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Voar é um desejo que começa em criança!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Bicentenário da Independência

Há 100 anos, Santos Dumont recepcionava visitas ilustres vindas ao Brasil para comemorar o centenário da Pátria
Em 2022, ano do Bicentenário da Independência do Brasil, é oportuno relembrar fatos ocorridos há exatos 100 anos. Em 1922, dois anos depois do fim da pandemia da gripe espanhola que infectou um quarto da população mundial da época, o Brasil comemorava o seu primeiro centenário como Pátria. Os 100 anos da proclamação da independência ensejaram uma agenda de celebrações. Neste contexto, muitas atividades aéreas foram realizadas como atrações do programa festivo. Entre elas, o reide São Paulo – Rio de Janeiro feito, com uma aeronave Caudron G3, por Anésia Pinheiro Machado, estabelecendo, ao longo da rota, o que seriam os primeiros pousos de avião em certas cidades, como Taubaté (SP). Mais uma extensa navegação comemorativa foi a Primeira Travessia do Oceano Atlântico, Lisboa-Rio, pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Outra rota estabeleceria um recorde com a Travessia Santiago do Chile ao Rio de Janeiro, com uma aeronave De Haviland DH-9, chamada El Ferroviario, pilotada pelo capitão Diego Aguilar Aracena. Tal viagem, em especial, determinaria um fato histórico para Ubatuba (SP), quando, no dia 14 de setembro de 1922, Aracena e seu mecânico Arturo Seabrook protagonizariam o primeiro pouso de um avião na cidade. Dias depois, eles chegariam ao Rio, onde foram saudados pelo brasileiro Alberto Santos Dumont. Assim como estas personalidades, o inventor do avião receberia, no Rio de Janeiro, outros convidados para as celebrações do Centenário da Independência, como o capitão francês René Paul Fonck, piloto ás da Primeira Guerra Mundial.

Santos Dumont, René Fonck e Lineu Machado
Alberto Santos Dumont, em 1922, fez as honras da casa, recebendo o piloto francês René Fonck. O herói da França e Santos Dumont, herói do Brasil, juntamente com o empresário Lineu de Paula Machado posaram, no Rio de Janeiro, em frente a um avião de fabricação francesa, para uma fotografia em preto e branco, e cujo original pertence à coleção Sebastião Lacerda, do acervo Brasiliana Fotográfica, da Biblioteca Nacional. A composição da imagem ocorreu em frente a uma aeronave francesa do Groupe de Combat 12 (Grupo de Combate), chamado “Les Cigognes” (As cegonhas), pertencente à Esquadrilha SPA 167, conforme posição da ave como distintivo. Fonck era piloto da Esquadrilha SPA 103. A característica das insígnias dessas esquadrilhas era o desenho do pássaro em diferentes fases do voo. A figura da cegonha continua como herança visual da esquadrilha na força aérea francesa atual (l’Armée de l’Air), estampada no topo do emblema do esquadrão Escadrille de Chasse 1 / 2.


A imagem com essas três ilustres pessoas, todavia, na segunda quinzena de janeiro de 2022, circulou na rede mundial de computadores, a internet, com uma legenda equivocada, constando falsamente que seria uma foto de Santos Dumont, numa hipotética inauguração do então inexistente aeroporto de Ubatuba (SP). Ocorre que, em 1922 e na década seguinte, a cidade não possuía aeródromo. O que denota, portanto, ser uma informação fantasiosa. Mesmo o primeiro pouso na localidade, realizado em 14 de setembro de 1922, pelo capitão chileno Diego Aracena, foi realizado em condição aleatória, na orla da praia, em faixa com vegetação rasteira, definida como local alternativo de aterrissagem, em virtude de condições meteorológicas adversas na rota.

Alberto Santos Dumont
Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. O inventor brasileiro também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião, o 14-bis, impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906 voou cerca de sessenta metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie (francês para "ave de rapina"), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de seis metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar e a primeira demonstração pública de um veículo levantando voo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.

O capitão francês René Fonck
O Capitão René Paul Fonck foi um ás da aviação francesa durante a 1ª Guerra Mundial. Fonck, que chegou à patente de coronel, nasceu em 27 de março de 1894, em Saulcy-sur-Meurthe. No período da Primeira Guerra Mundial, participou do Exército francês e, no início de 1915, se transferiu para o Serviço Aéreo. Voou inicialmente em uma unidade de reconhecimento da Frente Ocidental, até abril de 1917, quando se tornou um exímio piloto de caça. Por pilotar com muita habilidade um avião Spad S.VII, Fonck rapidamente desenvolveu sua reputação como aviador. Ao fim da Grande Guerra, em novembro de 1918, René Fonck contava 75 vitórias. Faleceu, com 59 anos, em 18 de junho de 1953, em Paris. Foi sepultado em sua terra natal.

O empresário Lineu
Lineu de Paula Machado nasceu em Rio Claro (SP), em 27 de outubro de 1880. Foi empresário e fundador dos Haras São José e Expedictus. Casou, em 1911, com Celina Guinle. Faleceu, em 28 de setembro de 1942, num desastre aéreo entre Rio e São Paulo.


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