e saída de parafuso”. À medida que o aluno faz mais horas de voo vai se tornando confiante com uma pilotagem refinada. Lembrem-se : Algumas atitudes básicas para se ter um bom desempenho com segurança, é estar se sentindo confortável na poltrona de comando, cinto bem afivelado, descontraído e segurando os comandos com delicadeza. Faça do avião a sua namorada.

Pery Lamartine 
Instrutor de Pilotagem Elementar Licença no. 3205
Emitida em 22-06-1953 Divisão de Operações
Diretoria de Aeronáutica Civil
Ministério da Aeronáutica


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