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Voar é um desejo que começa em criança!

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ozires Silva

Nesta segunda-feira, mais um texto de Ozires Silva para nossa reflexão.
Boa semana!

EDUCAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO


Poucos, entre os brasileiros, podem ter na cabeça sobre o quanto a Educação é importante para o desenvolvimento econômico das suas cidades e do país. Mas sugiro que pensemos um pouco, pois quem desenvolve um país não é o governo, é o povo, dizem os exemplos de países de sucesso. Para tanto, temos de falar de povo educado e transformado pela Educação em cidadãos competentes e competitivos, que possam vencer no mundo.

Em 1876, Nikolas August Otto, alemão de nascimento, conseguiu fazer funcionar, pela primeira vez, o motor a combustão interna, partindo da ideia de usar ciclos sucessivos de pistões para a produção de energia. Estava inventando motor que revolucionou a propulsão mecânica, hoje instalado em praticamente todos os veículos. Ou seja, falamos sobre o motor do seu automóvel de hoje.

No final dos anos 90 do século XIX, Alberto Santos Dumont, nosso conterrâneo brasileiro, viu esse motor numa exposição em Paris e imaginou que aquela pequena máquina, relativamente leve, poderia ser instalada em balões. Imaginou que uma hélice colocada no eixo poderia propelir no ar uma máquina aérea. Em 19 de outubro de 1901, pela primeira vez no mundo conseguiu ganhar o Prêmio Deutsch, decolando com seu Dirigível 6, de Saint Cloud, circulando a Torre Eiffel e retornando ao ponto de partida num tempo inferior a 30 minutos. Estava inventada a dirigibilidade aérea.

Hoje, graças à Guerra Fria, Estados Unidos e Rússia, com a criação dos satélites geoestacionários temos as telecomunicações internacionais e instantâneas, que revolucionaram o mundo moderno, em todas as atividades que conhecemos.

Em meados dos anos 60, um pequeno grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), de São José dos Campos, imaginou que aviões menores e mais robustos poderiam ocupar o espaço deixado para trás pelas novas aeronaves a jato, cada vez maiores. Criaram um avião, o Bandeirante, que se tornou prova do conceito que seria solução viável na Aviação Regional, então inexistente. Hoje, a indústria aeronáutica brasileira, com base em concepções e tecnologias locais, exporta aviões comerciais para todo o mundo, tornando o Brasil um dos importantes países no setor. 

No começo dos anos 90, Joaquim Coutinho Neto e Fátima Mrue buscavam selecionar um tipo de matéria-prima para fazer próteses artificiais que pudessem substituir esôfagos humanos naturais, funcionando como alternativa para doenças do aparelho digestivo. Tentaram o látex, seiva das seringueiras, descobrindo proteína que torna possível intensificar vascularização sanguínea nas áreas aonde o produto é aplicado, abrindo espaço para a regeneração celular ou tecidual. Hoje, há produtos que são importantes para cura de feridas de difícil cicatrização e mesmo de pés diabéticos, evitando amputações generalizadas.

O que move estes homens e mulheres que, estimulados pela busca do desconhecido, tornem-se capazes de criar, produzir novos conhecimentos e chegar a descobertas que mudam nossas vidas? 

Novidades e inovações aparecem a todo momento. São criadas por pessoas educadas e inquietas, capazes e observadoras, gerando resultados imensos e capazes de influenciar toda uma região, país ou mesmo o mundo. O importante é que precisam existir e ter sucesso. Pelo menos dois requisitos são necessários: sólida e competente base educacional, além de ambientes econômicos favoráveis, constituídos de centros de pesquisas e de conhecimento, desenvolvidos e equipados, criando possibilidades para que produtos de laboratório possam chegar à produção.

Na atualidade, o denominador é sempre o mesmo. Sociedades abertas educadas, livres para pensar e construir, apoiadas por mecanismos que possam gerar recursos financeiros e capitais de risco, buscando perscrutar o futuro, inovam para o futuro.

E, com base em conhecimentos crescentes, abrir perspectivas para melhoria da vida de imensos contingentes humanos que vivem abaixo da linha de pobreza. Para isso, precisamos investir, e muito, em Educação.

E não é somente uma obrigação do governo, mas também dos pais e dos cidadãos.

Uma tarefa que compete a todos!

Texto: Ozires Silva - engenheiro aeronáutico e fundador da Embraer.

Fonte: O Vale