Ontem, 14 de setembro de 2024, brindamos ao 102º aniversário do primeiro pouso de uma aeronave em Ubatuba, bela cidade do litoral norte do Estado de São Paulo onde mantemos, no Colégio Dominique, a sede do Núcleo Infantojuvenil de Aviação - NINJA. Saiba mais sobre esta fascinante história.
Boa leitura.
Bom domingo!
14 de setembro de 1922
1º pouso de aeronave em Ubatuba (SP)
Em 1922, quando o Brasil celebrava o centenário de sua independência, um piloto chileno voou para celebrar a festa nacional. O capitão Diego Aracena Aguilar, fez o reide Santiago – Rio de Janeiro, escalando em cidades do Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. Naquela travessia protagonizou o que foi a primeira aterrissagem de uma aeronave na cidade de Ubatuba (SP), no dia 14 de setembro de 1922, usando, como pista de pouso, uma faixa de vegetação rasteira na orla da praia do Itaguá.
Ele pilotava o biplano DH-9 número 92, batizado de El Ferroviario, em referência à doação, pelos trabalhadores ferroviários, do aparelho para o Exército do Chile.
Após efetuado o toque no solo, quando estava prestes a parar, o sistema de pouso bateu em uma fenda no gramado, provocando avarias nas rodas e asas. Em consequência, sem condições de reparos em Ubatuba, por meio telegráfico o comandante comunicou o fato às autoridades e ao embaixador chileno e deixou a cidade com destino ao Rio de Janeiro, a bordo do navio contratorpedeiro “Amazonas” (CT-1) da Armada.
Finalização da travessia Chile-Brasil
No dia 25 de setembro de 1922 - após ter realizado o que foi, no dia 14, o primeiro pouso de uma aeronave em Ubatuba (SP) - o capitão chileno, Diego Aracena (12/11/1891 – 02/05/1972) foi conduzido até a vertical da cidade - onde seu avião De Havilland Airco DH-9 ficou indisponível, devido avarias sofridas na aterrissagem. Nesse ponto, assumiu o comando do hidroavião Curtiss HS2L número 11 da Aviação Naval do Brasil, para terminar o reide aéreo Santiago – Rio de Janeiro.
A operação foi uma gentileza da Marinha do Brasil para que o piloto chileno concluísse de avião o que foi a primeira travessia aérea desde a capital do seu país até a então capital do Brasil. Sua missão era trazer uma carta do presidente Arturo Alessandri ao presidente brasileiro, Epitácio Pessoa, saudando a Nação, em comemoração ao centenário da independência.
Livro conta a pioneira viagem aérea do Chile ao Brasil e o primeiro pouso em Ubatuba
Os fatos ligados ao pioneiro reide aéreo ligando Santiago do Chile ao Rio de Janeiro, em 1922, são abordados no livro “A Jornada Aérea: dos Andes ao Atlântico”. A motivação da compilação foi, além de descrever a jornada, efetuar o registro referente ao primeiro pouso de um avião em Ubatuba (SP), evento derivado da aventura e da rota traçada pelo piloto de um biplano DH-9 Airco, o capitão do Exército chileno Diego Aracena Aguilar. Naqueles dias, o Brasil comemorava o centenário de sua independência e várias atividades aéreas fizeram parte da agenda de celebração.
Carta diplomática
O governo do Chile, para homenagear os 100 anos do Brasil como Pátria, enviou dois aviões com a missão de entregar uma carta diplomática de felicitações ao presidente Epitácio Pessoa. No entanto, apenas um aparelho conseguiu terminar a travessia desde a cordilheira dos Andes até o Oceano Atlântico. A aeronave de Diego Aracena, após passar por localidades do Chile, Argentina e Uruguai, ingressou no Brasil e escalou em Pelotas, Porto Alegre, Torres, Florianópolis e Santos. Após sair desta última cidade para o destino final do reide, Rio de Janeiro, foi compelido, devido condições meteorológicas, a fazer um pouso alternativo em Ubatuba (SP). Era o dia 14 de setembro de 1922. Foi a primeira vez que um avião aterrissou na localidade. Todavia, danos causados na aeronave determinaram que o final do reide, na etapa Ubatuba – Rio de Janeiro, fosse cumprido com um hidroavião da Marinha do Brasil.
