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Voar é um desejo que começa em criança!

domingo, 25 de dezembro de 2022

Especial de Domingo

Neste Domingo de Natal, novamente, reproduzimos um texto do blog Velha Águia que traduz bem o espírito deste dia e, como veremos, pode ser reproduzido sempre, bastando nunca descuidar de estar atento ao próximo, exercendo boa vontade, solidariedade e generosidade.
Boa leitura.
Bom domingo!
Feliz Natal!


História de um soldadinho que queria ser aviador 

Quando eu era Tenente-Aviador, num daqueles dias frios na minha linda cidade das flores, tirando serviço de Oficial-de-Dia na Escola Preparatória de Cadetes do Ar, fui procurado por um “soldadinho”.

Um soldadinho desses “bem mineiros”, que ingenuamente veio-me perguntar quando começaria a voar, pois “ouvira dizer” que servindo na FAB como soldado, poderia se tornar um “grande aviador”, seu grande sonho na vida.

Sem acreditar muito no que me dizia; sem acreditar na sua santa inocência, disse-lhe que ele estava um pouco “enganado”, pois, para ser aviador como ele tanto desejava teria que, primeiro:
- ser aluno da Escola; depois Cadete-do-Ar na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos; depois Aspirante-Aviador em Natal; e só depois de muitos “depois” é que poderia chegar a ser o que queria - isto se não topasse pela frente com algum desses enormes CB’s, que costumam cortar a carreira da gente...

Mas notei que o soldadinho ficou triste, muito triste, com um olhar perdido no espaço frio, infinito e azul de Barbacena. E senti pena, muita pena do soldadinho, quase um soldadinho de chumbo...

Levei o caso ao comandante da Escola, um Brigadeiro com B maiúsculo, mais conhecido como Brigadeiro Camarão. Conversamos muito sobre o caso, como também rimos muito...

Dias depois, conversando com o soldadinho, que era muito humilde, mas muito inteligente, disse-lhe que havia resolvido ajudá-lo a conseguir realizar o seu “sonho impossível”...

Arranjei um jeito de colocá-lo na Seção de Aviões da Escola. E lá, nas minhas horas vagas, fui lhe ensinando os rudimentos da aviação. Rudimentos de regras de voo, regras de tráfego aéreo, navegação aérea, regras de voo por instrumentos, e muitas e muitas e muitas outras coisinhas de aviação.

E sempre que podia levava o soldadinho, como “Segundo piloto mecânico ajudante de reabastecimentos” nos voos de Regente, nos “meus” T-6, nos célebres “Beech-Mata-Sete” - e assim ele foi aprendendo os “mistérios” da aviação.

Arranjei-lhe um cursinho “Wallita” de piloto privado no aeroclube.

Assim ele foi indo, foi indo, foi indo, deu baixa da FAB e se tornou um grande comandante de aviação executiva.

Até hoje o ex-soldadinho nunca se esqueceu da “ajuda” que lhe demos. Eu, o Camarão, e a sua grande força de vontade. 

Texto: Coronel Maciel (Blog Velha Águia)

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