Aeronáutica:70 Anos de História(Década de 70-Parte 2)
Novas aeronaves modernizam as aviações da FAB nos anos 70
A aviação de asas rotativas e de instrução também receberam novas aeronaves na década de 70. A Força Aérea adquiriu mais helicópteros Bell H-13H para a instrução de pilotos e Bell UH-1H para os Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque (EMRA), que também receberam o jato Xavante no lugar dos veteranos North American T-6. O Xavante havia entrado em operação em 1971. Aviões T-23 Uirapuru substituiriam os velhos Fokker T-21 e consolidou-se a introdução do Neiva Universal T-25, em substituição aos antigos T-6 para a instrução dos novos pilotos. Aviões Regente L-42 foram disponibilizados nos EMRA para missões de ligação e observação. No final da década, a aviação de patrulha ganhou um reforço, com a versão do Bandeirante para patrulhamento marítimo, produzido pela EMBRAER.O P-95 “Bandeirulha” preencheu uma lacuna na FAB após a desativação dos P-15 Netuno. A versão inicial foi recebida entre 1977-79 (12 unidades). Na área operacional, foi criado o Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE) em Natal (RN), com a finalidade de ministrar a instrução aérea operacional para os pilotos de ataque e de caça da FAB, bem como formar pilotos para a reserva. Após um período voando aviões de transporte ou helicópteros militares, eram entregues para a aviação civil.Também foi criado, em 1972, o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), que recebeu aviões a jato HS-125 de última geração e Bandeirante para a importante tarefa de inspeção em voo dos auxílios à navegação em substituição aos Douglas EC-47 e Beech Queen Air EC-8.
Xavante:a indústria nacional produz seu primeiro jatoPrimeiro jato a ser fabricado no Brasil, o Xavante fez seu primeiro voo de teste em 3 de setembro de 1971 sob o comando do Major-Aviador Carlos Rubens Resende e pelo piloto de provas Brasílico Freire Neto. No dia 7 daquele mês, a aeronave fez seu primeiro voo ofi cial pela Força Aérea, nas comemorações do Dia da Pátria. No dia seguinte, foram entregues os três primeiros aviões Xavante, com a designação militar de AT-26.Até dezembro de 1976, a FAB já havia adquirido 119 unidades. A trajetória do Xavante na FAB surgiu em conseqüência de uma necessidade do Ministério da Aeronáutica, que pretendia substituir os jatos T-33A e buscava opções de aeronaves para treinamento que pudessem ser montadas no Brasil para posterior nacionalização. Depois da avaliação de várias alternativas, a escolha recaiu sobre o jato Aermacchi MB-326G, produzido pela empresa italiana Aeronáutica Macchi. A aeronave havia sido projetada na década de 1950, e estava em operação desde 1962. O contrato de licença para fabricação pela Embraer foi efetivado em 1970 e a aeronave recebeu o nome de EMB 326GB Xavante. O nome brasileiro foi dado em homenagem às tribos indígenas guerreiras do Brasil pré-descobrimento. Seria o terceiro modelo a entrar em produção na EMBRAER, e o primeiro jato a ser fabricado no Brasil. A EMBRAER produziu 182 unidades do EMB 326 Xavante, dos quais 166 para FAB, nove para o Paraguai e seis para o Togo. Em 2010, a aeronave deixou a Aviação de Caça brasileira, depois de 39 anos de operação e de ter contribuído para a formação de mais de 800 pilotos militares. Atualmente, exemplares remanescentes do Xavante ainda voam no curso de Piloto de Provas do GEEV - Grupo Especial de Ensaios em Voo, em São José dos Campos, SP.
Textos: Flávio Nishimori e Alessandro Silva – tenentes-jornalistas da FAB
Fonte: Revista Aerovisão – edição especial – janeiro de 2011