A missão dos pilotos da FAB para salvar vidas
Há pouco mais de um ano, 422 quilômetros separavam Ana Júlia Aleixo, oito anos, e o coração que salvaria sua vida de uma miocardiopatia dilatada, doença que impede o bombeamento correto do sangue no corpo. O transporte do órgão, que estava em Uberlândia (MG), para Brasília, onde Ana estava internada, só foi possível pela agilidade do Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) da Força Aérea Brasileira (FAB). Em 19 de junho de 2016, a Central Nacional de Transplantes (CNT) acionou o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA), que destacou o 6º ETA, baseado em Brasília. Em duas horas, uma equipe deveria levantar voo com um Learjet, chegar à cidade mineira e depois voltar à capital federal. O destino final era o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, unidade hospitalar onde Ana Júlia estava internada. Três meses depois, Ana Júlia pôde conhecer as pessoas que fizeram o transporte do coração que agora bate em seu peito. E, pela primeira vez, entrar e viajar de avião. Durante a visita da menina e da sua família, o segundo tenente-aviador Vitor Kalki Silva pôde ver de perto o fruto do trabalho. "O transporte de órgãos é mais especial porque a gente consegue ver uma vida que está sendo salva", afirmou. Integrante do 6º ETA, Kalki tem consciência das exigências do trabalho. Os pilotos, muitas vezes, são acionados fora do expediente, em casa, na madrugada. Além dos horários às vezes não convencionais, há a necessidade de agilidade em todo o processo, entre chegar à base e decolar o avião. Mas o resultado compensa. “Só o fato de a gente saber que está salvando alguém é muito gratificante”, disse.
Desafios
A rotina dos pilotos mudou a partir do decreto presidencial assinado pelo presidente da República, Michel Temer, em junho do ano passado. A partir daquele momento, a Força Aérea Brasileira passava a deixar um avião destacado para o transporte de órgãos que seriam transplantados. Desde a assinatura, mais de 320 órgãos já foram transportados, de acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). "Tem muitos desafios na vida militar, temos que deixar alguma coisa de lado por conta de outra atividade, para sair correndo para a base para levar um órgão para alguém que está necessitando. Deixar um pouco a nossa família para ajudar o País”, acrescentou Kalki. A autorização para transporte do órgão não tem hora para acontecer. Por isso, há sempre uma equipe de tripulantes de plantão para levar as equipes médicas e os órgãos até o destino final. Isso porque cada órgão possui um tempo de isquemia, ou seja, um período máximo que pode ficar fora do corpo antes que perca suas propriedades e seja descartado. Por isso as equipes precisam estar prontas para voar em até duas horas. Com o avião específico para as missões, as rotas são definidas conforme as condições dos doadores e dos receptores dos órgãos, sem a necessidade de se adaptarem aos horários de voos comerciais.
Fonte: Portal Brasil