Representante da ONU visita organizações espaciais brasileiras
A Diretora do Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (no inglês, United Nations Office for Outer Space Affairs - UNOOSA), Simonetta Di Pippo, está no Brasil para cumprir uma agenda de visitas e eventos ligados à atividade espacial brasileira. Atendendo a um convite do Comandante da Força Aérea, a representante da ONU irá conhecer as estruturas críticas e os principais projetos de desenvolvimento espacial do país. O primeiro destino foi o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), na terça-feira, 31 de julho de 2018.
A representante da ONU explica que está no país para ver de perto as atividades brasileiras e identificar potenciais colaborações internacionais. “Quando falamos de espaço, as pessoas pensam em explorar outros planetas, mas a verdade é que a questão espacial é muito mais que isso. Trata-se de algo que impacta na vida de toda humanidade e nosso objetivo é exatamente trazer os benefícios do uso do espaço para todos”, disse.
Exploração espacial
O UNOOSA é responsável por operacionalizar atividades definidas pelo Comitê do Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS). Criado em Assembleia Geral da ONU em 1959, no contexto da Guerra Fria, o comitê visa a promover a exploração espacial de forma pacífica, de modo que os usos estejam ligados à paz, ao desenvolvimento e à segurança de toda a humanidade.
Segundo o Vice-Presidente da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), Brigadeiro do Ar José Vagner Vital, que acompanhou a visita, a ideia é apresentar à autoridade internacional as capacidades e as projeções brasileiras no que se refere ao uso pacífico do espaço. O objetivo é mostrar que o país está aberto a parcerias e cooperação internacional na área espacial e que a atuação brasileira está em consonância com os princípios das agências que trabalham de forma global para o desenvolvimento socialmente responsável desse setor.
Alcântara
“O UNOOSA é uma importante instituição para facilitar a cooperação internacional. Para fecharmos parcerias, que deixam nosso programa espacial mais forte, precisamos divulgar como podemos colaborar e quais são as nossas estruturas”, avaliou o oficial-general.
CLA, localizado no Maranhão, é um dos principais pontos de lançamento do mundo, devido à sua localização privilegiada, muito próxima à linha do Equador. Lá, Di Pippo visitou locais importantes, como a Torre Móvel de Integração (TMI). A estrutura vai servir para o lançamento do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM) - engenho espacial que está sendo desenvolvido na Força Aérea Brasileira (FAB) e terá seu primeiro lançamento-teste dos propulsores em 2019, com o veículo VS-50. Ela também conheceu o centro de controle, de onde são acompanhados os lançamentos, além de edificações construídas mais recentemente no reforço à segurança. “Até agora, tem sido um tour muito interessante. Eu acredito que isso é um bom exemplo daquilo que o Brasil pode fazer. Estou aqui para ver como podemos fomentar e reforçar a colaboração entre o Brasil e o UNOOSA. Pelo que tenho visto, posso dizer que são muitas as oportunidades”, disse Di Pippo.
A visita foi conduzida pelo Diretor do CLA, Coronel Luciano Rechiuti, que destacou a posição estratégica do centro de lançamento, localizado a apenas 2 graus e 18 minutos (aproximadamente 250 km) da linha do Equador, o que significa economia de combustível nos lançamentos. Ele também destacou a importância do outro centro de lançamento brasileiro, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), que fica em Parnamirim (RN), e realiza o rastreio do engenhos espaciais lançados de Alcântara, em um trabalho coordenado. “Hoje, lançamos em torno de quatro ou cinco foguetes por ano. A maioria deles, de treinamento, para manter nossas equipes atualizadas e verificar o funcionamento dos nossos sistemas, mas nosso objetivo é incrementar esse número com lançamentos comerciais”, afirmou.
Agenda
Nesta quarta-feira (01/08), Di Pippo agendou audiência com o Comandante da Força Aérea, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato; na sequência, uma palestra e visita às estruturas da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) - todas em Brasília (DF). Nesse último, está sediado o Centro de Operações Espaciais (COPE), que controla o primeiro satélite geoestacionário brasileiro, lançado em 2017 - o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).
Ainda na quarta, a representante da ONU agendou a assinatura da nova versão do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que será realizada pelo Ministro da Defesa. Também foi agraciada com a Medalha Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA), por suas contribuições no desenvolvimento espacial e no apoio ao uso pacífico do espaço.
Para encerrar, na quinta-feira (02/08), Di Pippo programou conhecer o polo aeroespacial de São José dos Campos (SP), onde está o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Fonte: FAB