A jornada aérea
O livro foi produzido por voluntários no âmbito do Núcleo Infantojuvenil de Aviação (NINJA), em face de várias abordagens para registrar e celebrar o primeiro pouso de um avião na cidade. O compêndio com 70 páginas mostra o passo a passo da grande viagem aérea, um registro para as próximas gerações alcançarem o conhecimento histórico. O relato do episódio na história da aviação, basicamente, é reconstituído com pesquisa bibliográfica, leitura de jornais da época, coleta de imagens relacionadas e consulta em escritos postados em mídia eletrônica.
Havia 11 dias desde que Diego Aracena e seu mecânico Arturo Seabrook protagonizaram o que foi o primeiro pouso de uma aeronave em Ubatuba (SP). No dia 14 de setembro de 1922 eles, que estavam desde 29 de agosto em rota, passando por localidades do Chile, Argentina, Uruguai e Brasil, faziam a última etapa do reide, de Santos para o Rio de Janeiro. Todavia as más condições meteorológicas reinantes no litoral fizeram com que Aracena procurasse uma alternativa, optando por aterrissar na orla da baía de Ubatuba. Ele pilotava o biplano DH-9 número 92, batizado de El Ferroviario, em referência à doação, pelos trabalhadores ferroviários, do aparelho para o Exército do Chile. Após efetuado o toque no solo, quando estava prestes a parar, o trem de pouso bateu em uma fenda no gramado, provocando avarias nas rodas e asas. Em consequência, sem condições de reparos em Ubatuba, por meio telegráfico o comandante comunicou o fato às autoridades e ao embaixador chileno e deixou a cidade com destino ao Rio de Janeiro, a bordo do navio contratorpedeiro “Amazonas” (CT-1) da Armada.
No entanto, os militares brasileiros insistiram para que Diego Aracena concluísse a inédita travessia voando, conforme o planejado.
Assim, recebeu instruções de pilotagem do hidroavião Curtiss número 11 da Aviação Naval e, no dia 25 de setembro de 1922, a aeronave conduzida pelo primeiro tenente aviador naval Victor de Carvalho e Silva e tendo como mecânico Laudelino Pedro Barbosa o trouxe até Ubatuba. Depois de ter lançado, às 12 horas, uma mensagem para as autoridades e o povo ubatubense, Aracena assumiu o comando do Curtiss e voou até o Rio, após uma escala de abastecimento na Ilha Grande, terminando a longa travessia, a fim de comemorar com os brasileiros o centenário da independência.
O DH-9 El Ferroviario ainda permaneceria em Ubatuba até o dia 6 de outubro de 1922, quando foi embarcado no contratoperdeiro “Alagoas” (CT-6) da Marinha do Brasil e levado ao Rio de Janeiro, para reparos e retorno ao Chile.
Comemoração do Centenário
A comemoração do Centenário do Primeiro Pouso de Avião em Ubatuba, em 14 de setembro de 2022, foi uma ideia nascida entre entusiastas de aviação reunidos pelo Núcleo Infantojuvenil de Aviação – NINJA, no Espaço Cultural Aeronáutico de Ubatuba estabelecido no Colégio Dominique. Em 14 de setembro de 2021, os participantes de um evento chamado Café Voador dialogaram a respeito. Devido à envergadura da proposta, concluíram que a atividade de interesses cultural, turístico e histórico somente seria viabilizada com o engajamento da administração pública e de entidades privadas, notadamente dos setores cultural e turístico, haja vista demandas externas não comportadas pelas ações voluntárias dos colaboradores do NINJA.
Os registros acima, publicados em diversas ocasiões no blog do Núcleo Infantojuvenil de Aviação (NINJA), serviram como referência para sensibilizar a Câmara e a Prefeitura Municipal de Ubatuba para tornar real, de 8 a 14/9/2022, a 1ª Semana da Aviação em Ubatuba, comemorando o centenário do primeiro pouso de avião na cidade, ocorrido em 14 de setembro de 1922. Demonstração aérea, palestra e exposição itinerante do Museu Aeroespacial foram algumas das atrações realizadas no aeroporto Gastão Madeira. O evento também objetivou valorizar a história e as pesquisas aeronáuticas do ubatubense Gastão Madeira. As próximas edições da Semana da Aviação de Ubatuba poderão consolidar-se como atrativos para moradores e visitantes, constituindo-se em fato turístico, histórico e cultural.
Fotos: Adidancia Chile, Acervo do NINJA e da Marinha do Brasil
Fontes: FAB e NINJA
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