Novo caça da FAB
A presidente Dilma Rousseff está disposta a anunciar a decisão do governo na escolha F-X2 - para o reequipamento da aviação de caça - até julho. O negócio envolve um lote de 36 aeronaves e é avaliado em US$ 6 bilhões.
O processo está sendo minuciosamente analisado no Palácio do Planalto. A presidente faz suas próprias anotações e levanta dúvidas. Dilma leu relatórios e ouviu especialistas. Ela sabe que o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing, é considerado a melhor máquina de guerra entre os oficiais da Aeronáutica. O preço final é intermediário, na faixa estimada de US$ 5,2 bilhões - acima dos US$ 4 bilhões da proposta da sueca Saab para seu Gripen NG e abaixo dos US$ 6,2 bilhões da oferta da francesa Dassault para o moderno Rafale.
Dilma tem discutido vários tópicos específicos. Quer saber se o pacote de transferência de tecnologia já garantido pela Boeing com o aval do governo dos Estados Unidos - em carta da secretária de Estado, Hillary Clinton, e em telefonema entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama - não é suficiente para atender a expectativa da indústria aeroespacial.
Dilma ficou interessada nos detalhes referentes ao sofisticado radar digital multimodo. A presidente surpreendeu os técnicos ao querer saber como um projeto original dos anos 70, caso do F/A-18 de primeira geração, pode incorporar recursos stealth, para tornar a aeronave furtiva ante a detecção por radares. De acordo com um assessor presente na reunião, os militares ficaram surpresos com o elevado grau de informação de Dilma.
Os americanos aumentaram o tom, assumindo o compromisso de pagar os custos de 100 mil homens/hora da Embraer para habilitar a empresa no programa de desenvolvimento do Super Hornet. Também renovaram o acordo formal para pagar uma espécie de multa de 5% sobre o contrato cada vez que a abertura de tecnologia não seja cumprida.
O F/A-18 é a versão mais avançada do primeiro modelo, lançado em 1978 e do qual foram fabricados perto de 1.500 unidades. O Super, em linha desde 1997, soma pouco mais de 500 caças. Voa a 1.900 km/hora e cobre 2.346 km com 578 projeteis para um canhão de 20 mm, mais dois mísseis do tipo ar-ar. Em condição plena de combate, a carga de ataque é de 8,05 toneladas.
Mais música. A revisão do parecer técnico e financeiro da F-X2 aumentou o volume do que é música para os ouvidos da ala tecnológica da Força. A Saab quer fabricar no Brasil, em parceria ampla com a indústria, o Gripen NG. O caça está em desenvolvimento.
O País teria, assim, a oportunidade de criar um avião de combate com a característica BR. Com ciclo de maturação calculado em 30 anos, o empreendimento permitiria à Defesa, no futuro, passar a encomendar essa classe de supersônicos apenas ao complexo aeroespacial nacional, como explicou ao Estado um oficial engenheiro do setor.
Discreta, a francesa Dassault gastou o dia, ontem, em ação objetiva: reuniu 140 empresários de São José dos Campos para detalhar o seu método de transferência de tecnologia - até agora, único mecanismo qualificado claramente como irrestrito e a critério da FAB.
Os Concorrentes:
F-18 Super Hornet
Modelo é fabricado pela norte-americana Boeing. Tem alcance de 2,3 mil km. Preço básico é de US$ 55,2 milhões
Rafale
Modelo francês é fabricado pela Dassault Aviation. Tem alcance de 1,8 mil km. Preço básico é de 56 milhões
Gripen
Modelo oferecido pela empresa suéca Saab. Tem alcance de 4 mil km (vazio). Preço básico é de US$ 50 milhões
Texto/Fonte: Roberto Godoy/Estadão