Balões de ar quente continuam interferindo no tráfego aéreo
Os registros de balões nas proximidades de aeroportos brasileiros subiram 145% em junho de 2014, em comparação com o mesmo mês de 2013. A incidência desse tipo de prática criminosa costuma ser maior nessa época devido às Festas Juninas. Das 49 ocorrências no último mês, 67% aconteceram no Estado de São Paulo, 16% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná, segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
O tenente-coronel aviador Francisco José Azevedo de Morais, investigador do Cenipa, alerta que “a probabilidade de um acidente acontecer é real”. - Se atingir o motor, ele pode ter um funcionamento anormal ou parar. Se a parte mais sólida do balão, a cangalha, colidir com o avião, pode haver perfuração da fuselagem e danos estruturais. A aeronave tem sistemas que medem pressão e temperatura do ar, que são sensíveis, e a película que envolve o balão pode entupir os sensores e o avião perder suas informações de altitude, de razão de subida. Isso é um perigo e já aconteceu.
Uma das situações de risco aconteceu no Rio de Janeiro no dia 28 de junho de 2014. O piloto de um Embraer E-190 relatou ao Cenipa que chegou a confundir o balão com uma aeronave no tráfego para a base aérea de Campo dos Afonsos, na zona oeste da capital fluminense. “A tripulação teve que sair do tráfego normal, desobedecendo à VAC (Carta de Aproximação Visual), para conseguir desviar-se, pois encontrava-se em trajetória convergente com nossa aeronave”, argumentou o comandante.
Morais acrescenta que ocorrências em que o piloto tem que desviar são rotineiras e prejudicam a operação aeroportuária. - Na maioria dos casos, como o balão é muito grande, o piloto avista e desvia. Aí, ele já causou um problema de tráfego aéreo, porque tem slot (hora de chegada e partida), tem passageiros, outros aviões. Isso acontece toda hora.
No começo de junho, um Airbus A321 da TAM procedente de Fortaleza se aproximava para pousar no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando, por pouco, não atingiu um balão. O autor da notificação feita ao Cenipa disse que o objeto “foi avistado nos últimos segundos, em uma posição logo abaixo da aeronave, não deixando margem para manobra evasiva”. Ele ainda acrescenta que existe uma área próxima à pista onde já havia observado atividades baloeiras.
A legislação federal proíbe a fabricação, venda, transporte e soltura de balões. A pena para esse crime vai de um a três anos de prisão e multa. O investigador do Cenipa disse que o órgão já fez uma campanha de conscientização em escolas, com a distribuição de 1 milhão de exemplares de uma revista em quadrinhos explicando sobre o perigo dos balões e também de raio laser. - Nós temos uma questão com alto potencial de desastres, de perigo, e as autoridades atuando. Mas parece que não estamos conseguindo conscientizar ou inibir essa prática, tanto que ela está aumentando.
Fonte: http://noticias.r7.com