Numa viagem ao tempo, revisitamos os elegantes Clippers.
Boa leitura.
Bom domingo!
Histórias dos Clippers
A ideia de adotar a denominação “clipper” para os hidroaviões da Pan Am veio do seu próprio presidente, Juan Trippe. Ele achava uma semelhança entre as qualidades dos rápidos navios do séc. XIX e os hidroaviões encomendados especialmente pela empresa.
Mesmo após o fim da era dos grandes hidroaviões, a denominação clipper permaneceu, atrelada aos grandes aviões usados pela empresa no pós-guerra, como o Boeing Stratocruiser e chegou até aos Boeing 747, os últimos clippers a voarem pela Pan Am original.
O Sikorsky S-40 foi o primeiro quadrimotor a entrar em serviço de transporte de passageiros.
(Foto: Florida State Archives)
O pioneiro Sikorsky S-40 foi construído sob encomenda pela Vought-Sikorsky, num projeto desenvolvido pelo projetista russo naturalizado americano Igor Sikorsky, diretor da fábrica.
O primeiro exemplar foi entregue à Pan Am em outubro de 1931. Logo após o recebimento, o avião voou até a base naval de Anacostia, em Washington D.C., onde foi batizado como American Clipper pela primeira dama dos EUA, esposa do presidente Herbert Hoover, que quebrou uma garrafa de água mineral no nariz da aeronave. Isto porque estava em vigor a lei seca, e bebidas alcoólicas como o champanhe eram proibidas nos EUA.
Apesar de todo o simbolismo, a aeronave que realmente deu início as rotas regulares foi o Sikorsky S-42.
Baseado na ideia do S-40, mas com desempenho bastante superior, o S-42 teve na sua concepção a participação de Charles Lindbergh, que era então consultor da Pan Am.
Ao entrar em operações, em março de 1934, era superior a qualquer aeronave em velocidade altitude, alcance e capacidade de carga.
Suas primeiras rotas foram para a América do Sul, incluindo Rio e Buenos Aires, com escalas através do Caribe. Depois, foram criadas rotas transoceânicas, através do Pacífico e do Atlântico.
Anúncio de 1934: a viagem Miami-Rio levava cinco dias, a bordo do S-42.
O primeiro avião da série de dez operados pela Pan Am recebeu o nome Brazilian Clipper, e foi batizado pela primeira-dama Darcy Vargas, esposa do presidente Getúlio Vargas, em cerimônia realizada no Rio em 18 de agosto de 1934 (mais tarde, este mesmo avião passou a se chamar Columbia Clipper, e o nome Brazilian Clipper passou para o sexto da série). Um dos aviões se perdeu em um acidente, em Trinidad, em dezembro de 1935, antes de receber um nome.
Sala de estar de passageiros, em um Clipper S-42
(Foto:Pan Am Clipper Flying Boats)
Os outros foram chamados: West Indies Clipper, Jamaica Clipper, Antilles Clipper, Dominican Clipper, Pan American Clipper II (renomeado depois como Samoan Clipper), Bermuda Clipper (rebatizado primeiro como Alaska Clipper e depois Hong Kong Clipper), e Pan American Clipper III (destruído por um incêndio em Manaus, em 27 de julho de 1943)
Em novembro de 1935, um novo avião da frota, o Martin M-130, o China Clipper, com Edwin C. Musick no comando, inaugurou a rota através do Pacífico, voando até Manilha, nas Filipinas, com escalas em Honolulu (Havaí), Midway, Wake e Guam. Mas os voos regulares com passageiros pelas rotas do Pacífico só começaram realmente em outubro de 1936, se estendendo até Hong-Kong.
Os Martin M-130 foram três, batizados China Clipper, Philippine Clipper e Hawaii Clipper. Mas, para o público em geral, China Clipper virou um nome genérico para qualquer um dos três.
Sala de jantar em um Clipper Boeing B-314
(Foto:Pan Am Clipper Flying Boats)
Mas, o mais notável dos clippers daquela época foi o gigantesco Boeing B-314.
A Pan Am encomendou doze desses aviões, que foram recebidos a partir de 1936. Três foram repassados para a B.O.A.C. da Inglaterra. Dos nove recebidos, os últimos seis eram do modelo B-314A, com maior autonomia.
Capazes de levar até 74 passageiros, geralmente decolavam com menos.
A distribuição dos compartimentos em um Boeing B-314
Pesando mais de 40 toneladas, o B-314 só foi superado em tamanho pelo Boeing 747 Jumbo. O Pacific Clipper fez um voo ao redor do mundo, percorrendo 31.500 milhas (50.694 km, com escalas).
Passagens de serviço através das asas permitiam inspecionar os componentes dos motores e cabos de comando nos Boeing B-314 (Foto:Pan Am Clipper Flying Boats)
O Yankee Clipper inaugurou a era dos voos transatlânticos, em junho de 1939. A rota era New York - Shediac - Botwood - Foynes - Southampton. Com o início da II Guerra Mundial, os voos passaram a ter como destino Lisboa.
Dois comissários preparam o buffet a bordo de um clipper Boeing B-314
(Foto:Pan Am Clipper Flying Boats)
Os clippers mais antigos foram repassados para a marinha dos EUA e utilizados como aeronaves de transporte militar.
Foi criada nova rota para o Irã, via oriente médio e África Central.
No início de 1942, a Pan Am foi a primeira empresa aérea a ter uma rota dando a volta ao mundo.
O Boeing 377 Stratocruiser, com sua cabine pressurizada de dois andares, decretou o fim da era dos grandes hidroaviões.(Figura: wwrgallery.co.uk)
No pós-guerra, os românticos hidroaviões foram substituídos por novas aeronaves com base em terra, dotadas de cabines pressurizadas, como os Douglas DC-7, os Lockheed 1049 Constellation e os Boeing 377 Stratocruisier.
Este último, um enorme avião de dois andares, ainda podia ostentar um pouco do luxo da era dourada dos clippers, como salões e cabines exclusivas. Podia levar até 100 passageiros em assentos, ou 28 em cabines-dormitórios.
Fonte: O Asteroide