Hoje, selecionamos um texto da coletânea "Histórias e Causos da Aviação" elaborada por Zairo P. Junior.
Um pequeno registro dos primeiros tempos da Esquadrilha da Fumaça, pelo saudoso Cel. Braga.
Boa leitura.
Bom domingo!
ESTE É O NOSSO CORONEL BRAGA
"Início da década de 50. Campo dos Afonsos...
Os cadetes, naquela ensolarada manhã, faziam educação física, no campo de futebol, defronte ao Corpo de Cadetes. Súbito, fazendo um enorme ruído, surgem no céu, em formação, quatro aviões. Evoluem, num verdadeiro balé aéreo, fazendo diversas manobras acrobáticas, deixando-nos extasiados, cheios de vibração.
Eu era um dos cadetes que ficou seduzido pelo magnífico espetáculo.
Os T-6, em ousadas acrobacias, faziam meu sangue correr rápido nas veias, acelerado pelo forte pulsar do coração. Foi um dia marcante. Imaginei, desde então, como seria bom estar lá, entre aqueles aviadores...
Veio o Aspirantado. Fui para NATAL voar o B-25 e retornei ao legendário Campo dos Afonsos, desta vez como Instrutor de Voo. Gostei muito da instrução aérea. Foi quando senti que me aperfeiçoava nessa tarefa de sempre corrigir o erro em cada interferência nos comandos pelo aluno.
Após três anos, aceitei o convite do então Capitão Alaor para fazer parte da Esquadrilha da Fumaça. Foi outro importante momento de minha vida profissional. Naquela ocasião, continuei como instrutor, voando de vez em quando na Esquadrilha, porque oficialmente a nossa equipe acrobática não existia(apesar das demonstrações ocorrerem desde 14/05/1952) tendo sido criada somente por uma Portaria expedida em 1963. Talvez a situação no ano anterior tenha facilitado essa decisão, pois no ano de 1962, a Esquadrilha realizou somente oito demonstrações. Os voos eram permitidos somente através de ordem de ministros e outras altas autoridades.
A mudança foi total. Começou uma fase áurea, com o constante e profícuo trabalho de Relações Públicas no contato permanente com colegiais, com a imprensa e com o público em geral. As viagens tornavam a já famosa Esquadrilha da Fumaça cada vez mais conhecida. Essa importante missão de Relações Públicas é o que torna gratificante o trabalho dos integrantes da Fumaça.
A transferência da sede para o então QG-3 (Aeroporto Santos-Dumont) facilitou muito os contatos com autoridades, colegiais, artistas e imprensa, fazendo com que se tornasse a Unidade mais conhecida da FAB.
Nesse período, foram atingidas marcas notáveis.
Em 1971, foi a vez da viagem mais longa de T-6. A Esquadrilha fez demonstrações na Guiana, Venezuela, Panamá e Guatemala.
Cumpri no Esquadrão mais de mil demonstrações em 17 anos consecutivos.
Foram incalculáveis as amizades e as vocações despertadas. Sinto-me plenamente realizado quando ouço inúmeros pilotos confessarem que ingressaram na carreira motivados pela nossa querida "Fumaça", que são Aviadores graças aos espetáculos aéreos que em todas as épocas sempre motivaram, motivam e mantêm acesa a chama da carreira da vitória.
Ademais, o círculo de amigos e conhecidos que continua a me estimular na magia do voo, num show aéreo, vale a infinita emoção que sinto nesses momentos. "
Cel. R1 Antônio Arthur Braga
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